Vítor Hugo Pires magoado pela forma como recebeu a informação…
“NÃO É PELO TELEFONE, OU
VIDEOCHAMADA, QUE SE DISPENSA UM ACTIVO”
Com a decisão tomada pela Federação
Portuguesa de Futebol em suspender as competições de todos os escalões de
formação, alguns clubes começaram já a programar a nova época desportiva e o
Grupo Desportivo Fabril é um deles. E, neste sentido, prescindiu dos serviços
de Vítor Hugo Pires, treinador da equipa de juniores que disputava a 1.ª Divisão
da AF Setúbal.
Em entrevista ao nosso jornal,
Vítor Hugo Pires aceita a decisão mas não concorda com o timing e com a forma
como lhe foi feita a comunicação. O treinador considera positiva a sua passagem
pelo clube e mostra-se disponível para abraçar outro projecto, desde que seja
desafiante.
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A sua passagem pelos juniores do Desportivo Fabril terminou. Quais as razões da
saída?
O clube entendeu que não
estavam reunidas as condições para continuar. É legítimo e aceito a decisão,
não posso concordar é com o timing e forma como foi feita a comunicação. Não é
pelo telefone, ou por videochamada, que se dispensa um activo, seja ele quem
for, seja em que contexto for e o actual é bastante complexo. Trata-se de uma
questão de respeito e reconhecimento, independentemente dos resultados
desportivos, antes do treinador vem o Homem.
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Que análise faz ao trabalho desenvolvido?
Na minha opinião foi
positivo. Quando cheguei ao clube, na época 2018/19 íamos para a 10.ª jornada
com 8 pontos, em 12º lugar. Conseguimos uma recuperação fantástica e o melhor
registo de jogos sem derrotas do campeonato. Com um desempenho muito bom,
talvez acima das melhores expectativas, terminámos o campeonato em 6.º lugar com
42 pontos. Esta época, até à suspensão da prova, estávamos a fazer um
campeonato irregular, muitas lesões, algumas delas complicadas de se resolver e
a gestão das expectativas também não ajudava o grupo. O desejo de colocar uma
equipa no campeonato nacional é grande, mas temos de ter a noção que uma casa
não se constrói pelo telhado e a prospecção não foi aquilo que esperávamos. No
entanto, numa perspectiva resultadista, aquela que todos dizemos que não é a
mais importante mas é mentira, a equipa estava em 3.º lugar, com 36 pontos,
menos 2 pontos que o segundo classificado e menos 9 pontos que o primeiro, quando
faltavam realizar 8 jogos. Sinceramente penso que o trabalho estava a ser
positivo.
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Esta foi uma época atípica que terminou de forma prematura. Acha que foi a
melhor solução, face às circunstâncias?
Penso que as entidades
envolvidas tomaram as opções que maior segurança garantia aos atletas,
treinadores, dirigentes e clubes, no que diz respeito às responsabilidades de
cada uma delas. Não sabemos quanto tempo vai durar esta situação que
infelizmente fez mudar as nossas vidas. Nem todas as medidas serão do agrado de
todos os envolvidos mas, neste momento, por muito que se vá perder
desportivamente, a vida e a saúde estão em primeiro lugar.
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De futuro vai querer continuar no activo?
Naturalmente. Tenho plena
confiança nas minhas capacidades. O objectivo é encontrar o projecto certo, com
as pessoas certas e crescer em conjunto. Dizer que temos um projecto e que
agora é diferente e vamos ter estabilidade e na prática acontecer o mesmo que
aconteceu anteriormente, mudando apenas os nomes, isso não quero. Quero um projecto
desafiante, que me tire mais uma vez da zona de conforto, onde exista uma base
e a partir dai se caminhe para o topo, com os naturais avanços e recuos que
acontecem e que fazem parte do crescimento. Gostaria de terminar agradecendo a
todos os que caminharam a meu lado nesta etapa. Desejo também que toda a
situação que estamos a viver passe rápido e que todos nos voltemos a encontrar
seja dentro de campo ou fora dele.