Pausa vai ser aproveitada
para repor equilíbrio e energias…
“DECIDI SAIR POR ENTENDER
QUE OUTRA LIDERANÇA PODERÁ TRAZER MAIS BENEFÍCIOS AO CLUBE”
Para além da sua actividade
profissional, Nuno Cláudio é um apaixonado pelo futebol e de alguns anos a esta
parte tem conciliado as duas coisas, desempenhando as funções de treinador.
Começou no Juventude
Castanheira, passou pelo Aveiras, seguiu-se a Quinta do Conde [onde permaneceu
época e meia] e posteriormente o Benavente de onde acaba de sair por entender
que não estavam reunidas as condições para alcançar os objectivos traçados pela
direcção.
Neste momento está parado
mas não esconde o desejo de poder voltar ao activo se o convite surgir, embora
não esteja obcecado por isso.
Na conversa que mantivemos,
Nuno Cláudio fala das razões que o levaram a sair do Benavente, em termos
comparativos dos campeonatos de Setúbal e Santarém e da sua disponibilidade
para abraçar novos projectos.
“Saí
num clima de excelente relação”
O
Nuno Cláudio esteve na ADQC onde realizou um trabalho bastante positivo mas
mudou-se para Benavente, de onde acaba por sair. Como foi esta sua passagem
pelo clube Ribatejano?
Foi uma passagem de época e
meia que considero positiva. O presidente António José Ganhão apresentou-me um
projecto que tinha basicamente duas metas: reorganizar e devolver dignidade ao
futebol sénior, e criar as condições para, nas suas palavras, devolver o
Benavente ao seu lugar natural, sendo que esse "lugar natural" corresponde
à primeira divisão de Santarém, na opinião dos responsáveis pelo clube. O
primeiro objectivo foi claramente consolidado, tendo em conta a forma como
decorreu todo o processo ao longo deste ano e meio em que servi o clube. De
facto, não subimos de divisão na época passada, não obstante termos perdido
apenas 3 em 20 jogos que disputámos. Este ano encetámos de novo essa luta mas,
a meu ver, era necessário estarem reunidas outras condições para atrair o
factor competitivo em quantidade suficiente que garantisse o equilíbrio da
equipa, porque a história e a grandeza inquestionáveis do clube não asseguram,
por si só, essa competitividade. Decidi sair por entender que outra liderança
poderá trazer mais benefícios e eventualmente conseguir acrescentar o que está
a faltar nesse contexto. Sai num clima de excelente relação e elevação com
todos, desde presidente, directores a jogadores, o que para mim significa uma
enorme vitória.
Semelhanças
ente Setúbal e Santarém
Tive por diversas vezes o
privilégio de falar consigo sobre as competições de Setúbal e certamente que o
senhor Pina se recorda que sempre utilizei a expressão "magia" para
classificar as duas divisões desse distrito nas quais competi, a primeira e a
segunda. Talvez tenha a ver com o facto de ter feito a minha formação de
treinador (Grau II) através da Associação de Futebol de Setúbal, ou até pelas
raízes familiares que tenho na região da Quinta do Conde, a verdade é que senti
um prazer imenso em disputar campeonatos nesse distrito. Comparativamente com
Santarém, considero haver muitas semelhanças: encontrei jogadores e dirigentes
competentes em ambos os distritos, e futebol intenso e jogado com paixão
igualmente em ambos os distritos.
Disponível
para voltar ao activo
Para
quem gosta de futebol estar parado deve ser um sacrifício. Está disponível para
abraçar outro projecto?
Por vezes a passagem pelo
sofá tem a vantagem de permitir reorganizar ideias, apurar conhecimentos e
recuperar o tempo perdido em outras vertentes da vida, normalmente
negligenciadas quando estamos em actividade. Qualquer treinador que sente
paixão pelo futebol está sempre disponível para voltar ao activo, e eu não sou
excepção, mas os últimos 5 anos foram muito exigentes a todos os níveis, pelo
que esta pausa vai ser muito bem aproveitada para repor equilíbrio e energias.
Não há qualquer obsessão por voltar a treinar e inclusive admito que tal possa
nem voltar a suceder, caso não surja o tal convite que desperte aquele
sentimento de chamamento irrecusável.
Sentimento
de realização pessoal
Tem
alguma preferência no que respeita a região. Gostaria de voltar a treinar no
distrito de Setúbal?
Pelo que afirmei nas
anteriores respostas, julgo que não restam dúvidas em relação ao que sinto
pelas competições do seu distrito. Mas independentemente da região, ou do
patamar, ou do escalão, o mais importante é o sentimento de realização pessoal.
Se me sentir bem, motivado e realizado, pode até ser em Trás-os-Montes ou para
lá do sol-posto. Se for compatível com a minha vida pessoal e profissional, e
se houver o tal "clic", é sempre uma opção.