Aos 41 anos voltou a calçar
as botas para jogar…
“CONCRETIZEI O SONHO DE SER
PROFISSIONAL MAS FICO MAGOADO POR NUNCA TER JOGADO NA I LIGA”
O seu futuro passa por ser treinador para retomar as funções que exercia no Pinhalnovense a quem interpôs um recurso em tribunal, que ainda decorre.
Marco Bicho, é um nome de referência do futebol nacional, já havia terminado a carreira de jogador para se dedicar às funções de treinador mas agora, aos 41 anos, resolveu voltar a calçar as botas para jogar, reforçando a equipa do Brejos de Azeitão que disputa o Campeonato Distrital da 2.ª Divisão.
O jogador, que se juntou com
Paulo Catarino, o senhor dos 300 golos, que, aos 49 anos, ainda continua a
querer fazer o gosto ao pé, apresenta-se como uma das peças fundamentais no
plantel comandado por Rui Fonseca, pela experiência que tem.
Na entrevista que concedeu
ao nosso jornal, Marco Bicho conta como surgiu esta hipótese de representar o
Brejos de Azeitão, da experiência que está a ter na 2.ª Divisão Distrital, dos
objectivos da equipa, das histórias com Paulo Catarino, da traição de que foi
alvo no Pinhalnovense e do seu futuro, que passa naturalmente pelo cargo de
treinador.
Como
surgiu a hipótese de ingressar no Brejos de Azeitão?
Foi através de um dos
treinadores adjuntos que é meu amigo. Como estava parado, ele propôs-me esta
hipótese no sentido de ajudar a equipa, e como eram apenas cinco jogos até ao
fim do campeonato, aceitei. É evidente que se trata de um contexto completamente
diferente daquele que estava habituado mas estou aqui empenhado em dar o meu
melhor pelo respeito que tenho pelo clube.
Jogar
na 2.ª divisão distrital é uma nova experiência?
Na I Liga estão os melhores
jogadores, depois temos a II Liga, a Liga 3 que vai surgir agora, o Campeonato
de Portugal e os distritais. Como é evidente, a qualidade na 2.ª Divisão
Distrital é inferior aos outros escalões mas posso dizer que fiquei
surpreendido com alguns colegas que encontrei no Brejos de Azeitão porque
existe de facto muita qualidade, não só a nível de jogadores mas também a nível
de treinadores que estão aqui por hobby ou por questões profissionais e não
optam por outros escalões.
Quer dizer que está a gostar?
Sim, estou. O grupo é bom,
temos um convívio excelente e isso para mim era fundamental. Deixar a família em
casa para jogar sem receber nada, só mesmo pelo gosto de praticar futebol. Estava
afastado há algum tempo mas mesmo assim ia jogando com os amigos futebol de
cinco, sete ou 11. Neste contexto continuo a jogar na mesma, só que existe uma
competição, é esta a diferença.
Quando
veio para o Brejos de Azeitão foi com o objectivo de ser campeão?
Muito sinceramente, quando
cheguei comentei com um colega em tom de brincadeira que ainda íamos subir de
divisão, e nunca se sabe. Quando aceitei o convite foi para jogar, mas vamos ver.
Temos jogadores com qualidade que podem muito bem jogar noutros campeonatos, o
que precisam é apenas de mudar a sua mentalidade, isso é que faz a diferença.
Se tiverem uma mentalidade forte não tenho dúvidas que alguns são jogadores
para estar em campeonatos superiores.
Do
plantel faz parte também um velho conhecido, o Paulo Catarino…
É verdade. É óptimo
trabalhar com ele porque partilhamos histórias engraçadas. Cada vez que
treinamos temos sempre uma história diferente para contar. Aliás, o Catarino é
uma pessoa que tem nome no futebol, não é preciso estar a explicar quem é, ou
quem foi. Temos muitas histórias e nos treinos passamos a maior parte do tempo
a contá-las.
O
seu futuro passa pela carreira de treinador?
Sim, logicamente que o meu
futuro passa por ser treinador. As experiências que tive no Campeonato de
Portugal não foram famosas. Comecei no Fátima dois dias antes de surgir a pandemia
e depois fui para o Pinhalnovense de onde saí após a entrada repentina dos novos
investidores, a quem interpus uma acção em tribunal.
Essa
saída do Pinhalnovense parece ter sido algo estranha…
Fui apanhado desprevenido
mas já vim a saber que parece ter existido uma pessoa responsável por isso. Depois
de resolver a questão em tribunal poderei falar melhor sobre o assunto. A
verdade é que já estava a trabalhar com o Peixoto e o Luís Sousa há cerca de dois
meses na construção da equipa, contratação de jogadores e preparação dos
treinos e no campo já estávamos a treinar há duas semanas. De repente, a SAD
foi posta à venda e tudo se passou nas minhas costas. É evidente que fiquei
magoado mas quem quer estar no futebol tem que ser forte e estar preparado para
isto. Quem me deu a oportunidade de representar o Pinhalnovense foi o senhor
Luís Sousa e o Peixoto, só tenho que lhes agradecer, eles não tiveram nada a
ver com o que se passou.
Para
trás ficou uma longa carreira como jogador profissional?
Concretizei o sonho de ser
jogador profissional durante muitos anos mas fico magoado por nunca ter tido a
oportunidade de representar um clube na I Liga. Fico feliz por ter realizado o
sonho que mais queria, ser profissional de futebol. Tive uma possível
oportunidade de ter ido para a I Liga, mas o Chipre abriu-me as portas, os
valores eram bons e eu não quis esperar. Há alturas em que temos que fazer
opções e nunca sabemos quais são as mais correctas, e esta se calhar foi uma delas.
Agora vou esperar pelo mês de Junho para ver se aparecem novos projectos, se
surgir algum irei agarrá-lo com todas as forças que tiver.
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