José Oliveira, treinador de guarda-redes do Samouquense…
“UM GUARDA-REDES TEM QUE TER UMA PERSONALIDADE FORTE, SER
APLICADO NOS TREINOS, JOGAR BEM COM OS PÉS E SABER COMUNICAR DENTRO DO CAMPO”
José Oliveira, que na
época anterior representou o Alcochetense, é desde Setembro o treinador de todos
os guarda-redes da Associação Desportiva Samouquense que disputa presentemente
o Campeonato Distrital da 2.ª Divisão.
O antigo foi
jogador profissional de futebol, actualmente com 48 anos, fez a sua formação no
VFB Stuttgart (Alemanha), passou pelo Benfica no ano em que Toni e Jesualdo
Ferreira eram treinadores, foi treinado por Paulo Autuori no Marítimo, por
Carlos Alhinho no Ac. Viseu e por Raul Águas no Desp. Chaves, andou pela Suíça
e também jogou em Macau.
Como
treinador de guarda-redes passou pelo Barreirense, Pinhalnovense [onde trabalhou
com Paco Fortes, Paulo Fonseca e Francisco Barão], Olímpico do Montijo,
Pelezinhos, Palmelense e Alcochetense, antes de ingressar na AD Samouquense
onde exerce agora as suas funções.
O nosso jornal falou com
José Oliveira a quem colocou algumas questões sobre este seu novo projecto e
outros pormenores relacionados com as suas funções específicas que desempenha…
Esforço,
garra e determinação
Como
se está a dar com este novo projecto no Samouquense?
Abracei este novo projecto
como sempre faço, com vontade de ensinar o que aprendi ao longo dos anos da
minha carreira: garra, determinação, vontade e profissionalismo. Tenho estado a introduzir os
meus métodos de treino mas não tem sido nada fácil porque o clube não está
habituado a este tipo de trabalho mas o treino específico de guarda-redes
actualmente é fundamental. Hoje em dia um guarda-redes tem de saber jogar muito
com os pés, e eu introduzo sempre isso nos treinos que tenho programado. Os guarda-redes
do clube nunca tiveram este tipo de treinos, o que tenho estado a fazer requer
muita paciência e dedicação, mas acima de tudo paciência. Como eu não estou
habituado a isso as coisas não têm sido fáceis mas com o tempo o trabalho vai
ser recompensado. O esforço, a garra e a determinação
leva-me a acreditar neste projecto e estou convicto que no final todos irão
ouvir falar dos guarda-redes do Samouquense.
Da
praia ao sintético
Tem
muita gente (guarda-redes) a trabalhar consigo?
Como lamentavelmente só
fiquei a saber que não ficava no Alcochetense no final de Agosto só cheguei ao
Samouquense no início de Setembro, tinha apenas quatro guarda-redes. Depois, fiz
vários convites, alguns aceitaram mas outros declinaram os convites porque o estádio
se encontrava em obras. Comecei os treinos na praia do Samouco, lugar que desconhecia,
mas que tem um pano de fundo espectacular, o Rio Tejo e a cidade de lisboa. Fiz
vários treinos na praia, treinos específicos, programados à última da hora,
atendendo às circunstâncias, até ao meio do mês de Dezembro, altura em que comecei
a trabalhar no estádio que dispõe agora de um relvado de boa qualidade. De
início foi complicado porque tive por vezes que não dar treino pelo facto de não
haver luz. Mas a força de vontade em querer ajudar foi muito mais forte e conseguimos
superar a situação. Actualmente trabalho com 10 guarda-redes e estão para
chegar mais alguns a quem já enderecei o convite e aceitaram. Os guarda-redes da
equipa sénior fui eu que os fui buscar. O Costinha veio comigo do Alcochetense,
o Gameiro fui busca-lo ao FC Setúbal e o Tomás, dos juvenis, veio do Olímpico
do Montijo, os outros já estavam no clube. Agora, como em princípio vamos ter
uma equipa de juniores precisamos pelo menos de mais dois e neste sentido
aproveito para endereçar o convite aos interessados.
Aprender
com os melhores
Considera
importante que os clubes tenham apenas um treinador para todos os guarda-redes?
O ideal seria haver um
treinador para cada equipa mas como eu tenho o projecto de guarda-redes há
alguns anos e tenho uma vasta experiencia de treino em todos os escalões, desde
os seniores até à formação, não há qualquer tipo de problemas. O modelo que
utilizo é igual para todos (excepto em algumas coisa na formação), ou seja com intensidade,
ritmo, reflexos, concentração e rapidez. Como fui profissional de futebol e
tive o privilégio de ter excelentes treinadores fui aprendendo com eles ao longo
da minha carreira. Para além disso, mantenho também contactos com treinadores de
outras Ligas com quem falo e troco opiniões, principalmente da Alemanha que é a
minha escola, da inglesa e da brasileira.
Diogo
Arreigota e Crespo
Quais as principais características que um guarda-redes deve ter para poder
singrar no futebol?
É fundamental gostar de
treinar, ter uma personalidade e ser psicologicamente forte, ter carácter, ser aplicado
nos treinos, poder de concentração, saber jogar bem com os pés, o posicionamento
na baliza e saber comunicar, dentro do campo. Importante é também o tipo de
treino que se dá e os métodos que se aplicam. Se não houver continuidade no
trabalhar que estamos a desenvolver vai tudo por água-abaixo. É gratificante
para mim ver a evolução de alguns como é o caso do Diogo Arreigota e do Crespo
que trabalharam comigo no Olímpico do Montijo e Pinhalnovense. E uma grande
satisfação quando se vai num centro comercial e se ouve alguém chamar mister.
De repente ficamos na dúvida mas depois a imagem vem à memória e ficamos todos
muito contentes porque acima de tudo entre nós fica a amizade.