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quarta-feira, 25 de março de 2020

ORIENTAL DRAGON»» Uma paragem forçada raramente tem aspectos positivos

Carlos André, director desportivo…
“PENSAR QUE O CAMPEONATO JÁ ESTÁ GANHO NUNCA FOI APANÁGIO DA NOSSA EQUIPA”


Depois de uma vasta carreira como jogador, o Carlos André surge como director desportivo no Oriental Dragon. O que o levou a optar por estas funções?
Como jogador tive a bênção de jogar em 3 países diferentes e em várias divisões, Portugal (I Liga, II Liga, CP onde me tornei campeão nacional), Chipre (5 anos na I Liga) e Grécia (um ano na II Liga) e, isso, fez com que adquirisse competências pelo contacto que tive com vários jogadores, treinadores (Jorge Jesus e Vítor Pereira, entre outros), directores e empresários. Na época 2013/2014, com 31 anos, tomei a decisão de abdicar da aventura no estrangeiro e da parte monetária para voltar a Portugal e começar a pensar no meu futuro. Comecei a tirar a licenciatura em Ciências do Desporto mas nessa altura lesionei-me gravemente e tive que deixar o futebol. Terminada a licenciatura continuei a minha formação académica e iniciei o mestrado em Direcção e Gestão Desportiva, que estará concluído nos próximos meses. A possibilidade de optar pela carreira de treinador, por gostar do treino e do jogo, foi tomada em consideração mas nunca foi a primeira opção porque o mundo do dirigismo e empresarial foi sempre o que mais me fascinou. O Oriental Dragon, depois da saída do meu ex-colega e amigo Paulo Filipe para um novo projecto, viu na minha experiência e competência a pessoa certa para o lugar de director desportivo. A administração apresentou-me o projecto que aceitei por se tratar de um projecto de qualidade e com objectivos bem definidos.

Como o Oriental Dragon está a viver a actual situação causada pelo Covid-19?
De uma maneira apreensiva sem que isso nos leve a uma situação de pânico. Temos noção, desde os primeiros dias, que a saúde e a segurança estão em primeiro lugar e aquando da informação passada pela AF Setúbal que não se iriam realizar jogos, fizemos questão de parar toda a actividade desportiva para proteger todas as pessoas.


Esta paragem forçada que efeitos pode causar a nível desportivo?
Uma paragem forçada raramente tem aspectos positivos. Na última jornada obtivemos uma vitória muito importante num campo sempre difícil contra um adversário de qualidade e ficámos com uma vantagem de 11 pontos sobre o segundo classificado. Mas, tendo em conta a situação, é muito provável que haja perdas a nível físico e psicológico por parte dos jogadores.

O Oriental Dragon sempre foi considerado o principal favorito. Tem sido fácil lidar com essa pressão?
A administração do Oriental Dragon assumiu desde o início que iria lutar pelo título para subir ao Campeonato de Portugal. E, nesse sentido, procurou recrutar para o plantel jogadores de qualidade e com percurso de sucesso nesta divisão. Foram esses indicadores que passaram a quem está neste projecto. A responsabilidade traz sempre pressão, mas a pressão é algo que está sempre presente no futebol, que sem ela não teria a mesma paixão. Jogar para subir de divisão tem uma responsabilidade acrescida porque temos obrigatoriamente de ganhar a cada jornada mas o nosso staff técnico tem conseguido controlar a ansiedade que por vezes está presente nos jogadores e estes têm dado uma resposta de excelência em todos os jogos. Somos um grupo muito forte que olha para o colega do lado com muito respeito e isso tem levado os jogadores a trabalharem nos seus limites para atingirem o objectivo.

O dinamismo da administração


A dada altura chegaram alguns reforços vindos do Desp. Fabril, foi importante a integração destes elementos?
Esse momento mexeu com o campeonato porque saíram alguns jogadores não só para o nosso clube mas também para outros. A administração mostrou-se dinâmica no mercado e fez o esforço para recrutar os jogadores que achámos importantes para nos tornarmos mais fortes. Os jogadores que vieram têm muita experiência desta divisão onde já ganharam tudo o que havia para ganhar. O grupo de trabalho recebeu-os da melhor maneira para que eles se sentissem em casa e o resultado está à vista.

O Oriental Dragon tem 11 pontos de vantagem sobre o segundo classificado. Sente que o título já não lhe vai fugir?
Neste momento, não sabemos como vai terminar o campeonato devido ao momento delicado que o mundo atravessa. Esperamos pelas decisões de quem se encontra responsável para o fazer. Mas, na altura de decidir a prestação das equipas, terá que ser levada em consideração a vantagem que temos. Se voltarmos a competir ainda esta época, esperamos a mesma atitude, responsabilidade e competência por parte dos jogadores. Pensar que o campeonato está ganho, sem estar confirmado matematicamente, nunca foi apanágio da nossa equipa.

Há algo mais que queira acrescentar?
Dizer apenas que todos nós ligados ao desporto, ocupamos um lugar muito importante de carácter social e que devemos ajudar através das nossas acções que este momento seja ultrapassado rapidamente porque a nossa saúde e a dos outros tem que ser preservada. Peço a todos que se protejam para que os outros também possam estar protegidos.