Fala-se da falta de frontalidade e lealdade…
“NÃO SOU DE GUARDAR RANCOR MAS O QUE ME FIZERAM NÃO SE
FAZ A NINGUÉM”
Foi despedido por telefone,
depois quiseram voltar atrás dizendo que se tratou de um erro mas no meio disto
tudo houve quem tivesse mentido a jurar pelos filhos
Depois de Marco Dias ter falado sobre a sua saída do Brejos de Azeitão é agora a vez do treinador Nuno Ferro abordar também o assunto.
“Se tivesse falado logo quando aconteceu, certamente diria coisas que se calhar não deveria, agora mais ponderado será um pouco diferente”, começou por referir ao nosso jornal.
“Fui contratado o ano
passado numa altura que o clube tinha batido no fundo, poucos jogadores, projecto
não tinha e mesmo assim aceitei sem nunca me terem pedido nada em troca. Fizemos
um resto de boa época com bastante evolução e se não tivesse sido interrompido
o campeonato, ainda teríamos feito coisas melhores. Tendo em conta a interrupção
decidi aceitar mais uma época. Os jogadores queriam a subida de divisão e eu
como sou ambicioso aceitei, sabendo que se não ficasse já teriam treinador para
assumir”, diz Nuno Ferro.
“Esta época entrou muita
gente nova com qualidade sim, mas só isso não chega. Iniciámos a época sem
saber quando o campeonato iria começar. Trabalhámos e fizemos bons jogos de pré-época
mas começámos a ter bastantes lesões, ausências por trabalho, e outras.
Perdemos os dois primeiros jogos de forma ridícula, mas o futebol é mesmo
assim. Só quem não viu os jogos poderá dizer que a equipa não mostrou futebol”,
adianta o ex-treinador do Brejos de Azeitão que foi expulso na parte final do
jogo com o Alcochetense B. “Não reagi muito bem e exaltei-me um pouco mais do
que é normal na minha pessoa, mas não ofendi ninguém. Creio que fui expulso sem
razão, mas vale o que vale”.
Falando concretamente sobre a sua saída, Nuno Ferro conta que “no treino seguinte ao jogo com o Alcochetense, às 18 horas, liga-me o team manager, que está embarcado e a vários km de distância, a dizer que em reunião de direcção por vídeo chamada, tinham decidido mudar o rumo e que eu já não seria o treinador a partir daquele momento. Faltavam duas horas para o início do treino. Perguntei porquê e respondeu sem responder; a maneira como fui expulso, o facto de o capitão ser o João Vasco e de ser esse mesmo jogador o marcador de penaltis, entre outras coisas, que sinceramente nem percebi. Fui apanhado de surpresa, nada indicava que isto seria possível acontecer, porque sempre estive bem visto no clube, mas numa hora tudo mudou”.
E, prosseguindo disse: “Falei
com o capitão Marco que de pronto também mostrou o seu desagrado desta situação.
Cerca de uma hora e meia depois, ligam-me do clube, em alta voz com a direcção,
com o presidente a falar, a jurar pela saúde dos filhos que nunca disse para me
despedirem, que o team manager tinha percebido mal e não tinha sido isso que
ficou da reunião. Fui ao clube falar pessoalmente para tentar perceber melhor,
e disseram que se precipitaram, que estavam a ser injustos, que falharam e
gostariam que eu ficasse até ao fim. Reunimos com a equipa e fiquei a perceber
que afinal o presidente mentiu jurando pelos filhos, que tinha ficado definido
que era para despedir mas depois viram que falharam e voltaram atrás. Os capitães
não gostaram de mais uma vez o clube se ter portado mal e decidiram sair”.
“Todo o plantel não gostou e mostrou o seu desagrado de como se portaram comigo. Mesmo assim fiquei de pensar se voltaria a aceitar mas obviamente não poderia continuar. Quebrou-se a confiança e os meus valores são muito superiores a este tipo de atitudes desta gente que não sabe estar no futebol nem lidar com pessoas do meio. Os capitães decidiram sair, jogadores que já eram para ter saído no início da época mas que lhes pedi para ficarem comigo e tentarmos a subida. Eles ficaram e agora com isto decidiram sair, não fazia sentido eles saírem e eu continuar”, fez questão de frisar Nuno Ferro que não se arrepende de nada do que fez nos 13 meses que esteve no clube porque ficou a amizade com alguns jogadores, nomeadamente com os capitães de equipa.
“Na última reunião que
tivemos só me falavam no Marco e no João Vasco, nunca tiveram a coragem de
falar com os jogadores. É triste como falavam deles e na frente nada. Estes
jogadores podem ser impulsivos e dizerem muita coisa, mas eram jogadores que
sempre deram e lutaram muito pelo clube, não mereciam este tratamento. São
jogadores que gostaria de voltar a treinar. O Marco teve uma lesão que se
suspeitava ser grave, eu disse-lhe que não era justo terminar assim a carreira e
que acreditava que iria voltar. Todos diziam que eu era maluco mas tinha razão,
graças a deus ele vai voltar muito mais cedo do que se esperava. No mesmo dia em
que recebo a chamada dele a dizer que a lesão não era grave e que iria voltar a
jogar, que me deixou muito contente, recebo também a chamada a despedirem-me”,
realçou o técnico.
Nuno Ferro destaca pela
negativa a “falta de frontalidade e lealdade das pessoas da direcção,
principalmente do presidente. Esperava um telefonema a darem-me uma palavra de
apoio pela expulsão e o que recebo é um telefonema a despedirem-me. A única pessoa do clube que me ligou foi o
Filipe, treinador dos juniores, mas esse é outro campeonato, mando- lhe um
grande abraço. Quem me conhece sabe que não sou de guardar rancor de ninguém
mas o que me fizeram não se faz a ninguém. Sou um treinador que está sempre a
aprender e quero mais e mais, sendo ambicioso. Cometo erros, como qualquer um,
mas sei pedir desculpa quando assim tem que ser, como o fiz ao clube depois de
ser expulso no jogo com o Alcochetense B. Desejo ao clube e a todos os
jogadores, as maiores felicidades, que atinjam os objectivos a que nos
propusemos”.
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