Clube esclarece a sua posição, em comunicado…
ALENTEJANOS
NÃO CONCORDAM COM A DECISÃO MAS VÃO ACATÁ-LA
Ausência de público, balneários sem condições, testes aleatórios de despiste pagos pelos clubes, jogos adiados só com 50% de atletas infectados e dúvidas sobre o que acontece caso o campeonato seja suspenso, são apenas algumas das condicionantes referidas pelo clube, que coloca a saúde de todos em primeiro lugar .
Na passada quarta-feira a Associação de Futebol de Setúbal reuniu-se com os clubes para decidir a data para o início das competições.
Por
maioria, foi decidido que o início seria a 4 de Outubro. O consenso não foi
geral e o Grandolense foi um dos clubes que manifestou o seu descontentamento
porque “preservamos em primeiro lugar a saúde de todos” adiantando que “discordamos
desta decisão mas vamos acatá-la”.
Como
forma de justificar a sua posição o clube resolveu lançar um comunicado onde esclarece
a sua posição, para que não fiquem dúvidas no ar.
Eis
o comunicado:
A direcção do Clube Recreativo O
Grandolense vem por este meio comunicar a sua discordância com a decisão tomada
pela maioria dos clubes inscritos na 1.ª divisão da AFS, época 2020/2021, ou
seja, iniciar a competição no próximo dia 4 de Outubro de 2020. Contudo, e uma
vez que prezamos a democracia, não vivêssemos nós na denominada “Terra da
Fraternidade”, aceitamos a decisão tomada, afirmando desde já que não
“jogaremos a toalha ao chão”, mas que tudo faremos para defender não só a nossa
instituição, mas, acima de tudo, a saúde e integridade dos nossos atletas!
Através deste comunicado, gostaríamos de
explicitar a todos a nossa posição, pois consideramos que as condicionantes ao
início das competições seniores amadoras da AFS são várias, sendo muitas delas
prejudiciais para os clubes, tais como:
•A ausência de público nos jogos, priva os
clubes de uma receita de extrema importância para a sobrevivência das equipas seniores,
pois em muitos casos (como o nosso) a actividade do plantel sénior é coadjuvada
pela bilheteira e bar dos jogos realizados em casa, jogos esses não só do
plantel sénior como sobretudo dos escalões do futebol juvenil. De referir que
as mensalidades pagas pelos nossos atletas do futebol juvenil são única e
exclusivamente para pagamento dos subsídios dos treinadores desses escalões;
•A medição da temperatura aos atletas, antes
dos treinos e dos jogos, além de ser mais uma responsabilidade para os clubes,
não garante qualquer segurança aos intervenientes, pois como sabemos, a maioria
dos infectados com COVID-19 são assintomáticos;
•Não é aceitável que tenham que ser os
clubes a pagar os testes aleatórios de despiste COVID-19, quando os jogos se
realizam com equipas de zona de risco, pois será mais um encargo para os
clubes, quando estes já sobrevivem com extremas dificuldades financeiras. Por
outro lado, não faz sentido que estes testes sejam aplicados 48 horas antes dos
jogos, pois trata-se de jogadores amadores que têm a sua vida profissional à
parte, não podendo ser garantido que um atleta após um teste negativo 48 horas
antes, não contraia o vírus no dia seguinte e não vá jogar infectado;
•Segundo as informações fornecidas pela
AFS na última reunião, consideramos inaceitável que para adiar um jogo por
motivo de infecção com COVID-19, tenha obrigatoriamente o clube que ter 50% de
atletas infectados, pois, por exemplo, se um clube tiver os seus GR infectados,
terá que ir a jogo com jogadores de campo a jogar na posição de GR. Se as
regras hoje em vigor forem correctamente aplicadas, no caso de haver um teste
positivo de um jogador, todos os seus contactos directos (ou seja, o plantel) terão
que ficar de quarentena. Não esquecer que os sintomas de COVID-19 podem surgir até
14 dias após o contágio, o que quer dizer que será muito fácil um jogador infectado
poder jogar num jogo oficial. Por outro lado, verificamos que, por exemplo, na
AF de Évora os jogos são adiados pela própria associação e existirem 3 casos de
infecção confirmados num plantel (ponto 3 do artigo 11.º do regulamento
COVID-19 para a retoma da prática competitiva de futebol e futsal, o que vinca
que a opção da AFS é incoerente;
•A solução apontada para a realização de
jogos do campeonato a meio da semana (no caso de adiamento dos mesmos) não nos
parece viável, pois poucos clubes têm iluminação homologada para a realização
de jogos oficiais à noite. Não nos parece coerente que campos que não foram
aprovados para a realização de jogos à noite, por falta de condições, possam a
partir de agora fazê-lo.
•Não está explícito nem documentado o que
irá acontecer caso o campeonato seja suspenso, como na última época. Imaginemos que
só decorrem 4 ou 5
jornadas, descem ou
sobem os clubes que estiverem
nessa posição? Mesmo com poucos jogos realizados? Os clubes vão fazer um investimento
enorme para poderem vir a ser prejudicados por o campeonato não poder terminar?
Repudiamos o facto de se estar a colocar o “negócio” à frente da saúde,
colocando em risco não só atletas, técnicos e dirigentes, mas também todas as suas
famílias!
No caso de vir a existir um surto dentro
de um clube, impedindo alguns dos intervenientes de poder trabalhar, quem irá assumir
o pagamento dos ordenados a essas pessoas? Somos amadores e, como tal, todos vivemos
do nosso trabalho e não do futebol...
A nossa proposta seria que não se determinasse
neste momento qualquer data para início da competição. Durante o(s) próximo(s)
mês(es) iriamos avaliando a evolução da pandemia em Portugal, para mais tarde
poder decidir de consciência tranquila, protegendo assim a saúde de todos nós. Por
tudo o referido anteriormente, o Clube Recreativo O Grandolense não pode de forma
alguma assumir a responsabilidade por algum problema, relacionado com contágio
por COVID-19, que possa vir a acontecer no futuro. Alguém terá que assumir essa
responsabilidade, mas não nós! Assim, e apesar de contestarmos a decisão tomada,
informamos que iremos acatar a mesma e participar no Campeonato Distrital da
1.ª divisão da AFS, de forma a não sermos derrotados na secretaria.
Atentamente,
A Direcção do Clube Recreativo O
Grandolense
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