Para o seu lugar entra o professor Lívio Semedo…
HUGO INFANTE DEIXA COMANDO TÉCNICO DA EQUIPA POR MOTIVOS PESSOAIS
Depois do bom trabalho realizado
nos escalões de formação do Amora Futebol Clube, Hugo Infante, que esta época
vinha treinando a equipa “B” de juniores que disputa o Campeonato Distrital da
1.ª Divisão, vai fazer uma pausa na sua carreira de treinador para dedicar mais
tempo à família. A notícia apanhou muita gente de surpresa mas a sua sucessão
já vinha sendo preparada há algum tempo.
Jornal de Desporto,
conhecedor da situação, falou com Hugo Infante, a quem pediu para falar das
razões que o levaram a tomar a decisão.
Está
de saída do cargo de treinador da equipa de juniores “B” do Amora. Há alguma
razão especial para que isto tenha acontecido?
Estou de saída do comando técnico do
Amora por motivos pessoais. Após 3 anos sem férias profissionais e desportivas,
sendo o ano transacto muito desgastante pelos vários cargos que ocupei dentro
do clube (treinador principal sub-17, observador e treinador adjunto sub-19 e
ainda fiz uma perninha na formação com os mais pequeninos de 4 anos). Apesar de
ter sido um ano muito bom a nível desportivo (vice-campeão distrital sub-17 e
vice campeão nacional sub-19 da 2.ª divisão nacional), acabamos sempre por
descurar algo muito importante neste hobbie/profissão, que nos acarreta a
dada altura algum desequilíbrio emocional e cansaço mental, principalmente para
alguém como eu que considera a família o seu bem essencial. Toda a direcção tem
estado a par da minha situação nas últimas semanas, tentando sempre ajudar-me e
incentivando-me para que pudéssemos levar este projecto até ao fim da época
mas, neste momento, sinto que a minha família precisa mais de mim que o futebol.
Felizmente houve a oportunidade de chegar a acordo com aquele que para mim é o
meu pai no futebol, quer como jogador, quer como treinador, e passem os anos
que passarem e leve-nos a vida para onde levar, tê-lo-ei sempre como uma
referência máxima neste desporto. Estou a falar do Lívio Semedo que a meu ver,
perante todo o contexto em que esta equipa se insere, é a pessoa certa para
este lugar.
Ficou
satisfeito com o trabalho desenvolvido até aqui, pela equipa?
Saio extremamente satisfeito com o
trabalho realizado quer na época passada quer nesta. O ano passado tínhamos um
plantel constituído maioritariamente por jogadores que no ano anterior tinham
sido pouco utilizados, e os que chegaram vinham de divisões inferiores, e de
clubes com outros sistemas estruturais e objectivos, e apesar de não
termos conseguido o título, estivemos na luta até ao final, sendo um ano em que
essencialmente formámos homens e atletas.
Na presente época mantivemos todo o
plantel, à excepção de dois jogadores que por serem de 2003 permaneceram no
escalão de juvenis, um deles neste momento é considerado talvez um dos
jogadores com maior potencial no nacional de sub-17, chegando porem alguns
reforços à nossa equipa que vieram equilibrar o plantel em algumas posições. Começámos
bem a época, quer em termos de resultados quer em termos de futebol praticado,
mas as lesões constantes derivadas sempre de situações traumáticas. Neste escalão
existe muita agressividade para com o jogador, e o facto de serem um ano
mais novos, faz com que sejam menos maturados fisicamente, e contra equipas
muito agressivas como já apanhámos, retira fluidez ao nosso jogo. Mas, quer em
termos formativos quer na qualidade de jogo tem sido muito positiva, sendo que
os últimos jogos não foram tão conseguidos em termos de resultados mas, os
nossos atletas procuram essencialmente crescer, percebendo os diversos momentos
do jogo e o que fazer em cada momento quer com bola quer sem bola, de forma a
chegarem ao final da época e conseguirem fazer a passagem para a equipa “A” com
naturalidade. Este grupo tem muita qualidade individual, mas essencialmente colectiva,
pois vale por um todo, são uma verdadeira família e jogue quem jogar sabem
sempre os princípios de cada posição e como gerir cada momento do jogo. Como é óbvio
para mim têm qualidade mais do que suficiente para almejar os lugares cimeiros
da competição, no entanto pelo que tenho visto nesta divisão a agressividade
pode ter bastante influência nos resultados finais. Em suma, espero que tenha
conseguido influenciar positivamente estes atletas, pois eu aprendi muito com
eles em todos os treinos, jogos ou convívios.
Nos
seus horizontes está certamente um possível regresso ao futebol?
Até ao final da época não pretendo
voltar ao futebol, pois neste momento a família é prioridade, para a próxima
época logo se verá. A ideia não passa por um adeus ao futebol mas sim um até já.
Vou aproveitar para me actualizar e formar durante este período sabático, importantíssimo
para quem quer andar no futebol.
Quer
acrescentar algo mais ao que foi dito?
Quero deixar um agradecimento a quem
apostou na minha contratação para o clube, o mister Paulo Correia a quem espero
que seja dado o devido valor no nosso futebol nacional mais dia, menos dia, bem
como ao presidente e a toda a estrutura da academia por terem sempre acreditado
no meu valor, um agradecimento especial a todos os que partilharam balneário
comigo jogadores e equipas técnicas, onde formámos uma grande família, e que
com um líder como o mister Lívio se manterá viva rumo aos objectivos. Um
obrigado especial ao universo Amora, pois levarei para sempre este grande clube
no coração.