DESPORTIVO FABRIL»» David Barata e a época de 2020/2021 - JORNAL DE DESPORTO

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sábado, 21 de agosto de 2021

DESPORTIVO FABRIL»» David Barata e a época de 2020/2021

 


Ex director desportivo em entrevista…


 

“HOUVE MUITAS VITÓRIAS QUE SERVIRÃO PARA AJUDAR AO CRESCIMENTO DO CLUBE E DA PRÓPRIA ESTRUTURA”

 



“Já nos consideravam mortos e enterrados em Janeiro mas chegámos à última jornada praticamente a depender de nós. A dez minutos do fim a manutenção estava garantida só que depois aconteceu o pior”, recorda David Barata

 


 


A época 2020/2021 já terminou há algum tempo e a entrevista pode parecer fora do contexto mas como estava prometida não quisemos deixar de dar a palavra a David Barata que desempenhou as funções de director desportivo do Grupo Desportivo Fabril.


Reunidas as condições e após disponibilidade do entrevistado colocámos então algumas questões ao ex-director da equipa fabril que fez o balanço da temporada, analisou os factores que estiveram na origem da não concretização do objectivo, da mudança de treinador a meio da época, explicou por que razão não continuou a exercer funções no clube, apesar de ter sido convidado e adiantou que o seu futuro [que em breve será tornado público] passará claramente pela direcção desportiva ou scouting.


 

Qual o balanço que faz da sua passagem pelo Desportivo Fabril como director desportivo?

Em primeiro lugar, deixe-me agradecer e enaltecer o trabalho que tem feito no distrito, na promoção do desporto e dos seus intervenientes, em particular. O balanço é extremamente positivo e devemos olhar para a época 2020/21 de duas formas: pese embora o objectivo da manutenção não tenha sido conseguido, e há́ que assumir essa derrota, houve muitas vitórias que fomos alcançando ao longo da época e que servirão para ajudar ao crescimento do clube e da própria estrutura, no futuro. Hoje o Grupo Desportivo Fabril, em particular o seu departamento de futebol sénior, está muito mais capaz, mais organizado, mais competitivo, e muito graças ao trabalho que foi feito na última época. Não esquecendo a temporada imediatamente anterior (2019/20), e o meu antecessor André́ Dias, que iniciou esta pequena revolução e deu asas a uma mudança de mentalidades e exigências que não existiam até então. Acabámos por dar continuidade a esse trabalho organizativo, apetrechando a equipa sénior e todo o departamento de futebol das ferramentas necessárias para que o clube possa competir ao mais alto nível a breve trecho. E quando falo de vitórias ao longo da época, falo também da valorização de activos – todos os jogadores tiveram propostas para continuarem no Campeonato de Portugal, repito, TODOS (!!!), e três ou quatro estiveram às portas da Liga 3, algo que acredito que aconteça, de forma natural, até final da presente época. Ficou a faltar o departamento de Scouting e a criação do mesmo, objectivo que defini no início da época, mas que lamentavelmente, não conseguimos concretizar. Também o corpo técnico saiu valorizado, apesar de tudo, e sinal disso mesmo é a continuidade do Mister João Nuno e da sua equipa. O convite para a renovação é sinal de que as coisas foram e estavam a ser muito bem-feitas. Uma palavra de agradecimento a todos eles, em particular ao Mister Filipe Romão, coordenador da formação e adjunto da equipa principal, ele que é hoje o verdadeiro pilar de toda a estrutura do futebol do GD Fabril.

 


A Série mais forte de todas

 


O objectivo traçado no início da época não foi alcançado. O que falhou?

Tal como referi, há́ que assumir essa mesma derrota, apesar de tudo o que de bom foi feito. O que falhou? Falhámos golos quando não podíamos, falhámos na exigência e na concentração num ou outro momento, e no futebol moderno, erros assim pagam-se caros. Ainda assim, fomos para a última jornada com a possibilidade da manutenção intacta, e a dez minutos do final do jogo, estava garantida. Depois, aconteceu o pior. A série em que estávamos era, talvez, a mais forte de todas, o que também dificultou a nossa tarefa. Tínhamos o orçamento mais baixo de todo o Campeonato de Portugal – e digo-o até com orgulho pelo que conseguimos fazer. Estamos a falar de um plantel construído, maioritariamente, por jogadores oriundos de campeonatos distritais que, apesar de toda a qualidade, ainda não tinha a experiência que muitas vezes faz a diferença em pequenos pormenores. Ainda assim, já nos consideravam mortos e enterrados em Janeiro e repito, chegámos à última jornada praticamente a depender de nós.


