Desgaste causado pelo futebol de praia foi uma das causas…
“ACONTECERAM COISAS INESPERADAS COM AS QUAIS NÃO ESTÁVAMOS A CONTAR”
Em
entrevista ao nosso jornal Álvaro Mendes explica as razões que o levaram a sair
do Sesimbra clube onde era acarinhado por todos incluindo adeptos e direcção.
que tudo fez para o demover da decisão.
Álvaro Mendes aproveitou para desejar as maiores felicidades ao clube, à nova
equipa técnica e pediu aos jogadores que ajudasse a atingir os objectivos.
O Álvaro saiu de forma
inesperada do GD Sesimbra, a que se ficou a dever esta tomada de posição?
São situações normais do futebol. Antes de falar sobre isso quero agradecer
aos adeptos que sempre me trataram muito bem, ao departamento médico, técnico
de equipamentos, à minha equipa técnica e à direcção. E aqui, tenho que fazer
um pedido público de desculpas ao presidente que fez tudo para eu continuar,
como esteve quase a acontecer.
Passei 14 meses muito bons em Sesimbra. O ano passado fizemos uma excelente
época e para esta colocámos a fasquia ainda mais alta só que posteriormente aconteceram
coisas inesperadas com as quais não estávamos a contar e o objectivo ficou em
causa. Nada teve a ver com resultados porque, apesar de termos participado no
chamado grupo da morte, fomos apurados na Taça AF Setúbal e no campeonato
havíamos perdido com dois dos candidatos, Cova da Piedade e Oriental Dragon.
Acontece que o clube esteve envolvido noutra competição, o Futebol de
Praia, onde conseguiu a subida à Divião de Elite e nela participaram também
oito ou nove jogadores da equipa de futebol. Ao longo de três meses esses
jogadores tiveram um desgaste enorme e começaram a trabalhar na pré-época um
dia depois de ter terminado o Campeonato de Futebol de Praia; ou seja, não
tiveram férias.
Como é evidente, isto trouxe um desgaste enorme e dois meses depois de
termos iniciado a preparação constatei que estava a haver alguma resistência no
grupo de trabalho e que os jogadores em termos físicos não podiam dar mais.
Neste sentido, depois de ponderar bem entendi que o melhor para mim e para o
clube era a minha saída. Muita gente não entendeu mas quem trabalhava
diariamente com eles era eu.
Tenho a consciência da excelente relação que tinha com a direcção e que as
pessoas não queriam que eu saísse mas o grande prejudicado fui eu porque deixei
de estar em actividade.
A decisão não foi
prematura?
Não, de foram nenhuma. A partir de certa comecei a perceber que não iria
conseguir fazer um trabalho igual ao que havia sido feito na época anterior devido
ao desgaste dos jogadores que não davam resposta nos treinos e por muita gestão
que pudesse fazer não seria fácil porque se tratava de muitos jogadores e
alguns deles eram habituais titulares. E, depois porque daqui a algum tempo
esses mesmos jogadores iriam ser chamados de novo ao futebol de praia e que era
aí que estavam concentrados por se tratar de uma competição com mais
visibilidade.
Eu compreendo isso mas acontece que equipa técnica assumiu no início da
época que iria querer mais este ano e que não estava a contar com isto. Com o decorrer
do tempo apercebermo-nos que ia ser muito complicado lutar pelo objectivo. Mas,
volto a frisar, nada disto tem a ver com questões entre a equipa técnica e a direcção
porque a relação era sensacional. Hoje tenho uma relação de amizade muito
próxima com o presidente e gostei muito de trabalhar no Sesimbra.
Fiquei triste mas por vezes temos que tomar decisões que nos custou muito e
esta foi uma delas. Aproveito para desejar as maiores felicidades ao Sesimbra e
à nova equipa técnica e espero que os jogadores a ajudem a atingir os objectivos.
E agora o Álvaro
Mendes vai estar receptivo a convites que possam surgir?
Sim, neste momento sou um treinador disponível. Se aparecer um convite será
analisado mas não vivo obcecado por isso porque não estou dependente do
futebol. Contudo, confesso que passou apenas uma semana mas já tenho saudades
do treino.