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sábado, 17 de julho de 2021

ARTIGO DE OPINIÃO»» Para reflectir e ponderar

 

 

Por Ricardo Clemente…


 

O FUTEBOL AO LONGO DOS ANOS E A IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NA FORMAÇÃO DOS JOGADORES





Ricardo Clemente
O futebol dispensa apresentações ou talvez ainda se tenha de apresentar a muitos que se consideram masters?



Quando falamos de futebol, o que nos vem à mente são os craques, os jogadores mais marcantes, sem dúvida.



Em toda a história do futebol, vemos jogadores de grande qualidade, de décadas totalmente diferentes, como ídolos, falamos por exemplo de Eusébio, Van Basten, Johan Cruyff, Maradona, Roberto Baggio, Ronaldinho Gaucho, Messi e Cristiano Ronaldo, entre outros...


O que os diferenciava era a sua criatividade e a forma como esta se misturava com a intensidade e velocidade.




Falando de Ronaldinho, o futebol espectáculo da década passada;  de Eusébio da Silva Ferreira, a velocidade e a forma como finalizava. Hoje temos os mágicos Cristiano Ronaldo e Leonel Messi, chamados jogadores de outro Mundo, devido à sua criatividade e à naturalidade como colocam os seus skills no jogo.



No futebol actual, há cerca de 5 anos para cá, que se vê é um futebol mais colectivo, eficaz e “seco”. 


Os clubes na sua maioria, na formação, pouco ou nada puxam pelas qualidades individuais dos seus jovens, alguns copiando metodologias como se não existissem mais formas.


Sendo a meu ver um futebol de “ MATRAQUILHOS HUMANOS”, não existe brilho, nem a intensidade que havia, será que voltamos a ver Cristianos Ronaldos portugueses? Talvez se as mentalidades dos chamados especialistas do futebol, evoluírem e tornarem o futebol um jogo livre e não um padrão supra financeiro.



Vocês perguntam o que quero dizer com padrão supra financeiro? Eu explico, é a formação de jogadores que se integram em qualquer estilo de jogo, em qualquer equipa, ou seja, formação de jogadores comuns para todos, o que simboliza um maior número de vendas.


Para mim o futebol sem criatividade não é futebol, é um jogo de Matraquilhos.




Comparar Cristiano Ronaldo, Messi, Ronaldinho, a outros jogadores que partem destas formações actuais que podemos observar, é Comparar o Lamborghini a um mais comercial. O primeiro, com mais qualidade, supera em todos os aspectos, mas os segundos vendem-se mais facilmente. Uma equipa que pense em fazer Cristianos Ronaldos verdadeiros, sabe que tem de evoluir o potencial e tem poucas vendas, mas uma equipa que faça um jogador comum, vende a todas as equipas.


Digo-vos que já vi (Des) Treinadores, a matar qualidades individuais de jogadores para estes poderem jogar em todas as posições.



Podemos observar tudo o que transmito neste artigo, no Euro 2020, onde o melhor marcador obteve apenas 5 golos…  



A maioria dos golos foram marcados de bola parada, o que significa que não havendo criatividade, os jogadores não tiram partido da magia do jogo e não se enfrentam uns aos outros, sendo um embate coletivo.



Com todo o respeito pelos intervenientes, os jogos de Portugal dão-me sono, há oportunidades flagrantes, mas os jogadores não rematam, querem entrar aos passes para dentro da baliza com a bola. De longe a longe, vê-se um que remata de longe e faz um grande golo.



Sou treinador em progressão de carreira, tenho o UEFA B ainda, mas posso afirmar aqui com todos os colegas e amigos, que acompanham ou acompanharam as minhas equipas, é raro o jogador que com oportunidade não remata.



O que me parece é que os actuais treinadores jogam com medo e preferem ter posse de bola, que arriscar um remate ou um passe menos correto. Parecendo que jogam apenas para a estatistica e não para o resultado.



Sendo o meu clube de coração o Real Madrid, respeito todos os adversários, mas posso afirmar que desde que o grande mister  Pepe Guardiola, colocou o tiki-taka e os novos treinadores seguem esse parâmetro, nunca vi um jogo completo do Barcelona porque adormeço, só me aguentava quando jogavam Real Madrid x Barcelona, devido à intensidade e velocidade imposta pelo Real obrigando o Barça a reagir da mesma forma.



A formação de jovens jogadores tem melhorado bastante a nível pedagógico, também  por parte dos treinadores que os acompanham e dos coordenadores, mal pagos...



“Costuma-se dizer um bom mestre, faz um bom aluno.”


Nas décadas anteriores, os jogadores jogavam com paixão, apesar dos bons salários. Hoje em dia, ocupam espaços dentro de campo e andam por ali a trocar a bola , parecendo que ainda estão na fase da formação passa e desmarca.




Dou-vos o exemplo de Ronaldinho, quando usava os seus skills, mesmo que corresse mal nada lhe tirava a felicidade, o próprio Cristiano, são jogadores que jogam felizes, pelo gosto ao futebol.



A maioria dos jogadores de hoje, não vou dar exemplos para não cair em constrangimentos, jogam por jogar, para ganhar dinheiro, tal como irmos para um trabalho e pronto, tem que ser. São autênticos mercenários sem opinião própria, movidos pelos seus agentes desportivos ou empresários como quiserem afirmar.



O que será do futebol que conhecemos daqui a uns anos?  Será que caminhamos para o fim da modalidade?



Agora até já consideram desporto a E-Sports. Enfim…



Concluo este artigo com as melhores das intenções para quem o ler reflectir e pensar. Estamos no caminho certo?



“Treinador não é o que imita, mas o que dentro da metodologia do clube que representa, é criador do seu trabalho”



Veremos no momento em que o mais importante da carreira do jogador é a formação e temos os seus mestres (treinadores) a receberem migalhas de 150€ a 200€ , quando têm cursos que custam entre os 660€ e os 3500€.



Para finalizar deixo a questão à ANTF e à FPF, porque não oficializar a profissão de treinador de futebol, que na sua vertente é um professor, com salários tabulados consoante o curso realizado, tendo estes a oportunidade de se dedicarem a 100% ao trabalho que os faz felizes, em vez de irem de forma escravatória, fazerem o que gostam por uma migalha?



Reflictam...

 

Desejo a todos uma época 2021/2022 com muito sucesso.




Agradecimentos:

Obrigado a quem me apoia, são vocês que me motivam quer dentro quer fora dos relvados, à minha esposa que é incondicional no seu apoio, ao Mário Barradas meu colega de trabalho, à equitadora Filipa Canelas Pinto e Paco Nieves do Centro Equestre Quinta da Alorna em Almeirim que têm contribuido imenso para melhorar a nível psicológico, físico e equilíbrio emocional através da equitação, César Gomes que para mim não tem adjectivos para descrever e a todos os amigos, familiares, treinadores que todos os dias me incentivam a continuar de forma incansável.



Agradeço a oportunidade da publicação deste artigo ao José Pina (Jornal de Desporto), Muito Obrigado


Ricardo Clemente.
Treinador de Futebol

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