É a
primeira jogadora portuguesa a actuar no futebol russo…
“ASSINEI
O MEU PRIMEIRO CONTRATO PROFISSIONAL PELO AMORA ESTOU MUITO GRATA PELA OPORTUNIDADE”
Ana Dias, avançada de 23 anos, que esta temporada iniciou a época no Amora, deixou o clube da margem sul do Tejo para ingressar no Campeonato da Rússia.
A
internacional pelas camadas jovens portuguesas foi apresentada no passado
domingo como reforço do Zenit de São Petersburgo, assinando contrato como
profissional, tornando-se assim a primeira jogadora portuguesa a actuar
na equipa feminina do Zenit, formada no início de 2020.
Em
Portugal, Ana vestiu a camisola do Cadima e A-dos-Francos, mas foi ao serviço
do Condeixa, na época passada, que deu nas vistas. Ao serviço da formação de
Coimbra, que na altura militava no segundo escalão, Ana marcou 40 golos em
apenas 17 jogos e esta época, já na primeira liga, ao serviço do Amora, a
jogadora de 23 anos marcou seis golos nos nove jogos que realizou.
A
ambição de chegar à equipa principal da Selecção Nacional faz parte dos objectivos,
numa fase de mudança em que o frio, a língua e as saudades da família são os
principais entraves.
Ana
Dias deu uma entrevista ao jornal “O Jogo” que transcrevemos na íntegra:
Como está a viver
esta primeira experiência internacional?
Apesar
da envolvência emocional estou a conseguir ajustar-me o mais possível à
normalidade.
Quais são as maiores
dificuldades?
Estar
longe da família é sempre difícil porque eles são o meu alicerce e sem o apoio
deles nada disto seria possível. Está a ser uma aventura, criar novas rotinas e
sair da zona de conforto.
O frio e a língua são
dois grandes problemas?
A
língua não é propriamente fácil e o clima é rigorosamente frio. Depois há
também a diversidade da cultura, por estar a conviver com pessoas totalmente
diferentes, de outro país. Mas claro, a distância por estar longe dos meus,
esse sim é o verdadeiro desafio.
Acredita que é um
passo importante para conseguir cimentar a carreira?
Sem
dúvida, é uma oportunidade que acrescenta na minha evolução e afirmação, sinto
que pode ser o momento perfeito para dar o grande salto na minha carreira,
enquanto profissional de futebol.
As oportunidades no
estrangeiro são mais aliciantes do que em Portugal?
Sim,
qualquer atleta procura experiências onde possam espreitar a sua evolução e o
estrangeiro é um mercado que tem estrutura para responder a essa possível
evolução.
Viver do futebol é o
grande objectivo?
O
futebol sempre foi uma paixão e se poder desfrutar dessa forma, tanto melhor.
Voltando agora à
carreira, como é que tudo começou?
Começou
por brincadeira, porque na altura jogava voleibol, mas depois não foi possível
prosseguir devido à incompatibilidade das atletas, que seguiram outros
caminhos. E eu, para manter a minha performance física, ingressei no clube da
terra, o Vaguense. E a partir desse momento foi sempre em ascensão e no ano a
seguir já estava a jogar a Liga BPI pelo Cadima.
Em que fase percebeu
que o futebol seria uma escolha para o futuro?
A
partir do momento que representei as sub-19 por Portugal, aí começou o gosto
por querer mais e atingir novos patamares.
Passou por alguns
emblemas, há algum que mereça um destaque especial?
Todos
eles. Porque sempre me acarinharam, receberam e incentivaram-me a ser melhor,
referindo sempre o meu potencial, contudo uns destacam-se pelo carinho e pela
amizade e outros pelo profissionalismo e incentivo.
Sente que o Amora, o
seu último clube, foi uma boa rampa de lançamento?
Sim.
O Amora foi o clube com o qual assinei o meu primeiro contrato profissional e
estou muito grata por essa oportunidade. E fica a admiração e um carinho
especial por eles.
Para o futuro,
ambiciona uma oportunidade na Selecção Nacional?
Penso
que é o objectivo de qualquer jogadora representar o seu país. É uma
possibilidade que me deixaria muito honrada.
O dia da mulher foi
recentemente comemorado. Em algum momento viu o género como um entrave no
futebol?
Não,
antes pelo contrário. Sempre fui muito apoiada e acarinhada. A minha realidade
como pessoa esteve sempre integrada no desporto, por isso, em momento algum
senti qualquer tipo de preconceito ou motivos para desistir do meu sonho.
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