ARTIGO DE OPINIÃO - JORNAL DE DESPORTO

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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

ARTIGO DE OPINIÃO

 


Por Hugo Pascoal…



PORTUGAL LONGE DO SUCESSO FINAL


 


Portugal era um dos mais importantes candidatos a vencer o Campeonato da Europa de Futebol. Uma equipa nacional forte e aparentemente sólida em todos os sectores fazia sonhar que era possível ser novamente o “Rei da Europa”. O expoente máximo de alguns jogadores misturado com a juventude de jovens talentos, que despontaram recentemente, tornou Portugal numa potência capaz de lutar pela vitória final contra qualquer outra equipa nacional.





O lote de selecções impunha o chamado grupo da morte, com França e Alemanha como favoritos a levantar a taça. Ao bom primeiro jogo com a Hungria, seguiu-se uma derrota pesada com a Alemanha. O empate final com a França garantiu a passagem aos oitavos de final. Cada jogo teve uma história diferente. A expectativa, alguma ansiedade, no jogo de estreia traduziu-se numa vitória bem perto do fim. Com a Alemanha colectivamente a equipa não esteve bem, os sectores não estiveram compactos existindo demasiadas falhas. No terceiro jogo, com a França, colectivamente a equipa foi mais homogénea. Equilibrou o centro do terreno e tornou-se mais perigosa no ataque.



Algumas opções não resultaram da melhor maneira. O seleccionador nacional foi tentando corrigir posicionamentos e dinâmicas individuais. O que não resultou do plano de jogo e do planeamento do onze inicial, não o foi por falta de qualidade mas, essencialmente, pelas características intrínsecas de alguns jogadores conjugadas com as dinâmicas individuais e colectivas dos adversários. 


Por outro lado, a equipa deu sempre a sensação de alguma fragilidade no processo defensivo, alguns desequilíbrios momentâneos que afectaram o resultado final. Portugal sofreu sete golos em quatro jogos e isso foi um factor prejudicial da apresentação como candidato. Bastou analisar o número de golos sofridos pelos candidatos, nesta fase regular, para se constatar que a solidez do bloco defensivo é fundamental em provas de tão curta duração.



Cristiano Ronaldo foi a referência no ataque. Na baliza, Rui Patrício deu segurança. Os dois centrais, Pepe e Rúben Dias, foram sempre compactos. Renato Sanches e João Palhinha foram um bom suporte para segurar o centro do terreno no meio campo. Rafa e André Silva responderam bem sempre que foram chamados a jogo. O problema de Portugal esteve na dinâmica em momentos diversificados dos quatro jogos e no menor rendimento de alguns jogadores nucleares, essencialmente os que actuam na Premier League que acusaram algum desgaste natural com mais de seis dezenas de jogos disputados.

 

Perante a análise da tipologia dos adversários foi notória a falta de intensidade conjugada com as características individuais e colectivas das selecções a defrontar. O jogo mais conseguido, em termos exibicionais, foi, curiosamente, diante da Bélgica, jogo que ditou a eliminação prematura. 


O futuro está, contudo, garantido. Apesar do previsível fim de ciclo de alguns jogadores mais veteranos, há uma boa base de talentos a emergir nos U-21 o que, com a qualidade existente, deixará Portugal como umas das principais selecções para o Campeonato do Mundo a realizar em 2022 no Catar. Novos desafios, novas exigências. O futuro é já ali.

 

*Football Scout / Coach UEFA B Licence

 

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