Treinador fica agora a
aguardar que o telefone toque…
“O MEU MAIOR DESEJO
SERIA ‘VIVER’ NO FUTEBOL PROFISSIONAL”
Pedro Macedo, de 41 anos, foi afastado do comado
técnico da equipa de Juniores do Desportivo Fabril que actualmente se encontra em
3.º lugar no Campeonato Distrital.
A diferença pontual em relação aos Pescadores e
Barreirense não é muito acentuada [um e sete pontos respectivamente] mas a
insatisfação pelos dois últimos resultados [derrota na Trafaria e empate no
Lavradio com os Pescadores] acabaram por influenciar o seu afastamento do clube
que representava desde a época de 2015/2016.
Tendo em conta a situação o nosso jornal conversou
com Pedro Macedo sobre o passado, o presente e aquilo que espera para o futuro.
Regressar ao futebol sénior é agora aquilo que mais deseja embora reconheça que neste momento não é fácil porque todas as equipas estão em competição.
Saber esperar é uma virtude e Pedro Macedo parece não ter pressa...
“Para mim o futebol não é isto”
Foi
com alguma surpresa que recebemos a notícia do seu afastamento da equipa de
juniores do Fabril. Que se passou concretamente para que isso tivesse
acontecido?
Também foi com surpresa
que, na passada 2.ª feira de manhã, fui contactado por um dos directores, a
informar que não daria treino pois estava dispensado! Mais tarde, em reunião
mantida com o Sr. Presidente, foi-me comunicado a decisão do clube, sendo que,
apenas os maus resultados foram a consequência dessa decisão.
Sai
magoado com alguém?
Não. Infelizmente o
mundo do futebol vive de resultados. Independentemente se estás no futebol
profissional ou amador, nacional ou distrital, se obtiveres bons resultados o
teu trabalho é valorizado, se acontecer o inverso, surgem situações como foi o
meu despedimento. Isto passou-se comigo no Fabril mas estou certo passa-se o
mesmo com o treinador principal do Real Madrid ou FC Porto.
Alguém me disse que
“isto é o futebol”, ao que respondi que para mim o futebol não é isto.
Considero injusto esta forma de procedimento e esta é a forma de actuar em
muitos sítios do mundo e em qualquer modalidade.
Enquanto treinador de
futebol tenho de estar preparado para o que aconteceu e isso para mim não é
novidade, pois estou nesta actividade sabendo que em muitos casos são estas as
regras do jogo.
Não importa que realizes
boas sessões de treino, que tenhas um grupo de atletas disciplinado, assíduo e
compromissado e que coloques organização e conhecimento em todas as acções,
pois se o desempenho e consequente resultado desportivo não for o desejado,
tudo se desmorona e de nada serve.
Este é, um pouco, o
reflexo do que é o desporto de competição!
“Foi extremamente feliz a minha passagem pelo clube”
Qual
o balanço que faz desta passagem pelo Fabril?
Antes de abordar o
balanço, não poderia deixar passar a ocasião de referir que a minha entrada no
GD Fabril, deveu-se essencialmente a algumas pessoas que gostaria de destacar,
nomeadamente ao director e ex-director, Zé Miguel e Paulo Paiva,
respectivamente assim como ao Presidente António Fernandes e vice-presidente
Rui Ropio. Lembro que aquando da minha primeira reunião com o clube, existia um
conjunto de currículos de treinadores de futebol, sendo que o meu foi o
escolhido para o lugar no decorrer da época 2015/2016. Além disso, com a
entrada da nova e actual direcção do clube, tenho de destacar igualmente o
interesse que o actual Presidente Faustino Mestre, sempre manifestou na minha
continuidade, situação que me satisfez. Assim, tenho de agradecer a este conjunto
de pessoas o ingresso numa instituição tão histórica e que me orgulhei de a
representar, considerando um “gigante adormecido” que tem todas as condições
para se estabelecer ainda mais no panorama desportivo nacional.
Relativamente ao balanço
desportivo da minha passagem pelo clube, considero-o, de relevo e bastante
positivo. Nos 63 jogos disputados, foram obtidas 40 vitórias, 10 empates e 13
derrotas, num total de 151 golos marcados e 60 sofridos. Nas 2 épocas completas
(2015/16 e 2016/17), consegui obter um 4º e 2º lugar na classificação, sendo
desde a temporada de 2006/2007, ano em que o GD Fabril, foi campeão distrital
de juniores, as melhores prestações colectivas neste escalão. São factos
comprovados e recordo que a maior percentagem de derrotas foi obtida na
condição de visitado, de certa forma porque na realidade é muito difícil jogar
no relvado do Estádio João Pedro. A par disso, estive a escassos pontos
percentuais de vencer uma taça disciplina. Depois, e talvez mais importante de
tudo, consegui criar uma estabilidade de resultados, de desempenhos, de
qualidade de trabalho e fundamentalmente de aproveitamento do excelente
trabalho efectuado nas escolas de formação, que estou em crer irão permitir
muito brevemente a obtenção de resultados desportivos mais relevantes, até
porque na próxima época haverá uma excelente base de atletas que permitirão
alcançar esses objectivos.
