Jogadores foram exemplares
pela dedicação ao clube …
“QUANDO
UM TREINADOR FAZ BOM TRABALHO E SAI CAUSA SEMPRE ALGUMA SURPRESA”
Foi uma opção minha porque era director desportivo e estou no clube para ajudar com a minha experiência”, esclarece Coentro Faria.
Depois de um longo período de ausência, em
grande parte devido a uma operação à cabeça do fémur e consequente recuperação,
voltou à actividade no decorrer desta época sendo chamado para substituir Jaime
Margarido no comando técnico do Pinhalnovense, na parte final da primeira fase
do Campeonato Distrital da 2.ª Divisão.
Na Taça Distrital o trabalho realizado foi de
tal ordem que a equipa de Pinhal Novo foi a vencedora da competição com cinco
pontos de vantagem sobre o Paio Pires que foi o segundo classificado e com um
registo notável; oito vitórias, um empate e uma derrota nos 10 jogos
efectuados, com 22 golos marcados e apenas três sofridos (melhor defesa). Por
isso, causou alguma estranheza o facto de ter anunciado a intenção de deixar o
cargo de treinador.
O Pinhalnovense
conquistou a Taça Distrital mas o Coentro Faria anunciou que iria deixar o
cargo de treinador. Porquê?
Quando
um treinador faz um bom trabalho e sai causa sempre alguma surpresa aos adeptos
e simpatizantes do respectivo clube. Mas, neste caso não existe qualquer constrangimento
no processo, foi uma opção minha, porque era director desportivo e estou no
clube para ajudar com a minha experiência. Por isso, vou continuar como
director desportivo.
Que análise faz a
esta passagem pelo Pinhalnovense?
A
passagem pelo Pinhalnovense foi positiva, porque fiquei a conhecer as
dificuldades de treinar no distrital. Sempre treinei nos campeonatos nacionais
e foram 16 equipas, desde o Norte ao Sul e Ilhas (Açores e Madeira). Consegui
subidas em todas as regiões por onde passei e as diferenças são enormes:
começando nos horários de treino, pelo compromisso dos jogadores com os treinos
e jogos, embora o Pinhalnovense ofereça boas condições de trabalho. Quero
enaltecer todos os jogadores pela entrega e resiliência, sem usufruírem
qualquer verba foram exemplares pela dedicação ao clube.
Eu
sou um treinador que procura estar sempre actualizado, até porque faço parte do
Núcleo de Setúbal (ANTF) e estou atento à nova geração de treinadores. O
treinador de hoje é mais um objecto de interesse no espectro do futebol
mundial. O treinador de hoje tem de estar preparado, não só no futebol, mas, ter
outros conhecimentos que possam abranger o comportamento dos jogadores a vários
níveis. O crescente mediatismo concedido ao treinador principal, a forma como
centra atenções, antes, durante e após os jogos. Não tenho dúvidas que a nova
geração de treinadores vai dar continuidade ao bom desempenho dos treinadores
mais experientes. No entanto, não há treinadores experientes e treinadores novos,
mas sim: competência.
Que opinião tem sobre
os clubes da nossa região no que respeita à competição e aos campeonatos em que
participam?
Os
clubes da nossa região, são iguais aos das outras regiões, a diferença é a
falta de dinheiro, a paixão em defesa dos clubes e não o aproveitamento de
protagonismo. O distrito de Setúbal continua a ser um viveiro de jogadores que
chegam no máximo a um Campeonato de Portugal. Alguns anos atrás tínhamos o V. Setúbal,
Barreirense, Montijo, Amora e CUF onde a maioria dos planteis eram formados por
jogadores da região. Quando joguei no V. Setúbal, o plantel tinha 14 ou 15
jogadores do distrito de Setúbal. Penso que quem dirige as instituições deve reflectir
e não assobiar para o lado. O distrito precisa de uma ou duas equipas na 1.ª Liga.
Caso curioso: a população na margem sul aumentou significativamente e os
adeptos nos estádios baixou.
Na próxima temporada
vai continuar no activo?
Vou
continuar como director desportivo no Pinhalnovense, mas se surgir o convite de
algum clube com um projecto credível poderei aceitar.
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