O quarto lugar foi fantástico…
“ESTA FOI A MELHOR CLASSIFICAÇÃO DOS
PESCADORES NA ÚLTIMA DÉCADA”
Para encontrar uma classificação melhor é preciso recuar até à época de 2007/08 quando foi campeão distrital da 1.ª Divisão da AF Setúbal
Nuno Ferreira, treinador do clube há
cinco épocas, considera que foi uma classificação fantástica para a qual muito
contribuíram os jogadores e a união de grupo, como ficou demonstrado na
deslocação a Santiago do Cacém, a meio da semana, à noite, quando o autocarro
se avariou.
Na análise que faz ao campeonato, Nuno
Ferreira salienta o facto de a sua equipa ter sido a única a vencer o campeão mas
destaca também outras vitórias que considera importantes.
Sobre a nova época o treinador diz que por respeito ao clube e à direcção
não lhe cabe a si numa entrevista anunciar a sua saída ou continuidade.
Considera positiva a classificação
obtida?
O quarto lugar foi uma classificação fantástica. Num campeonato disputado a
37 jornadas, com jogos a meio da semana, com um empenho enorme da parte de
todos os envolvidos no nosso clube conseguimos! Havíamos feito uma excelente
época em 20/21, perante todas as adversidades vividas nesse ano e isso já tinha
sido muito prestigiante. Esta época, com a maratona que foi o campeonato,
saímos ainda mais valorizados pelo trabalho feito. Depois dos três primeiros,
com argumentos bastante diferentes das demais equipas, acabámos por fazer um
belíssimo campeonato juntamente com o Moitense, Águas de Moura e Vitória FC. Garantidamente
os jogadores, equipa técnica, e acima de tudo o clube, saíram valorizados.
Partimos de início com o objectivo de garantir a manutenção mas internamente
sabíamos que podíamos chegar mais longe. Honestamente, no início do ano se
alguém dissesse que os Pescadores terminariam em 4.º lugar, ninguém acreditaria.
Chegados ao fim, fomos enormes.
Não poderia estar mais satisfeito com os jogadores. Este tem sido um
processo longo de cinco épocas em que o crescimento de todos tem sido evidente.
Os Pescadores são um clube muito grande na dimensão distrital, mas a verdade é
que em anos anteriores a gestão não foi a melhor e o clube foi prejudicado. Ao
longo do ano debatemo-nos com alguns problemas que fomos superando
essencialmente pela união e força de um grupo fantástico que fez das fraquezas
as suas armas mais fortes. Mais do que a competência, do reconhecimento e do trabalho
diário, foi a coesão dos jogadores com o acompanhamento da equipa técnica e a
proximidade da direcção que levou (literalmente) o barco a bom porto.
E em relação à
maratona que foi este campeonato, que tem a dizer?
Foi o que foi, é o resumo que faço em relação à questão que me coloca.
Quando começou, todos sabíamos ao que íamos, todos sabíamos que poderia haver
jogos a meio da semana e que poderíamos estar parados em função do covid.
Sabíamos que seria uma maratona longa, mas desde cedo aprendi que é nos
momentos de maior aperto que os bons sobressaem sobre os menos bons e em
relação a isso, toda a estrutura foi gigante. Recordo com alegria (agora que
tudo correu bem) o jogo que disputámos em Santiago do Cacém, numa 4.ª feira à
noite, às 21 horas. Ao terminar o jogo tivemos conhecimento da avaria do nosso
autocarro. Com todo o processo de arranjarmos um autocarro que nos trouxesse
para casa, esperarmos que chegasse o reboque do seguro, chegámos à Costa de
Caparica às 4h30 da manhã e no dia seguinte havia quem entrasse no trabalho às
7 horas. Ao longo de todas estas horas não houve um elemento que reclamasse,
que protestasse ou que manifestasse desagrado! Nesse momento, tive a certeza
que no fim íamos ser felizes, porque um grupo como este não se encontra todos
os dias.
A expressão "prémio de consolação" nunca me agradou muito. As
vitórias devem ser valorizadas e festejadas como tal. A vitória no Fabril foi
um dos vários momentos de enorme grandeza que tivemos ao longo da época. Temos
que lhe dar o valor que merece e se é verdade que foram "apenas" três
pontos, não é menos verdade que tivemos a capacidade e a competência de sermos
os únicos a derrotar o justo campeão. Fomos felizes num jogo que a vitória nos
sorriu. O nosso adversário foi tão ou mais competente do que nós com o único
handicap de não ter tido a felicidade de finalizar uma das inúmeras
oportunidades de golo que teve, principalmente, nos instantes finais do jogo.
Houve vários jogos que nos marcaram, em todos naturalmente também, por termos
alcançado os três pontos, mas destaco a vitória na Charneca da Caparica (depois
do que se passou na Costa), a vitória em casa com o Vasco da Gama (por ter sido
no último minuto e por ter sido a equipa mais competente, a par do Fabril, que
apanhamos ao longo da época) e sem dúvida a vitória em Alcochete na penúltima
jornada (com dois jogadores a menos e a felicidade e mestria de um jogador com
idade júnior em conseguir fazer dois golos nos minutos finais que nos deram a
vitória).
Na próxima época vai
continuar na Costa de Caparica?
Por respeito ao clube e à direcção, penso que não me cabe a mim anunciar
numa entrevista a minha saída ou a minha continuidade. Aqueles que trabalham
próximo de nós sabem o que queremos e como queremos para o futuro, mas reforço,
o anúncio deverá partir do clube e não do treinador.
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