Por fim, faço igualmente
um balanço positivo relativamente à aquisição de competências pessoais e
valores humanos. Sair do GD Fabril e conseguir adquirir algumas “amizades” no
futebol, faz-me crer que foi extremamente feliz a minha passagem pelo clube.
Não preciso referir nomes pois as pessoas em causa são conhecedoras deste meu
sentimento, sendo que, entre outros, todos os atletas que tive o prazer de
comandar estão obviamente nesse rol.
“A minha prioridade será regressar ao futebol sénior”
E,
agora o que vai fazer?
Para já estar com a
família. Não só porque estamos a viver a época natalícia e onde os laços
familiares devem sair reforçados, mas porque ao longo do tempo são eles os mais
prejudicados com a nossa actividade de treinador.
Depois e como ambicioso
que sou, procurarei aguardar que chegue uma nova oportunidade. Terei de
acompanhar os campeonatos, o momento das equipas e seus atletas e de acordo com
a minha forma de estar e actuar no desporto e neste caso no futebol, procurar
que exista uma oportunidade de regressar a uma equipa de futebol, sendo que a
minha prioridade será regressar ao futebol sénior.
Está
disponível para abraçar outro projecto?
Sou treinador de
futebol, já demonstrei que estou disposto a abraçar qualquer nova oportunidade,
sendo que neste momento a minha ideia passa por liderar uma equipa que possa
estar num patamar superior em termos de formação e/ou uma formação sénior. Não
será fácil que isso suceda, não só porque sei que existem imensos colegas sem
clube e desejosos de regressar ao activo mas também porque de momento as
equipas estão em competição.
“Já tive oportunidade de estar em competições nacionais”
Na
sua carreira de treinador tem algumas passagens pelo escalão sénior e também
pelos campeonatos nacionais. Era aí que gostava de estar?
Honestamente o meu maior
desejo seria “viver” no futebol profissional. Era aí que gostava mesmo de estar
e sinto-me em condições para realizar esse meu desejo e vontade. Por outro
lado, tenho de ser realista e perceber o quão difícil é chegar a esse nível
pois são muito poucos os que conseguem atingir esse patamar.
Tive oportunidade de
estar em competições nacionais, quer enquanto treinador adjunto acompanhando o
mister Manuel Correia, quer enquanto treinador principal. Além disso, concluí a
época passada na equipa sénior do GD Fabril realizando 2 jogos na fase de
descida do Campeonato de Portugal. Vencemos o jogo em casa por 4-1 e
infelizmente perdemos em Sintra 3-2. Apesar de tudo, esta boa prestação, não
impediu que a equipa descesse aos campeonatos distritais.
Senti-me confortável e
consegui perceber que reúno todas as condições para estar em competições
semelhantes, assim como retomar a liderança de equipas seniores.
“Foi pena não ter sido possível concluir algo que
esperava”
De novo agradecer às
pessoas que me permitiram representar um clube referência a nível nacional.
Estou certo que dos 27 remates que a minha ex-equipa fez no jogo na Trafaria alguns
deles fossem concretizados em golo e que se os Pescadores no último sábado aos
86’ no último remate que faz, em vez de a bola embater no poste e dirigir-se
para a baliza, fosse em outra direcção, não tenho dúvidas que a decisão, tomada
pelos atuais responsáveis, teria sido adiada.
Cada treinador tem a sua
forma de agir, relacionar, liderar, treinar e no meu caso pessoal entreguei-me
muito ao “projecto Fabril” pois sabia que tinha condições para elevar o nome do
clube. Esse objectivo foi conseguido e tive pena de não me ter sido possível
concluir algo que esperava ser atingível. No entanto os números que obtive ao
serviço do clube são significativos de ter percorrido um percurso positivo, mas
não esconde o desapontamento que senti quando me dispensaram, sobretudo porque
a entrega, o rigor e aplicação foram enormes e quando assim é, tudo se torna
mais decepcionante, em sentido contrário sou um treinador que se encontra de
consciência tranquila, cabeça levantada e acima de tudo com o sentimento de
dever cumprido.
Uma palavra final para a
todo o meu antigo grupo de trabalho (onde incluo o fisioterapeuta e técnico de
equipamentos). Formámos um excelente grupo ao qual irei ter saudades de todos,
esperando que não tenha defraudado as expectativas e desejando que consigam
alcançar os novos objectivos com próxima equipa técnica.
Por último, volto a
agradecer o contacto do Sr. Pina e não me canso de enaltecer o prestimoso
serviço que dedica ao desporto do distrito, com a quase diária e permanente
actualização de notícias, desejando a todos os agentes desportivos e a quem tem
por hábito consultar o Jornal de Desporto, umas Festas Felizes e um Ano Novo
muito próspero.