Treinava na II Liga a equipa B do tri-campeão da Lituânia...
“TENHO MAIS MERCADO NO ESTRANGEIRO DO QUE EM PORTUGAL”
“Seria hipocrisia dizer que não quero trabalhar em Portugal mas não pode ser a qualquer custo. Se não for num contexto que me motive prefiro esperar”, diz Pedro Paiva.
O trabalho realizado foi de
qualidade e havia interesse do clube (Suduva) na sua continuidade mas o jovem
técnico, que possui o curso de UEFA A, recusou o convite.
Neste seu regresso a
Portugal, Pedro Paiva falou ao Jornal de Desporto sobre a sua estadia na
Lituânia, a forma como decorreu o seu trabalho e do seu provável futuro que
neste momento é ainda uma incógnita.
Depois
de algum tempo na Lituânia, está de regresso a Portugal. Veio para ficar ou
está a pensar voltar ao estrangeiro?
É sempre difícil responder a essa questão porque na nossa
profissão temos sempre de ter as malas prontas. Não tenho neste momento nenhuma
ideia fixa, mas tenho mais mercado no estrangeiro do que em Portugal.
Foi uma experiência muito enriquecedora do ponto de vista
pessoal e profissional. Relativamente ao meu trabalho tive a oportunidade de
concluir o UEFA A e ter contacto com outras culturas e princípios
metodológicos. O trabalho desenvolvido é fácil de analisar. Subimos de divisão
no primeiro ano e mantivemos a equipa na 2.ª Liga no segundo ano. Isto com
cerca de 80% dos jogadores do plantel a serem sub17, algo único no país. Colocámos
jogadores na equipa A, nas selecções jovens e ainda consegui ter um jogador
transferido para a Alemanha. Objectivos cumpridos e superados!
Tanto
quanto sabemos havia interesse na sua continuidade mas resolveu sair. Porquê?
Sim, houve ao longo da época várias abordagens para
renovar contrato e fazer o UEFA Pro com vista a assumir a equipa A, a curto
prazo mas penso que esta é a altura certa para fechar este ciclo da equipa B.
De ambas as partes havia a percepção que tenho competência para estar a outro
nível mas temos visões diferentes relativamente à questão do curso. Temos um
óptimo exemplo em Portugal, do Ruben Amorim e também o tínhamos lá na Lituânia,
do João Martins. Sem curso mas com títulos.
Claro que está, seria hipocrisia dizer que não. Agora
treinar em Portugal não pode ser a qualquer custo. E não falo de salário. Falo
de projectos, condições e estruturas. Se não for num contexto que me motive eu
prefiro esperar. Há muitos clubes interessantes para mim, conheço muito bem o
Campeonato de Portugal e a Liga 3, porque via imensos jogos por semana no
Instat para avaliar jogadores para o Suduva. Mas muitos dos dirigentes destes
clubes não têm noção que hoje em dia é possível acompanhar sem estar
fisicamente, muitos nem sequer têm noção que eu trabalhava num clube que no
ranking UEFA só fica atrás de Porto, Benfica, Sporting e Braga. Que liderei
directamente em treino e jogo jogadores que jogaram na Champions, Liga Europa,
na La Liga, Ligue 1. Gostava de voltar a Portugal sim, mas desesperado para
voltar não. Tenho uma lista de clubes onde gostava de trabalhar e que acompanho
com maior regularidade, sempre que houver a saída de um colega o meu empresário
irá manifestar esse interesse e depois veremos.
Há
mais algum facto que queira referir?
Sim, anteriormente referi a plataforma Instat porque é a
que o Suduva tinha e tem. No entanto só é possível acompanhar o que se passa
nas competições nacionais, o que se vai passando no distrital é sempre através
do que o José Pina vai publicando e aqui fica o meu agradecimento pelo
excelente trabalho desenvolvido.
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