No ato eleitoral obteve 499 votos contra 551 da lista vencedora…
“SE FOR VONTADE DOS CLUBES PODERÁ SER
PONDERADA UMA PROVÁVEL RECANDIDATURA”
O ex-candidato a presidente diz que, com uma nova liderança e uma nova visão, é possível ter uma melhor Associação.
Na
entrevista, Nelson Melo considera o ato eleitoral realizado como o início da
mudança na AF Setúbal que, no seu entender, não pode ter como negócio principal
os cursos de treinadores, a organização de jogos e a nomeação de árbitros. Há
muito mais que pode e deve ser feito.
Já passou um ano sobre o ato eleitoral da
AF Setúbal que foi disputado de forma renhida pelas duas listas concorrentes.
Ficou desiludido por não ter sido eleito?
Sim,
naturalmente quem assistiu ao meu direto no facebook na noite das eleições,
percebeu isso. Acreditei que tendo um Projeto ”101 vontades, Um Projeto”, uma
equipa forte, uma comissão de apoio, uma visão de inovação e muitos telefonemas
e mensagens de apoio que a minha equipa iria vencer.
Por
outro lado na vida ou vencemos ou aprendemos, neste caso aprendi muito, conheci
pessoas, visitei instalações, comecei a desenhar aquilo que seria a carta
desportiva e as presidências abertas.
O
futuro será, certamente diferente e nós temos de estar orgulhosos pela votação
que obtivemos, apesar da desilusão inicial, o que resultou do último ato
eleitoral, e é já o sentimento de muitos, ter sido o início da mudança na AF Setúbal.
E a mudança estará próxima.
Consta que há clubes arrependidos de não
terem votado na sua lista. Já foi contactado por algum, nesse sentido?
Num
processo eleitoral como o que enfrentamos na AFS, o trabalho inicial foi dar-me
a conhecer aos clubes, assim como à minha equipa, sustentando a minha candidatura
num projeto apresentado publicamente. Comparando a dinâmica que apresentámos,
com propostas sustentadas e o desempenho que se tem verificado dos atuais
Órgãos Sociais, é natural e real esse arrependimento de muitos
deles. Alguns não tinham a noção de que é possível fazer mais e melhor
numa associação de futebol. As conversas que os clubes, na pessoa dos seus
dirigentes, têm comigo são absolutamente privadas. Quanto aos descontentes, têm
sempre a hipótese de juntar 20 por cento dos votos e marcar uma assembleia
geral destitutória, são os clubes e os núcleos de árbitros que decidem o que
querem para a AF Setúbal, da minha parte respeito em absoluto o resultado
eleitoral, conforme as regras da democracia e de um estado de direito.
Quebrada uma longa tradição
Em
primeiro lugar é preciso lembrar que, uma longa tradição eleitoral de lista
única, foi terminada. O movimento associativo ficou a ganhar. Participaram
94% dos eleitores neste ato eleitoral, obtivemos mais de 46% da votação, tendo
como adversário o presidente em exercício, que venceu por menos de 5%, ficou
claro que muitos não estão contentes com o seu trabalho. Uma curta maioria, na
sua liberdade de expressão não quiseram, optaram por ficar na mesma, o que
respeitamos naturalmente.
No decorrer da campanha houve algumas
insinuações nas redes sociais de pessoas que apoiavam a sua lista, alegadamente
com perfis falsos, que atacaram fortemente elementos da outra lista. Isso foi
feito com o seu aval?
Sobre
essa questão, já em devido tempo e em sede própria disse o que tinha a dizer
sobre a mesma. Tudo o que eu e a minha candidatura transmitimos, foi dito na
nossa página oficial. De forma pública e frontal colocámos as nossas propostas sem
beliscar a honra de ninguém!
Os últimos tempos não têm sido fáceis de
gerir devido à pandemia. Se tivesse sido eleito teria feito algo diferente?
Não foi
a pandemia que alterou a fraca dinâmica de gestão dos anteriores ou
atuais Órgãos Sociais. O registo mantém-se e, na minha opinião, um registo de
serviços mínimos. Uma Associação não pode ter como “core business“ os Cursos de
Treinadores e sustentar a sua atuação a organizar jogos e nomear
árbitros. Numa Associação, um Conselho Técnico tem de ser um órgão ativo.
Aquele que foi o nosso candidato a presidente desse órgão é médico
especializado em saúde pública, teria sido uma mais-valia para todos.
Existe alguma estratégia para
enfrentar a pandemia ou sobre a orgânica das competições. O que podemos
esperar?
Naturalmente,
se tivéssemos vencido tudo teria sido diferente. Por exemplo, teria previsto no
regulamento de competições, tal como enviei por email para os clubes, uma
informação de como decidir no caso dos campeonatos não poderem ser concluídos,
e nunca iria propor um campeonato com 38 jornadas, mas os clubes aprovaram.
Veja-se
o exemplo da AF Porto, que já se encontra na fase de apurar o campeão.
Um dia a AF Setúbal vai mudar
Obtivemos
mais de 46% da votação, 499 votos contra 551 daquele que era na altura o presidente
em exercício e com o poder executivo de emitir e publicar comunicados na
véspera. O facto da lista que encabecei ter conseguido ir a votos, foi o início
dum processo de mudança que, muitos ou mesmo já a grande maioria consideram
certa. Essa será uma vontade dos sócios ordinários da AFS e, se no futuro for
vontade dos mesmos, essa possibilidade será ponderada.
Para finalizar, há algo mais que queira
acrescentar?
Sim,
gostaria de dizer a todos que é possível termos uma melhor AF Setúbal, com uma
nova visão e uma nova liderança, reorganizando os serviços e a organização de
competições, melhorar os serviços prestados na área da arbitragem, tornar as
seleções distritais competitivas, criar um regulamento eleitoral, atualizar os
estatutos, por exemplo os clubes que têm equipas de futebol 9, não tiveram
direito a esse voto, porque tal não está previsto nos estatutos.
Por outro lado, os clubes com equipas do género feminino tem direito a menos votos
que os masculinos, tal norma contraria o artigo 13 da Constituição da República
(Igualdade), numa Instituição de Utilidade Pública, na nossa opinião, esta não
é uma boa prática.
Uma AF
Setúbal, que apoie os clubes na certificação de competências, e que baixe os
preços das formações através de protocolo com as autarquias. Uma AF Setúbal,
que tendo em Sesimbra o único campo de Futebol de Praia, reconhecido pela FIFA,
e em Setúbal o selecionador Nacional, Campeão Europeu e Mundial, tenha a
dinâmica de organizar o Primeiro Curso de Treinadores de Futebol de Praia. Uma
AF Setúbal, que perceba o crescimento exponencial do número de praticantes na
região do Litoral Alentejano, criando medidas concretas de apoio, como por
exemplo, descentralizando alguns dos treinos das suas seleções distritais, para
essa região. Um dia a AF Setúbal vai mudar, é possível fazer mais e melhor.
Por fim, deixar o meu elogio
público, a todos os dirigentes dos clubes do Distrito, sem exceção! Pela sua
coragem e determinação, superando dificuldade sobre dificuldade, os
constrangimentos e provações que a pandemia vem impondo quase há dois anos. É
ao lado deles que sempre estivemos e contamos estar no futuro. Pelo
Futebol, pelo Futsal, pelo Futebol de Praia e Arbitragem do nosso
Distrito. Contem connosco!
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