O caso já foi
apresentado ao sindicato dos jogadores…
AFASTADO DO
PLANTEL POR TER DEFENDIDO O IRMÃO QUE ESTAVA A SER INSULTADO E AGREDIDO NA
BANCADA
O ponta de lança Yoruba,
de 34 anos, com um vasto percurso de jogador e passagem por diversos clubes, passou
em Coruche por uma situação inexplicável que classifica de puro racismo e
originou o seu afastamento do plantel.
O caso ocorreu no dia 13
de Outubro, no final do jogo com o Almeirim e teve origem na bancada do Estádio
Municipal Prof. José Peseiro, onde se encontrava a assistir ao encontro o irmão
de Yoruba que descontente com o que se havia passado em campo ia fazendo alguns
comentários menos abonatórios à equipa que tinha perdido (1-3). Um sócio
mandou-o calar e mandou-o ir para a sua terra, gerou-se confusão e chegaram
mesmo a vias de facto. Com o jogo já terminado Yoruba vendo o que se estava a
passar foi à bancada em auxílio do seu irmão e acabou por ser afastado do
plantel.
“O que se passou foi um comportamento
verdadeiramente racista” diz o jogador que passou a explicar o que verdadeiramente
aconteceu. “O meu irmão estava na bancada a ver o jogo e foi manifestando o seu
descontentamento pelo facto de termos perdido. Um sócio do Coruchense, que segundo
consta havia sido dirigente em direcções anteriores, mandou-o calar e ir para a
sua terra, por ser de origem africana. O meu irmão respondeu-lhe que ele não sabia
qual era a sua terra e o tal senhor disse: está caladinho, tu não és de Coruche,
sai daqui. O meu irmão não se calou, o senhor chegou ao pé dele e deu-lhe uma
bolachada e o meu irmão respondeu da mesma forma. O jogo tinha terminado, eu olhei
para a bancada, vi o que se estava a passar, saltei a vedação e fui em auxílio
do meu irmão para serenar os ânimos”, conta o jogador que se apresentou na 3.ª feira
seguinte ao trabalho pensando que o assunto tinha ficado sanado mas na
realidade não foi isso que aconteceu, como descreve Yoruba.
Despedido após o treino
“No final do treino, o
presidente do clube, António Rosa, chamou-me para dizer que a situação que
tinha acontecido na bancada não era permitida no clube. Foi uma situação com o
teu irmão mas quem paga és tu. Vais ter que ir embora. Eu ainda perguntei se
havia alguma coisa comigo em relação à parte desportiva, ele disse que não, que
era só relativamente ao que se havia passado com o meu irmão”.
No treino de
quinta-feira os colegas quiseram saber o que se tinha passado com o Yoruba e
pediram a presença do presidente no balneário. Ele não queria, mas depois de
muitas insistências lá foi. “Não vim aqui para discutir com vocês nem para
dialogar, só vim dizer que a situação do Yoruba está resolvida. Se alguém
quiser ir embora que vá. Não me importa que o Coruchense suba ou desça de
divisão. Portanto, vocês é que sabem”, foi isto o que disse o presidente aos
meus colegas no balneário referiu Yoruba.
Tratamento desigual
Reforçando a sua posição
o jogador diz que tem testemunhas do que se passou e adianta que “houve colegas
que também saltaram para a bancada porque os pais se estavam a pegar com outros
adeptos. Eu referi isto ao presidente mas ele disse-me que eles já tinham sido
chamados à atenção mas como eram da terra não havia problemas”.
“O que aconteceu foi ridículo,
o adepto pode agredir e fazer comentários racistas mas o meu irmão não se pode
defender e eu por ir em seu auxílio é que paguei. Sinto que não fui respeitado e
até chorei. Este senhor (presidente, António Rosa) é um ditador”, refere o
jogador que já apresentou o caso ao sindicato dos jogadores.