Ricardo Faria diz que a equipa teve coragem e soube fazer
bem as coisas…
“SENTIMOS UM ORGULHO MUITO GRANDE POR CONSEGUIR TER
SUCESSO COM UMA FORMA DE JOGAR MUITO PRÓPRIA”
Apesar de ser o treinador campeão, Ricardo Faria não vai comandar a equipa no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão mas continuará ligado ao grupo para valorizar jogadores chineses, por sugestão dos investidores…
Sim,
no geral penso que sim. Fomos a equipa mais regular com mais vitórias e menos
derrotas, com mais golos marcados e menos sofridos. Resumindo, não tivemos
muitas oscilações e fomos mais consistentes que a maioria. Numa prova longa é
importante não haver períodos de dois jogos maus, um jogo é uma coisa pontual e
nós soubemos sempre dar uma resposta positiva a um mau resultado.
A subida de divisão
foi alcançada quando faltavam disputar ainda algumas jornadas mas a questão do
título ficou apenas decidida na penúltima. Teve algum sabor especial por ter
sido conquistado em casa do principal opositor?
Não.
Simplesmente aconteceu. Acreditámos sempre que era possível, tínhamos previsto
ir à Medideira discutir o título, não esperávamos ir lá com 4 pontos de vantagem
e mesmo que tivesse corrido mal ficávamos sempre em primeiro para a última
jornada, mas quisemos mostrar ali a nossa personalidade e arrumar de vez esse
assunto. Tal como fizemos contra o Comércio e Industria quando garantimos a
subida, onde ganhamos 5-0 num relvado muito difícil de jogar. De referir que o
jogo não foi fácil, o Amora tem uma boa equipa, o campo é pequeno e não ajuda
muito o nosso estilo de jogo, é mais propício ao jogo vertical e directo,
tivemos que alterar algumas coisas. Tivemos que nos tornar confortáveis com o
jogo, fomos competentes a defender os espaços e as coisas aconteceram a nosso
favor, a mentalidade de campeão estava lá, mesmo que não nos dê muito prazer
jogar daquela maneira os interesses do colectivo tiveram que imperar.
Título com um significado
muito especial
A luta com o Amora B
foi intensa ao longo do campeonato. Quando começou a sentir que poderia
realmente ser campeão?
Entre
a 18.ª e 19.ª jornada. Ganhámos ao Sesimbra e ao Palmela e o Amora B empatou
com o ADQC e perdeu com o Fabril. Estávamos em segundo com 3 pontos de
diferença do Amora “B” e em 2 jogos passámos para primeiro com vantagem de 2
pontos. Aí sim, sentimos que já não escapava. Encarámos os restantes jogos como
se fosse um jogo treino, com muita tranquilidade e sem pressão, e naturalmente
as vitórias aconteceram. Isto nos jogos, porque nos treinos a exigência
continuava. Foi nesta fase que começámos a marcar mais golos. Nunca mais saímos
do 1.º lugar e fomos a equipa que mais pontos fez nos últimos 9 jogos. Fizemos
25 pontos, o Alcochetense fez 19, o Galitos fez 16, o Fabril fez 15, o Amora
fez 12.
Que significado tem
para si a conquista deste título?
Muito
importante. Para mim, tem um significado especial pois é um corolário do meu
posicionamento enquanto treinador de formação pois ganhei com as ideias e a
identidade que as minhas equipas sempre demonstraram e que agora está bem
vincada. Para o clube, que nunca o tinha conseguido neste escalão. Para os
jogadores, que tiveram que aprender a ganhar, o que não foi fácil, porque
quando ganhas um jogo tens de ganhar o próximo, o que geralmente acontecia era
que descontraiam depois da cada vitória e o próximo jogo não era encarado da
mesma forma.
Tivemos que fazer muito coaching com eles. Começámos em Maio/Junho de 2018 a construir este grupo. Tínhamos juvenis do Olímpico Montijo que vinham da 2.ª divisão, a maioria dos jogadores de outros clubes eram todos de 1.º ano e perante este cenário apenas perspectivámos uma época tranquila, no meio da tabela.
Nunca
tivemos mais de 3 a 4 jogadores a jogar do 2.º ano, éramos praticamente todos
de 1º ano. Começámos nessa altura a preparar a equipa com as dinâmicas gerais
de organização ofensiva e defensiva. Quando voltámos em Setembro já tínhamos as
dinâmicas instaladas. E de facto nos 3 primeiros jogos tivemos dois empates e
uma vitória, depois arrancámos com 3 vitórias e fomos parar ao 2.º lugar. A
partir daí começámos a perceber que podíamos fazer algo que nos orgulhasse e
tivemos os 11 primeiros jogos sem perder. De referir que sentimos um orgulho
muito grande por conseguir ter sucesso com uma forma de jogar muito própria,
tivemos sempre mais vontade de ganhar do que medo de perder. Saíamos sempre a
jogar de trás com a bola controlada e ligámos o jogo com os médios,
procurávamos a baliza de forma controlada e organizada e aproveitávamos os
espaços que as outras equipas deixavam. Estamos a jogar aos pontos, é certo,
mas nós não sofremos golos a sair a jogar desde trás, portanto há que ter
coragem e saber fazer as coisas. É possível jogar assim, fazer a diferença e
ter sucesso. Não quero dizer com isso que jogamos sempre ao ataque, quando
tivemos de defender e sofrer também o fazíamos. Era muito difícil marcarem-nos
golo em jogada corrida.
Valorizar jogadores
chineses
As condições de
trabalho colocadas à disposição foram as ideais?
Sim,
não me posso queixar. Em termos de material sempre tivemos tudo o que precisámos.
Treinámos sempre em metade de um campo e só por um dia tínhamos durante 30
minutos o campo todo, mas demos o nosso melhor, com o que tínhamos.
Vai continuar como
treinador na próxima época?
Não,
não vou ficar como treinador no Nacional de Juniores, mas o grupo de
investidores quer que fique dentro do grupo para valorizar jogadores chineses. Mas,
ainda não há nada definitivo, estamos a negociar.
Prevêem-se muitas
alterações no plantel?
Algumas.
Pequenas afinações
Quer acrescentar algo
mais ao que já foi dito?
Queria
deixar uma palavra de apreço e de gratidão pelo empenho, compromisso e
qualidade que o João Santos, treinador adjunto, trouxe este ano ao grupo, para
ele uma experiência fora do que estava habituado em termos de escalão, mas que
fiquei muito agradecido por ter aceitado o meu convite. Agradecer também ao
Presidente do clube, João Monteiro, que nos acompanhou sempre. À SAD pela confiança,
apoio e disponibilidade do Sandro Geovetti e do Filipe David. Ao nosso director,
Pires, pela constante presença. Ao Viegas, fisioterapeuta, pela boa disposição
e competência que nos ajudou bastante. Aos jogadores, pois foi a construção de
um balneário coeso e amigo que tornou isto tudo mais fácil.