RUI SÁ»» Deixa comando técnico do Amora “B” - JORNAL DE DESPORTO

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terça-feira, 18 de junho de 2024

RUI SÁ»» Deixa comando técnico do Amora “B”

Equipa ficou fragilizada no mercado de Janeiro ...

 

“SÓ NÃO SAÍ DURANTE A ÉPOCA POR RESPEITO AO PRESIDENTE DA SAD E AOS JOGADORES” 

 


Estava no clube há três anos e o trabalho realizado era bastante positivo mas a ligação entre as duas partes terminou devido a problemas de ordem interna




Foi campeão distrital da 2.ª Divisão e esta época terminou o principal campeonato do futebol setubalense em quinto lugar mas não continua no clube por se sentir prejudicado por decisões tomadas por quem faz a gestão do futebol.  


Na entrevista concedida ao nosso jornal, Rui Sá confessou ter ficado frustrado por não ter sido chamado para orientar a equipa principal na Liga 3 no período em que esteve sem treinador, funções exercidas pelo director desportivo. 


 

Ao fim de três anos de ligação saíste da equipa "B" do Amora, porque razão?

A decisão estava tomada já há algum tempo em consequência de muita coisa que foi acontecendo ao longo desta época, com as quais eu não me revia. Entendi que não fazia sentido dar continuidade a um projeto com o qual não me estava a identificar. Cheguei a equacionar a saída durante a época, coisa que só não aconteceu por respeito ao presidente da SAD, José Maria Galego, e aos jogadores que estavam comigo e que grande parte haviam sido recrutados por mim.



O que aconteceu para que essa hipótese chegasse a ser pensada?

A partir do momento em que são chamados jogadores da equipa "B" à equipa "A" e isso não passa pelo treinador, quando saem jogadores para outros clubes e nada é comunicado ao treinador e quando a meio da temporada são recrutados jogadores sem nada me dizerem, é sinal de que o meu raio de ação não era tido em conta


 


Tendo em conta essas ocorrências foi com alguma mágoa que deixaste o clube?


Não, fica o orgulho de ter treinado a equipa "B" do Amora. Já tinha passado pelo clube como jogador, assim como o meu irmão [Tó Sá], e a nossa relação é de muitos anos. Saio com tristeza porque dei sempre o meu melhor para alimentar o projeto que me foi apresentado. Na primeira época tive apenas um mês para preparar a equipa na 2.ª divisão distrital, subimos de divisão e fomos campeões. No segundo ano, sentimos muitas dificuldades devido às limitações e circunstâncias das equipas "B", nomeadamente no que diz respeito ao número de inscrições e idade dos atletas e tivemos um plantel com apenas 13 jogadores. Este ano esperávamos mais estabilidade mas acabaram por fragilizar a equipa no mercado de Janeiro.



Mas ainda assim a equipa ficou em quinto lugar ?

O nosso objetivo era muito claro, potenciar e fazer crescer jogadores. Acreditamos que para atingir níveis mais elevados tem que haver qualidade e foi isso que quisemos impor. Nestes três anos tivemos a capacidade de recrutar jovens de grande qualidade, alguns aproveitados [Zé Mário e Beni Souza] e outros que também poderiam ter sido. Desportivamente este ano acabou por ser bom porque tivemos mais jogadores que permitiram uma competitividade entre eles e isso fê-los crescer. Mas, poderíamos ter chegado muito mais longe se não tivessem sido tomadas medidas que me transcenderam e acabaram por baixar o nível da equipa.



A fase menos boa da equipa coincidiu com a implementação dessas medidas?

Sim, saíram 4 jogadores fundamentais para o Campeonato de Portugal e perdemos dois jogadores que começaram a integrar o trabalho da equipa "A" mas não voltaram à equipa "B", eram seis jogadores fundamentais todos eles de muita qualidade e fez-se notar nos resultados.  



Na globalidade, ao fim destes três anos sais com a noção do dever cumprido?

Claramente. Foram 3 anos de muito trabalho, de muita dedicação e sucesso na nossa função de treinadores da equipa "B" que era potenciar e fazer crescer jogadores jovens. O saldo é bastante positivo.



Ser treinador de uma equipa "B" parece não ser tarefa fácil ...

Na verdade é muito difícil ser treinador de uma equipa "B" porque se trata de uma equipa de suporte e alimentação para a equipa "A" e mais difícil se torna ainda quando - como aconteceu esta época, acabamos por ser um treinador em que não nos era pedida qualquer opinião e entrosamento com a equipa "A".




Considerando o bom trabalho que estava a ser feito na equipa "B" e os resultados menos positivos na equipa "A", nunca chegaste a pensar na possibilidade de poderes vir a ser chamado para orientar a equipa principal na Liga 3?

Muito honestamente, acho que seria um reconhecimento justo por tudo aquilo que vínhamos fazendo. No primeiro ano houve um excelente trabalho do Sandro que só não foi à fase de subida por  um ponto; no segundo ano houve também um fantástico trabalho do João Pereira e, essa possibilidade, nunca se colocou. Neste terceiro ano tendo em conta o bom desempenho da equipa "B" e a falta de capacidade da equipa "A" é natural que nos tivesse passado pela cabeça essa hipótese, mas não foi isso que decidiram. Após a saída do treinador quem assumiu foi o director desportivo e depois optaram por um treinador que estava numa competição do mesmo nível daquela em que nós estávamos, o Campeonato dos Açores. Fica alguma frustração.



E agora quais são as perspectivas para o futuro?

Não sei. Esta é uma situação nova na carreira de treinador porque temos tido sempre onde trabalhar, mas estou tranquilo. É um processo perfeitamente normal, vamos aguardar, a nossa paixão é o treino, somos naturalmente ambiciosos e queremos coisas onde haja exigência. Tem havido algumas abordagens e conversas informais mas não há nada de concreto.



Para finalizar, há algo mais que queiras acrescentar?

Apenas agradecer ao José Pina - que conheço desde o tempo em que jogava futebol nas camadas jovens, pela entrevista e por tudo o que tem feito pela divulgação do futebol, sempre com grande disponibilidade e sucesso. 

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