É mais um português a trabalhar no estrangeiro …
“AMO
O MEU PAÍS MAS É MUITO DIFÍCIL VIVER DO FUTEBOL EM PORTUGAL”
Natural da Moita, trabalhou na formação do SL Benfica, esteve ligado à Academia Sporting e foi treinador da equipa sénior do Moitense e U. Santiago
É
mais um treinador português a trabalhar no estrangeiro, onde vai tentando
implementar as suas ideias com o objectivo de proporcionar uma metodologia mais
europeia ao futebol nigeriano, que é rei e senhor naquele país.
O José Alexandre está
a treinar na Nigéria há ano e meio, que tipo de trabalho desenvolve e como está
a decorrer a experiência?
Somos
uma equipa que dá assessoria técnica ao governo estadual no norte da Nigéria. Treino
os sub-21 e depois acompanho o trabalho desenvolvido na formação. Desde os 6
aos 21 tentamos implementar uma metodologia mais europeia não esquecendo as
principais características do futebol nigeriano.
Segundo consta está
num país onde existem algumas lacunas a nível de infra-estruturas. Os jovens
ainda praticam por aí o chamado futebol de rua?
O futebol de rua aqui é rei e senhor. Quem me conhece sabe o quanto sempre "lutei" contra a formatação do futebol formação. Enquanto na Europa recriamos o futebol de rua, na Nigéria utilizamos esse futebol e talento para colocar um pouco de organização.
Da Nigéria têm saído bons jogadores para outros países, principalmente para Inglaterra e a nível de selecções é uma das mais cotadas de África. Isso quer dizer que há por aí muito potencial?
Já
tinha vivenciado África mas a Nigéria foi uma grande surpresa. País com muita
população e com uma paixão enorme pelo futebol. Aqui o futebol formação é quase
inexistente, se a Nigéria se organizar, será sem dúvida alguma um dos Países do
mundo com mais força no desporto rei.
Como é o seu
dia-a-dia?
Levanto-me
muito cedo para treinar. Depois durante o dia acompanho os treinos e trabalhos
da academia, tentando sempre melhorar as competências de todos. Fora do local
de trabalho não temos muitas opções e aposto na minha formação pessoal e
profissional (ler, formações...).Tenho a sorte de trabalhar com mais
portugueses muito competentes e diariamente a partilha faz parte
das nossas vidas.
Antes da Nigéria
passou também por outros países, sendo um deles a Ucrânia. Tem algum sentimento
especial por aquilo que por lá se está a passar?
A
Ucrânia faz parte da minha vida e foi um País que me marcou. Diariamente
acompanho e sempre com uma dor no coração.
Como treinador tem passado mais tempo no estrangeiro que em Portugal, há alguma razão para que isto tenha acontecido?
Eu
amo o meu Pais e estar longe da família é doloroso mas é muito difícil viver do
futebol em Portugal. Sou grato pelas experiências fora do meu País porque
cresci muito. Estar fora da zona de conforto e em Países
"complicados", os teus desafios são quase ao minuto e pessoalmente
foi determinante. Com todas estas experiências, e tempo para o meu crescimento,
preparei-me para ser melhor treinador e acima de tudo melhor Homem. Trabalhar
fora e muitas vezes sozinho, e com tempo para pensar/observar, percebemos muito
melhor o mundo à nossa volta. Nos tempos livres tenho
desenvolvido uma ideia muito minha de ver o treino e o jogo.
Para finalizar, há
algo mais que queira referir?
Estou
muito grato às pessoas que sempre acreditaram em mim e nos meus sonhos. Queria
deixar um beijo muito especial à minha mãe que é a minha maior fonte de
inspiração e a minha maior amiga.
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