Pages

sexta-feira, 31 de julho de 2020

VENÂNCIO TOMÉ»» Fez o seu último jogo no Sporting – V. Setúbal

Esteve 23 épocas consecutivas no topo da arbitragem nacional…

 

“CHEGUEI ONDE NUNCA PENSAVA SER POSSÍVEL”

 

Exibiu as insígnias da FIFA durante cinco anos e actuou em 80 desafios. Catar foi onde a arbitragem o levou mais longe mas no plano internacional o ponto mais alto foi a fase final do Europeu Sub-21, na Dinamarca. Por cá, actuou em nove clássicos entre SL Benfica, FC Porto e Sporting CP e esteve presente numa final da Taça de Portugal.

 

 



764 jogos depois de iniciar a carreira de árbitro assistente, entre a elite da arbitragem nacional e internacional, Venâncio Tomé viu travada a sua actuação oficial nos relvados pela natural imposição do limite de idade.

 

Aos 45 anos, o empresário de profissão, ainda não caiu em si sobre o fechar de um ciclo em nome de uma causa que abraçou desde o dia 27 de Novembro de 1993. Daí, quase 27 anos volvidos, até ao dia 21 de Julho de 2020, altura em que soou o apito final daquele que foi o seu derradeiro jogo oficial, Venâncio Tomé correu quilómetros nos ‘pelados’ e relvados do futebol distrital, nacional e em palcos de eleição no estrangeiro.

 

Na hora de olhar para trás, num conjunto de respostas libertadas ao afsetubal.pt, Venâncio Tomé confessa estar positivamente surpreendido com o percurso que trilhou, que o levou a longínquas paragens, mas sempre com a dedicação à arbitragem bem presente.

 


No âmbito luso, desde que em 1997 ganhou o estatuto de árbitro assistente de primeira categoria, registadas que foram 23 épocas consecutivas no topo da arbitragem, o seixalense Venâncio Tomé contabilizou um total de 684 jogos FPF e LPFP. Desta significativa quantidade de actuações, nove foram em clássicos entre SL Benfica, FC Porto e Sporting CP, um dos quais (SLB-FCP), em 2004, naquele que foi um dos pontos altos da carreira com a prestigiada nomeação para a final da Taça de Portugal.

 

Mas, já neste ano de 2020, em Janeiro, Venâncio Tomé foi nomeado para uma meia-final da Taça da Liga, ficando por concretizar a ambição de participar no jogo de atribuição do troféu reservado ao futebol profissional.

 

Nos cinco anos em que exibiu as insígnias da FIFA, entre 2009 e 2013, foi nomeado para um total de 80 desafios. Catar foi onde a arbitragem o levou mais longe, mas foi a Fase Final do Europeu Sub-21, em 2011, na Dinamarca, a prova no plano internacional de que guarda boas memórias, até porque esteve na meia-final e foi o único representante da arbitragem lusa no evento.

 

Fora dos relvados, Venâncio Manuel Raposo Batista Tomé é um dos nomes incontornáveis da história do Núcleo de Árbitros de Futebol de Almada/Seixal. No mais antigo núcleo de árbitros de futebol do país, começou a desempenhar cargos no seio dos órgãos sociais em 1994.

 

Entre 2006 e 2008 assumiu a presidência da Direcção. Desde 2010 que é o líder da Mesa da Assembleia Geral.

 

No âmbito da AF Setúbal integra o quadro de Observadores de futebol.


 

Eis a entrevista que concedeu ao site da AF Setúbal: 

 

A bandeirola está definitivamente arrumada, no que às provas oficiais diz respeito. Já sente saudades?

Penso que ainda não percebi bem o que aconteceu, mas quando recomeçarem as competições decerto que irei ter saudades.

 

Venâncio Tomé (na foto, à direita) num dos primeiros jogos em que atuou com estatuto de 3.ª categoria nacional


Que balanço faz a quase três décadas de uma carreira ligada à arbitragem dentro dos campos de futebol?

O balanço que faço é muito positivo. Quando tirei o curso não fazia ideia onde me estava a meter, pois foi apenas para aumentar o meu currículo, mas depois, com o passar do tempo, fui alcançando várias metas, e cheguei onde nunca pensava ser possível. Cresci muito como pessoa, como homem, aprendi muito com todos aqueles que me acompanharam desde o distrital até ao patamar FIFA/UEFA.

 

 Que recordações guarda do primeiro jogo em que actuou?

O meu primeiro jogo foi na Quinta do Conde, uma partida do escalão de juniores, entre as equipas da AD Quinta do Conde e do GC Corroios. Era normal começarmos por jogos de camadas mais jovens, mas naquele fim-de-semana faltou um colega e chamaram-me a mim para completar a equipa. Estava super nervoso, mas correu muito bem.

 

A chegada à primeira categoria nacional de Venâncio Tomé
 (na foto, à esquerda, com António Costa e Luís Vilhena),
aconteceu na época de 1997/98. 
 

O que o motivou a seguir uma carreira na arbitragem?

Como já referi, tirei o curso para acrescentar valor ao meu currículo, estava na área de desporto e frequentava todo o tipo de formações, até que um dia o meu pai, que tinha um colega árbitro, me disse que estava a começar um curso, e foi assim…

 

Completou 23 anos de árbitro assistente na primeira categoria, de forma consecutiva, e foi internacional. O que significa este registo?

Esse registo significa que me dediquei de corpo e alma a uma causa que abracei e, quando assim é, os resultados surgem naturalmente.


 

A partir de casa, qual foi a viagem mais longa que fez para arbitrar uma partida?

A viagem mais longa foi realizada para arbitrar quatro jogos no Catar. Foi uma experiência inesquecível.

 

Qual o jogo em que gostaria de ter atuado?

Fiquei com duas finais em falta no meu currículo, a Final da Taça da Liga e a Final da Taça da AFS “Joaquim José Sousa Marques”. Gostaria muito de as ter feito.

 

Venâncio Tomé exibiu as prestigiadas insígnias das FIFA entre 2009 e 2013


O que guarda de mais marcante da carreira dentro dos campos?

Guardo o cheiro da relva, o ambiente antes, durante e após o jogo. Guardo a amizade dos meus colegas, de muitos jogadores e demais agentes desportivos. Nestes anos todos, cruzei-me com muita gente boa de norte a sul do país e guardo a recordação de grandes momentos que passei na arbitragem.

 

De que forma vai seguir ligado à arbitragem?

Ainda não pensei nisso. Quero aproveitar algum tempo com a minha família, que foi prejudicada pela minha ausência, depois logo se vê...

 

Que conselho daria um árbitro em início de carreira?

Primeiro, dar-lhe os parabéns pela difícil decisão de tirar o curso e depois, o melhor conselho que posso dar, é que se realmente quer abraçar esta causa que o faça de corpo e alma, por vezes com muito sacrifício, mas na certeza que se o fizer os frutos, mais cedo ou mais tarde, vão surgir.


Fotos cedidas por Venâncio Tomé


Sem comentários:

Enviar um comentário