“ORGULHO
PELA QUALIDADE DE JOGO QUE A EQUIPA COLOCOU EM PRÁTICA”
Apesar do bom trabalho realizado João Miguel Parreira não continua no clube, sendo um treinador livre e pronto para abraçar um novo projecto.
O Futebol Clube Barreirense terminou o
Campeonato Distrital da 1.ª Divisão em segundo lugar com os mesmos pontos que
Sesimbra e Alcochetense. Não foi certamente a posição desejada mas foi a
possível tendo em conta os cinco empates obtidos nas seis primeiras jornadas,
resultados que influenciaram a mudança no comando técnico da equipa.
João Miguel Parreira teve o condão de dar a
volta à situação. As vitórias começaram a surgir, a equipa ganhou mais
confiança, a qualidade de futebol praticado melhorou substancialmente e, salvo
um ou outro percalço, foi subindo na tabela classificativa e terminou numa
posição que, em situação normal, daria direito a participar na 1.ª eliminatória
da Taça de Portugal da próxima temporada.
Em entrevista ao nosso jornal João Miguel
Parreira fez uma breve análise ao comportamento da equipa, deixou a sua opinião
sobre a forma como o campeonato terminou, falou sobre o que é viver sem
futebol, o que pensa sobre a pandemia e das suas perspectivas para o futuro.
- O
Barreirense estava em segundo lugar quando o campeonato foi interrompido. Qual
a análise que faz ao comportamento da equipa?
Entrámos à sexta jornada e em sétimo lugar. E
terminámos, como disse, na segunda posição, o que num campeonato nacional daria
acesso à subida ou, no mínimo, a um 'play-off'. Mas mais importante do que as
vitórias alcançadas e a subida na tabela, gostaria de realçar aquilo que foi a
qualidade de jogo da equipa do Barreirense. A qualidade de jogo que estes
jogadores colocaram em prática é o que nos deve orgulhar verdadeiramente.
- Ficou
satisfeito com o trabalho desenvolvido?
Creio que os resultados falam por si.
Sobretudo pela qualidade de jogo e mentalidade que conseguimos ter, todos
juntos. Claro que são motivos de orgulho. Foi e é um grupo extraordinário que
tive o privilégio de comandar. Grupo esse, que até não foi escolhido por mim,
mas pelo meu antecessor [Rui Fonseca], que terá forçosamente de ter o seu
mérito. Tal como toda a direcção, que nunca deixou que algo nos faltasse.
- Dar o
campeonato por concluído foi uma medida sensata?
Sim. Não há como negar. Para o bem de todos,
foi a melhor decisão.
- Na próxima época
vai continuar no Barreirense?
Não.
Decidi não continuar.
- Por que razão não
continua?
Primeiramente
saio de consciência tranquila, absolutamente seguro de que tudo fiz para tornar
este enorme emblema, num clube ainda maior. Mas nem sempre as visões que temos
para o futuro coincidem, por isso decidi sair e deixar o lugar disponível para
que outro treinador possa vir trabalhar dentro da visão definida pelo clube.
Saio orgulhoso por representar este clube e pelo trabalho realizado agradecendo
o apoio de todos.
- A partir de agora
passa então a ser um treinador disponível?
Sou
treinador de futebol e, como tal, estou e estarei sempre pronto para abraçar
novos projectos. O dia de amanhã ainda é uma incógnita, mas sinto-me preparado
para qualquer desafio, e quanto mais exigente melhor. Sou ambicioso por
natureza, e sei do valor do meu trabalho.
- Tem
sido difícil viver sem futebol?
Bastante. É a minha vida, a minha dedicação e
a minha grande paixão. Mas há tempo para tudo. E agora é tempo de nos
protegermos e de estar com os nossos, dedicando também mais algum tempo àqueles
que, por vezes, não têm tanto da nossa atenção.
- Esta
situação causada pelo coronavírus mudou de alguma forma as suas rotinas
diárias?
Por muito que nos queiramos adaptar, e por
vezes até negar o impacto da situação actual, é inegável que acabamos por mudar
e muito o que é a nossa rotina. A falta dos treinos, do contacto frequente com
os jogadores, a preparação das sessões de trabalho, as conversas com os meus
adjuntos e as reuniões. O futebol parou e nós tivemos de parar e mudar, também.
Veremos se voltará igual. Tanto o futebol como a sociedade.
- Tem
mais alguma coisa que queira acrescentar?
Gostaria de fazer um apelo às gentes do
futebol. Dos jogadores aos treinadores, passando pelos agentes e directores: é
urgente mudar mentalidades e promover o melhor que este desporto tem.
Espera-nos uma crise sem precedentes, e seria bom que nos uníssemos em prol de
um futebol melhor. Um futebol onde os protagonistas deverão ser os que pisam as
quatro linhas, um futebol alheio a polémicas e vícios, e onde os adeptos sentem
gosto pelo que vêem, semana após semana.