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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

PEDRO MACEDO»» Afastado da equipa de juniores do Fabril

Treinador fica agora a aguardar que o telefone toque…

“O MEU MAIOR DESEJO SERIA ‘VIVER’ NO FUTEBOL PROFISSIONAL”

Pedro Macedo, de 41 anos, foi afastado do comado técnico da equipa de Juniores do Desportivo Fabril que actualmente se encontra em 3.º lugar no Campeonato Distrital.

A diferença pontual em relação aos Pescadores e Barreirense não é muito acentuada [um e sete pontos respectivamente] mas a insatisfação pelos dois últimos resultados [derrota na Trafaria e empate no Lavradio com os Pescadores] acabaram por influenciar o seu afastamento do clube que representava desde a época de 2015/2016.

Tendo em conta a situação o nosso jornal conversou com Pedro Macedo sobre o passado, o presente e aquilo que espera para o futuro. 

Regressar ao futebol sénior é agora aquilo que mais deseja embora reconheça que neste momento não é fácil porque todas as equipas estão em competição. 

Saber esperar é uma virtude e Pedro Macedo parece não ter pressa...


“Para mim o futebol não é isto”

Foi com alguma surpresa que recebemos a notícia do seu afastamento da equipa de juniores do Fabril. Que se passou concretamente para que isso tivesse acontecido?
Também foi com surpresa que, na passada 2.ª feira de manhã, fui contactado por um dos directores, a informar que não daria treino pois estava dispensado! Mais tarde, em reunião mantida com o Sr. Presidente, foi-me comunicado a decisão do clube, sendo que, apenas os maus resultados foram a consequência dessa decisão.

Sai magoado com alguém?
Não. Infelizmente o mundo do futebol vive de resultados. Independentemente se estás no futebol profissional ou amador, nacional ou distrital, se obtiveres bons resultados o teu trabalho é valorizado, se acontecer o inverso, surgem situações como foi o meu despedimento. Isto passou-se comigo no Fabril mas estou certo passa-se o mesmo com o treinador principal do Real Madrid ou FC Porto.
Alguém me disse que “isto é o futebol”, ao que respondi que para mim o futebol não é isto. Considero injusto esta forma de procedimento e esta é a forma de actuar em muitos sítios do mundo e em qualquer modalidade.
Enquanto treinador de futebol tenho de estar preparado para o que aconteceu e isso para mim não é novidade, pois estou nesta actividade sabendo que em muitos casos são estas as regras do jogo.
Não importa que realizes boas sessões de treino, que tenhas um grupo de atletas disciplinado, assíduo e compromissado e que coloques organização e conhecimento em todas as acções, pois se o desempenho e consequente resultado desportivo não for o desejado, tudo se desmorona e de nada serve.
Este é, um pouco, o reflexo do que é o desporto de competição!


“Foi extremamente feliz a minha passagem pelo clube”

Qual o balanço que faz desta passagem pelo Fabril?
Antes de abordar o balanço, não poderia deixar passar a ocasião de referir que a minha entrada no GD Fabril, deveu-se essencialmente a algumas pessoas que gostaria de destacar, nomeadamente ao director e ex-director, Zé Miguel e Paulo Paiva, respectivamente assim como ao Presidente António Fernandes e vice-presidente Rui Ropio. Lembro que aquando da minha primeira reunião com o clube, existia um conjunto de currículos de treinadores de futebol, sendo que o meu foi o escolhido para o lugar no decorrer da época 2015/2016. Além disso, com a entrada da nova e actual direcção do clube, tenho de destacar igualmente o interesse que o actual Presidente Faustino Mestre, sempre manifestou na minha continuidade, situação que me satisfez. Assim, tenho de agradecer a este conjunto de pessoas o ingresso numa instituição tão histórica e que me orgulhei de a representar, considerando um “gigante adormecido” que tem todas as condições para se estabelecer ainda mais no panorama desportivo nacional.
Relativamente ao balanço desportivo da minha passagem pelo clube, considero-o, de relevo e bastante positivo. Nos 63 jogos disputados, foram obtidas 40 vitórias, 10 empates e 13 derrotas, num total de 151 golos marcados e 60 sofridos. Nas 2 épocas completas (2015/16 e 2016/17), consegui obter um 4º e 2º lugar na classificação, sendo desde a temporada de 2006/2007, ano em que o GD Fabril, foi campeão distrital de juniores, as melhores prestações colectivas neste escalão. São factos comprovados e recordo que a maior percentagem de derrotas foi obtida na condição de visitado, de certa forma porque na realidade é muito difícil jogar no relvado do Estádio João Pedro. A par disso, estive a escassos pontos percentuais de vencer uma taça disciplina. Depois, e talvez mais importante de tudo, consegui criar uma estabilidade de resultados, de desempenhos, de qualidade de trabalho e fundamentalmente de aproveitamento do excelente trabalho efectuado nas escolas de formação, que estou em crer irão permitir muito brevemente a obtenção de resultados desportivos mais relevantes, até porque na próxima época haverá uma excelente base de atletas que permitirão alcançar esses objectivos.
Por fim, faço igualmente um balanço positivo relativamente à aquisição de competências pessoais e valores humanos. Sair do GD Fabril e conseguir adquirir algumas “amizades” no futebol, faz-me crer que foi extremamente feliz a minha passagem pelo clube. Não preciso referir nomes pois as pessoas em causa são conhecedoras deste meu sentimento, sendo que, entre outros, todos os atletas que tive o prazer de comandar estão obviamente nesse rol.



