Esteve nove meses sem receber um cêntimo…
“AS SAD’S PROVOCAM INÉRCIA NOS DIRIGENTES PORQUE O
DINHEIRO CHEGA DE FORMA FÁCIL”
O ex-treinador considera que a parte desportiva foi óptima mas a parte financeira foi horrível. E, destaca a atitude e o carácter dos jogadores que foram fantásticos.
O bom trabalho realizado não
passou despercebido ao Coruchense, também do Campeonato de Portugal, mas da
Série E, que o contratou de imediato.
Ricardo Estrelado confessou ao
nosso jornal que esta foi uma boa experiência em termos desportivos mas péssima
a nível financeiro, e sente-se triste por isso.
“Já muito se falou sobre o
assunto, as dificuldades financeiras foram muitas e aquilo que se conseguiu
arranjar nada teve a ver com o investidor que nos abandonou mas sim com ajudas
de todos nós e na parte final também do clube, nas deslocações e almoços.
Disseram para nos preocuparmos com o aspecto desportivo porque a questão
financeira estava bem encaminhada mas com a renúncia de uma proposta iraniana que
havia, ficámos perdidos”, começou por dizer, prosseguindo depois, “com um
orçamento baixo fizemos um esforço enorme para montar o plantel, conseguimos
formar uma equipa humilde e com ela obtivemos os resultados que são conhecidos.
Acabámos a primeira volta em segundo lugar só com uma derrota, e sem um cêntimo
no bolso”.
Cinco
meses de vencimentos em atraso
O treinador falou em cinco
meses de vencimentos em atraso mas em relação à equipa técnica a falta de
pagamento foi muito superior.
“No meu caso pessoal, da
época passada ficaram quatro meses por receber, se a eles juntarmos cinco deste
ano, perfaz nove meses e contando com as férias o tempo sobe praticamente para
um ano. Ou seja, estive praticamente um ano sem receber. No final da época
passada assinei um acordo para que me fosse pago o que deviam de forma faseada.
Fiz este acordo porque queria o bem do clube mas a verdade é que fiquei nove meses
sem receber, assim como os meus adjuntos”.
“Foi exactamente o que
aconteceu. Se não fossem os acordos que o investidor ainda fez connosco, a
equipa não poderia inscrita. Pelo que sei, com alguns jogadores ainda conseguiu
cumprir mas com outros não”.
Esta é uma situação muito
delicada que coloca em causa o bom nome do Pinhalnovense que participa há 23
anos consecutivos em competições de âmbito nacional.
“Custa-nos ver o clube
envolvido nesta situação mas há que colocar o dedo na ferida. Antigamente os
clubes faziam das tripas coração para arranjar os meios necessários para
sobreviver e, cada um na sua terra sentia verdadeiramente o clube e agora com
os investidores e com as SAD’s as coisas mudam de figura. No caso do
Pinhalnovense, com os chineses as coisas correram bem porque nunca falharam com
o dinheiro. Com isto, começa a haver alguma inércia por parte das pessoas que dirigem
o clube porque o dinheiro chega fácil e sempre do mesmo lado. Ou seja, aquela
ligação dos clubes com o mercado comercial, industrial e empresarial começa a
não haver grande interesse em pedir ajuda e procurar sinergias e depois
acontecem estes casos muito graves. Mesmo que o clube quisesse fazer um esforço
de recuperação era muito difícil porque nesta fase já ninguém acredita na sua
viabilidade por falta de ligação da terra ao clube e ficam à espera que apareça
outro Messias”.
Treinador no Coruchense
“Por incrível que pareça, no dia em que estava em contacto com o advogado
da Associação Nacional de Treinadores de Futebol recebo um convite, houve
conversações, chegámos a acordo e já começámos a trabalhar no Coruchense que
também disputa o Campeonato de Portugal, mas na Série E. Entrar no último terço
do campeonato com a equipa no sétimo lugar não é muito bom e milagres é coisa
que não consigo fazer do consigo fazer mas vamos dar o nosso melhor para
consolidar o clube no campeonato de Portugal, garantindo a manutenção”.
A finalizar a conversa que
tivemos, Ricardo Estrelado deixou uma palavra de apreço aos adeptos da equipa
de Pinhal Novo. “Agradeço à massa associativa pelo apoio que me deram no tempo
em que lá estive. A vida continua. Quem sabe se no futuro um dia nos poderemos
voltar a encontrar”.
Pedido
de insolvência da SAD
Face à crise instalada e à
desclassificação da equipa de futebol sénior do Campeonato de Portugal, está
marcada para o dia 11 de Fevereiro uma assembleia-geral do clube, detentor de
20 por cento do capital da SAD, na qual a direcção irá pedir aos sócios que a
mandatem para avançar com o pedido de insolvência da sociedade desportiva.
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