ALMADA»» Treinador Sérgio Macedo em entrevista

Técnico está a tirar o segundo nível de formação...

 

“EQUIPA ESTÁ NUMA POSIÇÃO TRANQUILA E DEVIDAMENTE PREPARADA PARA A RECTA FINAL”

 

O Almada vai estar envolvido em jogos que podem definir o campeão e a luta pela manutenção, espera dificuldades, mas recorda que é uma das duas únicas equipas que venceu o líder.

 

 

 

Sérgio Macedo, de 39 anos, que foi um dos bons jogadores do nosso futebol com passagens pelo Arrentela, Amora, Sesimbra, Eléctrico, Desportivo Fabril, Pinhalnovense e Almada, está a dar agora os primeiros passos como treinador e, depois de uma breve passagem pelos escalões de formação, de alguns clubes da nossa região, assumiu em Dezembro do ano passado o comando técnico da equipa principal do Almada Atlético Clube na 1.ª Divisão da AF Setúbal.  

 

Com o campeonato parado devido à quadra da Páscoa procurámos saber como está a decorrer esta sua primeira experiência como treinador de uma equipa sénior, como tem decorrido o trabalho e o que espera ainda fazer até ao final do campeonato.   

 

 

Depois de uma boa carreira como jogador, o Serginho assumiu as funções de treinador. Por onde passou antes de chegar ao Almada?

Verdade, muitas vezes não valorizamos o percurso, mas acabei por ter uma carreira amadora, bonita, com alguns momentos altos em clubes com muita história tanto no nosso distrito como a nível nacional. Como treinador iniciei em 2019, ainda sem o curso, curiosamente num clube que nunca representei como jogador, o Seixal Clube 1925. Tive essa oportunidade pela mão de um grande amigo e ex-colega em vários momentos da minha carreira, Tiago Correia, que na altura era coordenador no clube. Fiquei por lá dois anos e meio, seguindo-se depois o Arrentela, onde já estava habilitado para exercer a função. Estive no comando dos sub-15 transitando depois para o Amora sub-17 e em seguida para o Sesimbra sub-19 onde permaneci uma época e meia, até que surgiu o momento que sempre ambicionei, o futebol sénior, no Almada Atlético Clube. Um facto curioso é que depois do Seixal estive apenas em clubes que representei enquanto jogador.

 

Assumiu o comando técnico da equipa sénior do Almada praticamente no final da primeira volta. Qual a análise que faz ao trabalho desenvolvido?

Foi precisamente nesta altura da volta, num momento conturbado, em que houve uma grande debandada de atletas, havia também alguma incerteza na espinha dorsal da equipa que era formada por atletas com bastante qualidade para a realidade do clube, mas que se dissipou nos primeiros contactos que tive com a equipa, tanto no balneário como no campo, apesar de nunca ser fácil criar uma equipa 100% à tua imagem quando não és tu que a crias. Temos feito um trabalho bastante competente, não só pelo início árduo que tivemos, em que podíamos contar apenas com 13 atletas seniores disponíveis. Acabámos por conseguir formar um grupo sólido, harmonioso e competitivo que nos deu oportunidade de nos apresentarmos em todos os campos a disputar o jogo com adversários com outro tipo de argumentos e aspirações.

 

A equipa tem a manutenção praticamente garantida, foi o que lhe pediram quando foi convidado? 

Sempre foi esse o objetivo do clube depois de conseguir subir à 1ª divisão distrital, através do terceiro lugar na época transata. Eu e a minha equipa técnica, composta pelos misters Luís Carreira (Didó) e Ricardo Rolo, demos continuidade ao trabalho que tinha sido iniciado pelo antigo treinador. A realidade é que depois desse momento conturbado, seria fácil haver uma queda significativa na tabela, mas não aconteceu porque a equipa acreditou na nossa ideia. Tivemos de ajustar o plantel com jovens jogadores de qualidade mas que vinham de outras equipas, com escassa utilização. Conseguiu-se criar uma mescla de muita juventude e alguma experiência, que nos possibilitou alcançar resultados positivos, consolidando assim a nossa posição a meio da tabela que nos dá alguma tranquilidade para encarar a reta final do campeonato, apesar de nesta fase se concentrar a série de jogos mais difíceis para a nossa equipa.

 

Frente ao Olímpico do Montijo sofreu um golo no primeiro minuto, outro já na compensação e perdeu por 2-0. Há jogos em que as coisas não são fáceis de explicar, este foi um deles?

Precisamente. Tínhamos um plano bem delineado para este jogo, mas acabou por esbarrar um pouco nesse primeiro minuto. Deveríamos ter entrado mais vivos no jogo. Quando não se marca primeiro contra as melhores equipas acaba sempre por ser um jogo de nervos, principalmente para os jogadores menos experientes. O Montijo tem uma equipa bastante experiente e excelentes executantes, mas, mesmo assim, depois desse primeiro impacto, conseguimos reagir, sendo um jogo bastante disputado com oportunidades de parte a parte. O adversário foi mais feliz na fase de maior assédio da nossa equipa porque não fomos eficazes e acabou por matar o jogo já no tudo por tudo. Mas são estes jogos que trazem a experiência e o crescimento que falta à maior parte dos nossos atletas.

 

Estamos muito perto do final do campeonato e a equipa encontra-se em 11.º lugar. Que se pode esperar do Almada nos jogos que ainda faltam disputar?

Na reta final vamos estar envolvidos em jogos que podem definir o campeão distrital e a luta pela manutenção, com o Alcochetense e Botafogo. Juntamente com o Montijo fomos as duas únicas equipas a conseguir derrotar o líder e a melhor equipa do campeonato até a data. Portanto, em Alcochete vai ser um jogo dificílimo, assim como será também complicado já o próximo jogo em casa do Botafogo. Estamos focados em fazer sempre o melhor possível, cientes das dificuldades que cada jogo nos proporcionará, mas acreditamos no nosso processo e iremos competir com máximo das nossas capacidades, em cada um dos cinco jogos finais do campeonato.

 

Esta é a sua primeira época como treinador principal de uma equipa sénior. Quais as suas ambições como treinador?

Ainda nem posso considerar época, pois são apenas 5 meses, sem esquecer que no verão, estava a preparar a época dos juniores do Sesimbra, que por sinal estão a fazer um excelente campeonato. Como já referi anteriormente, ansiava por esta oportunidade, respeitando sempre o meu tempo, nunca fugindo do desafio seguinte, direi que me encontro completamente preparado para planear e iniciar a próxima época no futebol sénior. Quero continuar a crescer e a estabilizar-me enquanto treinador no nosso campeonato sabendo que é um mundo laborioso, mas se formos competentes teremos sempre as nossas oportunidades. Neste momento estou a tirar o segundo nível de treinador de forma a habilitar-me e preparar-me cada vez melhor para as dificuldades da profissão.

 

Há algo mais que queira salientar? 

Gostava de agradecer ao José Pina por continuar a dar luz e voz ao futebol distrital. Sou do tempo em que o José Pina e os seus colegas faziam cobertura dos jogos dos juniores, foi-se perdendo as rádios, mas através das redes sociais ainda nos consegue fazer chegar as notícias do futebol do nosso distrito, quero enaltecer a sua longevidade no nosso futebol. Muito obrigado e bem-haja.