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quarta-feira, 1 de abril de 2020

COVID-19»» Treinadores aceitam reduzir salário

Nem toda a gente ganha milhões de euros…
DISPONÍVEIS PARA NEGOCIAR DESDE QUE NÃO SEJA POSTA EM CAUSA A SUA DIGNIDADE


Os treinadores estarão disponíveis para reduzir salários por causa da pandemia de covid-19 desde que não ponha em causa a sua "dignidade", disse hoje o presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol.
"Ninguém pode estar optimista com este momento que vivemos, vai exigir de todos nós numa certa compreensão, e os treinadores também são portugueses e vão compreender, não podem distanciar-se da realidade do país e do resto do mundo. Haverá sempre disponibilidade para negociar [reduções de salários], desde que não haja abusos [dos clubes] que ponham em causa a dignidade dos treinadores", referiu José Pereira.
O presidente da ANTF disse que não houve qualquer abordagem da Liga de clubes ou da Federação Portuguesa de Futebol sobre o tema, considerando que isso se deve ao facto de o momento ser de incerteza sobre o futuro das competições.
"Hoje haverá uma comunicação ao país [pelo Presidente da República sobre o eventual prolongamento do estado de emergência], teremos de aguardar o que vai ser decidido", disse.


José Pereira lembrou que "há um contrato colectivo de trabalho, mas depois as eventuais negociações serão caso a caso, clube a clube, porque há situações muito diferentes, e aí a associação não terá qualquer papel", a não ser que seja solicitado.
O presidente da ANTF revelou que salários em atraso são uma realidade "que existe sempre no futebol".
"Os treinadores são mais cautelosos em relação a isso por serem líderes de um grupo de trabalho, mas já há quem esteja à espera do salário para fazer face aos seus compromissos, porque nem toda a gente ganha milhões de euros", frisou.
E José Pereira faz mesmo a distinção nos escalões profissionais.
"Uma coisa é a I Liga, a II Liga já é diferente e outra ainda é o Campeonato de Portugal [equivalente ao terceiro escalão] e as camadas jovens em que, na maior parte das vezes, os treinadores ganham o salário mínimo [do futebol], ou seja, o equivalente a oito salários mínimos", disse.