Ao longo da época o Fabril teve 37 jogadores. Porquê tanta gente?

- Fruto também da inexperiência que falámos há́ pouco, alguns jogadores não estavam preparados para a exigência e qualidade que o GD Fabril queria e quis impor desde início. Inclusivé, atletas que até já tinham jogado Campeonato de Portugal, mas que claramente não estavam preparados para o compromisso que se exigia. Mas faz parte. De qualquer forma, houve clubes com mais atletas inscritos e onde não vi tanto alarido pelo sucedido.

 


A ‘chicotada psicológica’

 


Na Taça de Portugal o jogo com o FC Porto foi um dos momentos altos da equipa?

Sem dúvida. Um momento marcante para todos nós. Um dia mágico, com uma atmosfera a fazer lembrar as grandes tardes/noites da CUF, no Alfredo da Silva. Creio que deixámos uma imagem digna, de futebol positivo, onde o resultado acabou por ser o menos importante.


Com a mudança no comando técnico os resultados melhoraram e as vitórias começaram a aparecer. Isso quer dizer que os jogadores assimilaram bem os métodos do novo treinador?

As mudanças na liderança das equipas de futebol tendem a trazer algo novo. Uma lufada de ar fresco, que pode ou não resultar, não é por acaso que se referem a elas como ‘chicotadas psicológicas’. Foi uma mudança positiva, que claramente trouxe frutos, e que merecia ter sido concluída com chave de ouro. Nada contra a equipa técnica anterior, bem pelo contrário, porque acabaram por ter o papel mais duro de todos, sobretudo na fase inicial, que foi o de construir um grupo totalmente novo, num campeonato que se previa super exigente.

 

Continuo a ser sócio e pagar quotas

 


No final da época deixou de exercer funções no clube. Porquê?

Logo após o jogo em São Miguel, diante do Sporting Ideal, o Presidente Faustino Mestre, dirigiu-se a mim, convidando-me para permanecer na época seguinte, convite que recebi com extremo agrado, e ao qual pedi tempo para pensar. Apesar do ano muito produtivo, quer do ponto de vista desportivo, mas sobretudo do ponto de vista pessoal, entendi após muito reflectir, que não estavam reunidas as condições para a continuidade. Pelo menos, para uma continuidade que eu gostaria que fosse de grande estabilidade e de vitórias. E, essa, não senti que estivesse garantida, por um sem número de coisas que, para mim, fariam e farão sempre toda a diferença. Adoro o clube. A quem sou grato pela oportunidade, em particular ao Presidente Faustino que, com mais ou menos esforço, nunca deixou que nos faltasse nada e, apesar de ser esta já a minha terceira passagem por esta casa, sinto e senti que a minha ideia de projecto de futuro não estava alinhada com a do clube. Continuo e continuarei a ser sócio e a pagar as minhas quotas, mas infelizmente temos de seguir caminhos diferentes.

 


Que objectivo tem para o futuro?

Tal como os jogadores e equipa técnica, também os restantes elementos da estrutura saíram valorizados. Desde o corpo medico, à Direcção Desportiva, da qual fazia parte juntamente com o meu parceiro de guerra, o Fernando Vicente. Os convites e propostas acabaram por chegar também até nós, algo que muito me orgulha e satisfaz. O futuro passará claramente pela área da Direcção Desportiva e/ou Scouting, e em breve será́ tornado público. Em jeito de despedida, uma palavra para a família do Sr. Jorge Luís, antigo dirigente do Grupo Desportivo Fabril, que nos deixou há́ poucas semanas e a quem gostaria de prestar a minha homenagem pela forma como me recebeu, acolheu e sempre tratou. Um verdadeiro Dirigente. O verdadeiro esteio do clube até então, que partiu cedo demais, e que dias antes me havia ligado para saber da disponibilidade para irmos almoçar. Ficam as memórias.

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