Por Hugo Pascoal…
PORTUGAL LONGE DO SUCESSO FINAL
Portugal era um dos mais importantes candidatos a vencer o Campeonato da Europa de Futebol. Uma equipa nacional forte e aparentemente sólida em todos os sectores fazia sonhar que era possível ser novamente o “Rei da Europa”. O expoente máximo de alguns jogadores misturado com a juventude de jovens talentos, que despontaram recentemente, tornou Portugal numa potência capaz de lutar pela vitória final contra qualquer outra equipa nacional.
O lote de selecções impunha o chamado
grupo da morte, com França e Alemanha como favoritos a levantar a taça. Ao bom
primeiro jogo com a Hungria, seguiu-se uma derrota pesada com a Alemanha. O
empate final com a França garantiu a passagem aos oitavos de final. Cada jogo
teve uma história diferente. A expectativa, alguma ansiedade, no jogo de
estreia traduziu-se numa vitória bem perto do fim. Com a Alemanha
colectivamente a equipa não esteve bem, os sectores não estiveram compactos
existindo demasiadas falhas. No terceiro jogo, com a França, colectivamente a
equipa foi mais homogénea. Equilibrou o centro do terreno e tornou-se mais
perigosa no ataque.
Algumas opções não resultaram da melhor maneira. O seleccionador nacional foi tentando corrigir posicionamentos e dinâmicas individuais. O que não resultou do plano de jogo e do planeamento do onze inicial, não o foi por falta de qualidade mas, essencialmente, pelas características intrínsecas de alguns jogadores conjugadas com as dinâmicas individuais e colectivas dos adversários.
Por outro lado, a
equipa deu sempre a sensação de alguma fragilidade no processo defensivo,
alguns desequilíbrios momentâneos que afectaram o resultado final. Portugal
sofreu sete golos em quatro jogos e isso foi um factor prejudicial da
apresentação como candidato. Bastou analisar o número de golos sofridos pelos
candidatos, nesta fase regular, para se constatar que a solidez do bloco
defensivo é fundamental em provas de tão curta duração.
Cristiano Ronaldo foi a referência no
ataque. Na baliza, Rui Patrício deu segurança. Os dois centrais, Pepe e Rúben
Dias, foram sempre compactos. Renato Sanches e João Palhinha foram um bom
suporte para segurar o centro do terreno no meio campo. Rafa e André Silva
responderam bem sempre que foram chamados a jogo. O problema de Portugal esteve
na dinâmica em momentos diversificados dos quatro jogos e no menor rendimento
de alguns jogadores nucleares, essencialmente os que actuam na Premier League
que acusaram algum desgaste natural com mais de seis dezenas de jogos
disputados.
Perante a análise da tipologia dos
adversários foi notória a falta de intensidade conjugada com as características
individuais e colectivas das selecções a defrontar. O jogo mais conseguido, em
termos exibicionais, foi, curiosamente, diante da Bélgica, jogo que ditou a
eliminação prematura.
O futuro está, contudo, garantido. Apesar
do previsível fim de ciclo de alguns jogadores mais veteranos, há uma boa base
de talentos a emergir nos U-21 o que, com a qualidade existente, deixará
Portugal como umas das principais selecções para o Campeonato do Mundo a
realizar em 2022 no Catar. Novos desafios, novas exigências. O futuro é já ali.
*Football Scout / Coach UEFA B Licence
Sem comentários:
Enviar um comentário