“A minha prioridade será regressar ao futebol sénior”

E, agora o que vai fazer?
Para já estar com a família. Não só porque estamos a viver a época natalícia e onde os laços familiares devem sair reforçados, mas porque ao longo do tempo são eles os mais prejudicados com a nossa actividade de treinador.
Depois e como ambicioso que sou, procurarei aguardar que chegue uma nova oportunidade. Terei de acompanhar os campeonatos, o momento das equipas e seus atletas e de acordo com a minha forma de estar e actuar no desporto e neste caso no futebol, procurar que exista uma oportunidade de regressar a uma equipa de futebol, sendo que a minha prioridade será regressar ao futebol sénior.

Está disponível para abraçar outro projecto?
Sou treinador de futebol, já demonstrei que estou disposto a abraçar qualquer nova oportunidade, sendo que neste momento a minha ideia passa por liderar uma equipa que possa estar num patamar superior em termos de formação e/ou uma formação sénior. Não será fácil que isso suceda, não só porque sei que existem imensos colegas sem clube e desejosos de regressar ao activo mas também porque de momento as equipas estão em competição.


“Já tive oportunidade de estar em competições nacionais

Na sua carreira de treinador tem algumas passagens pelo escalão sénior e também pelos campeonatos nacionais. Era aí que gostava de estar?
Honestamente o meu maior desejo seria “viver” no futebol profissional. Era aí que gostava mesmo de estar e sinto-me em condições para realizar esse meu desejo e vontade. Por outro lado, tenho de ser realista e perceber o quão difícil é chegar a esse nível pois são muito poucos os que conseguem atingir esse patamar.
Tive oportunidade de estar em competições nacionais, quer enquanto treinador adjunto acompanhando o mister Manuel Correia, quer enquanto treinador principal. Além disso, concluí a época passada na equipa sénior do GD Fabril realizando 2 jogos na fase de descida do Campeonato de Portugal. Vencemos o jogo em casa por 4-1 e infelizmente perdemos em Sintra 3-2. Apesar de tudo, esta boa prestação, não impediu que a equipa descesse aos campeonatos distritais.
Senti-me confortável e consegui perceber que reúno todas as condições para estar em competições semelhantes, assim como retomar a liderança de equipas seniores.



“Foi pena não ter sido possível concluir algo que esperava”

Que terá ficado ainda por dizer nesta conversa?
De novo agradecer às pessoas que me permitiram representar um clube referência a nível nacional. Estou certo que dos 27 remates que a minha ex-equipa fez no jogo na Trafaria alguns deles fossem concretizados em golo e que se os Pescadores no último sábado aos 86’ no último remate que faz, em vez de a bola embater no poste e dirigir-se para a baliza, fosse em outra direcção, não tenho dúvidas que a decisão, tomada pelos atuais responsáveis, teria sido adiada.
Cada treinador tem a sua forma de agir, relacionar, liderar, treinar e no meu caso pessoal entreguei-me muito ao “projecto Fabril” pois sabia que tinha condições para elevar o nome do clube. Esse objectivo foi conseguido e tive pena de não me ter sido possível concluir algo que esperava ser atingível. No entanto os números que obtive ao serviço do clube são significativos de ter percorrido um percurso positivo, mas não esconde o desapontamento que senti quando me dispensaram, sobretudo porque a entrega, o rigor e aplicação foram enormes e quando assim é, tudo se torna mais decepcionante, em sentido contrário sou um treinador que se encontra de consciência tranquila, cabeça levantada e acima de tudo com o sentimento de dever cumprido.
Uma palavra final para a todo o meu antigo grupo de trabalho (onde incluo o fisioterapeuta e técnico de equipamentos). Formámos um excelente grupo ao qual irei ter saudades de todos, esperando que não tenha defraudado as expectativas e desejando que consigam alcançar os novos objectivos com próxima equipa técnica.

Por último, volto a agradecer o contacto do Sr. Pina e não me canso de enaltecer o prestimoso serviço que dedica ao desporto do distrito, com a quase diária e permanente actualização de notícias, desejando a todos os agentes desportivos e a quem tem por hábito consultar o Jornal de Desporto, umas Festas Felizes e um Ano Novo muito próspero.