BARREIRENSE»» Rui Fonseca explica razões da saída - JORNAL DE DESPORTO

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terça-feira, 19 de novembro de 2019

BARREIRENSE»» Rui Fonseca explica razões da saída


Numa reunião com a direcção e os jogadores…

 “FORAM POSTAS EM CAUSA QUESTÕES DE CONFIANÇA, DIGNIDADE E COMPROMISSO”

A direcção diz que as ambições da equipa técnica não estavam em sintonia com as ambições do clube mas Rui Fonseca contesta. “Quem treina o Barreirense tem de ter sempre uma atitude ambiciosa e um espirito de conquista. Se é acompanhado ou não pelas condições de trabalho, ou se o clube pode acompanhar essa ambição, é outra história”.

Em entrevista ao nosso jornal, Rui Fonseca conta tudo ao pormenor, desde a reunião que despoletou a decisão, aos resultados, à contestação e às ocorrências registadas no último domingo onde, com o jogo a decorrer, foi entrevistado pelo Canal 11.

A reunião que fragilizou o grupo

- O Rui Fonseca colocou o seu lugar à disposição. Que motivos o levaram a tomar a decisão?
São vários, mas o primeiro e o mais pertinente deve-se ao facto de termos tido uma semana muito conturbada que afectou muito o grupo de trabalho, pois foram postas em causa várias questões, de confiança, de dignidade e de compromisso. Quando se promove uma reunião, em que estão presentes, a direcção, os treinadores e os jogadores (todos juntos) e se pergunta aos jogadores se estão com a equipa técnica, é não entender muito de futebol, e escusado será dizer que a partir daquele instante a equipa técnica estava a prazo. Se estavam à espera que os jogadores fossem dizer que não estavam com o treinador é não querer assumir as suas responsabilidades (legitimas) e passá-las para os atletas. Essa reunião deixou todo o grupo de trabalho muito fragilizado e em consequência disso, estaríamos sempre a discutir os resultados semana após semana, a saída do treinador se não fosse nesta semana seria noutra muito próxima. Perante todo este cenário, e porque sou Barreirense, passei das palavras aos actos; ou seja, sempre servi o clube, nunca me servi dele e sempre disse que seria parte da solução e nunca do problema. Como tal, no final do jogo não podia ter outra decisão que não fosse colocar o lugar à disposição.


Os resultados

- O facto de a equipa ter cinco empates nos seis jogos do campeonato teve alguma influência?
Não, não teve, até porque os números podemos analisá-los de varias formas. Já estávamos a 5 pontos do primeiro classificado, ou estávamos apenas a 5 pontos do primeiro? Cinco empates mas zero derrotas. Campeões à 6ª jornada num campeonato tão equilibrado como o deste ano, em que todas as semanas haverá perda de pontos dos clubes do topo da tabela. Repare que os dois primeiros classificados já tiveram uma derrota. Para se falar dos 5 empates, 1 vitória e zero derrotas, deveremos ir um pouco mais a fundo e dizer que ainda neste último jogo, estavam na bancada 5 atletas, todos eles, com qualidade para jogar em qualquer equipa do topo da tabela, Kevin, Pimenta, Daniel Lourenço, Miguel Correia e Fabinho, todos eles lesionados por questões traumáticas. Até o Benfica ou o FC Porto se lhe retirarem 5 titulares (meia equipa) irão de certeza ressentir-se. Desde o primeiro jogo que não conseguimos repetir um onze devido a lesões traumáticas. Mas o que teve real influência, foi a grande dignidade desta equipa técnica que não está agarrada a nada nem a ninguém, e por isso tomou a atitude que tomou.


- Alguma vez sentiu que estava a ser contestado em virtude dos resultados menos bons da equipa?
Quando não se ganha temos de estar sempre preparados para a contestação, mas tal como eu tive oportunidade de referir à direcção, a equipa técnica nunca será levada a tomar decisões de fora para dentro. A equipa técnica sabia bem para onde queria ir e como o devia fazer, por isso, a contestação se existia, ela era aceitável, mas não mais do que isso. Não trabalho ao sabor da contestação ou da palmadinha nas costas.

A ambição e o protagonismo

- O plantel era o que queria e dava-lhe garantias?
Este plantel foi feito na sua totalidade por mim. Não nos podemos esquecer que na altura das decisões e de fazer o plantel a anterior direcção estava demissionária, e esta direcção ainda não existia, fiz o melhor que sei e que pude, de forma a dotar o plantel de qualidade futebolística e humana. E foi o que se fez, grande grupo de trabalho que o FCB tem em mãos, jogadores extraordinários e cheios de compromisso. Davam-me totais garantias que podíamos atingir aquilo que nos propusemos. Quem treinar o Barreirense tem de ter sempre uma atitude ambiciosa e um espirito de conquista, se depois é acompanhado pelas condições de trabalho ou se o clube pode acompanhar essa ambição, isso já é outra história. Muitas coisas não correram bem mas dizer que as ambições da equipa técnica não estavam em sintonia com o clube, não é correcto. Como se pode falar em ambição de subida se ainda não pagaram aos atletas o mês de Outubro. Fobia de notoriedade, de protagonismo? No domingo, em pleno jogo com a segunda parte a decorrer fui surpreendido por um jornalista do Canal 11 a fazer-me perguntas. Por uma questão de respeito, respondi-lhe a uma pergunta e coloquei-me logo de pé. O meu adjunto foi para junto dele para tentar suavizar a situação. O que me pediram, foi para deixar filmar o almoço e o nosso grito, mas nunca se falou em dar entrevistas em pleno jogo, sou totalmente contra isso. Ando há muito anos no futebol e nunca necessitei deste tipo de coisas, apenas ando pela paixão ao jogo e não ando por protagonismo.


 - Certamente no seu semblante está alguma tristeza por não ter conseguido realizar aquilo que pretendia…
Isso sim. Tenho uma enorme tristeza de não poder dar ao glorioso Barreirense aquilo que ele tanto merece. Uma enorme tristeza por deixar de ser o líder deste grupo maravilhoso de jogadores. Mas o futebol é fértil nestas coisas, temos de seguir em frente.

- Quer acrescentar algo mais?
Gostaria de agradecer ao José Pina pela oportunidade que nos dá, a todos nós treinadores, de podermos ter um espaço onde possamos passar a nossa ideia. Agradecer também à minha equipa técnica por tudo aquilo que dá a este jogo maravilhoso, quase sempre em troca de quase nada. E, por fim, agradecer ao senhor Amândio Jesus e ao Duka Duarte toda a sua competência com que nos acompanhou.

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