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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

YORUBA»» Jogador denuncia actos de racismo em Coruche

O caso já foi apresentado ao sindicato dos jogadores…

AFASTADO DO PLANTEL POR TER DEFENDIDO O IRMÃO QUE ESTAVA A SER INSULTADO E AGREDIDO NA BANCADA



O ponta de lança Yoruba, de 34 anos, com um vasto percurso de jogador e passagem por diversos clubes, passou em Coruche por uma situação inexplicável que classifica de puro racismo e originou o seu afastamento do plantel.

O caso ocorreu no dia 13 de Outubro, no final do jogo com o Almeirim e teve origem na bancada do Estádio Municipal Prof. José Peseiro, onde se encontrava a assistir ao encontro o irmão de Yoruba que descontente com o que se havia passado em campo ia fazendo alguns comentários menos abonatórios à equipa que tinha perdido (1-3). Um sócio mandou-o calar e mandou-o ir para a sua terra, gerou-se confusão e chegaram mesmo a vias de facto. Com o jogo já terminado Yoruba vendo o que se estava a passar foi à bancada em auxílio do seu irmão e acabou por ser afastado do plantel.  


“O que se passou foi um comportamento verdadeiramente racista” diz o jogador que passou a explicar o que verdadeiramente aconteceu. “O meu irmão estava na bancada a ver o jogo e foi manifestando o seu descontentamento pelo facto de termos perdido. Um sócio do Coruchense, que segundo consta havia sido dirigente em direcções anteriores, mandou-o calar e ir para a sua terra, por ser de origem africana. O meu irmão respondeu-lhe que ele não sabia qual era a sua terra e o tal senhor disse: está caladinho, tu não és de Coruche, sai daqui. O meu irmão não se calou, o senhor chegou ao pé dele e deu-lhe uma bolachada e o meu irmão respondeu da mesma forma. O jogo tinha terminado, eu olhei para a bancada, vi o que se estava a passar, saltei a vedação e fui em auxílio do meu irmão para serenar os ânimos”, conta o jogador que se apresentou na 3.ª feira seguinte ao trabalho pensando que o assunto tinha ficado sanado mas na realidade não foi isso que aconteceu, como descreve Yoruba.  

Despedido após o treino

“No final do treino, o presidente do clube, António Rosa, chamou-me para dizer que a situação que tinha acontecido na bancada não era permitida no clube. Foi uma situação com o teu irmão mas quem paga és tu. Vais ter que ir embora. Eu ainda perguntei se havia alguma coisa comigo em relação à parte desportiva, ele disse que não, que era só relativamente ao que se havia passado com o meu irmão”.

No treino de quinta-feira os colegas quiseram saber o que se tinha passado com o Yoruba e pediram a presença do presidente no balneário. Ele não queria, mas depois de muitas insistências lá foi. “Não vim aqui para discutir com vocês nem para dialogar, só vim dizer que a situação do Yoruba está resolvida. Se alguém quiser ir embora que vá. Não me importa que o Coruchense suba ou desça de divisão. Portanto, vocês é que sabem”, foi isto o que disse o presidente aos meus colegas no balneário referiu Yoruba.


Tratamento desigual

Reforçando a sua posição o jogador diz que tem testemunhas do que se passou e adianta que “houve colegas que também saltaram para a bancada porque os pais se estavam a pegar com outros adeptos. Eu referi isto ao presidente mas ele disse-me que eles já tinham sido chamados à atenção mas como eram da terra não havia problemas”.

“O que aconteceu foi ridículo, o adepto pode agredir e fazer comentários racistas mas o meu irmão não se pode defender e eu por ir em seu auxílio é que paguei. Sinto que não fui respeitado e até chorei. Este senhor (presidente, António Rosa) é um ditador”, refere o jogador que já apresentou o caso ao sindicato dos jogadores.