Dirigente deixa
a instituição 28 anos depois de ter entrado…
“SÓ COM A COLABORAÇÃO DE TODOS É POSSÍVEL APRESENTAR RESULTADOS E
ERGUER BEM ALTO O NOME DA AF SETÚBAL”
Joaquim Sousa Marques cessou ontem funções de presidente da
Associação de Futebol de Setúbal, cargo que ocupava desde 1998.
Na sua última intervenção como presidente, que foi muito aplaudida
pelos presentes, Sousa Marques fez uma breve resenha daquilo que a foi sua
passagem pela AF Setúbal, da sua evolução, do trabalho realizado, do que ficou
ainda por fazer. E, por fim, deixou os votos de grande sucesso para o seu
sucessor.
Eis, na íntegra, o seu discurso:
“Em primeiro lugar gostaria de agradecer esta oportunidade para
fazer uma última intervenção na qualidade de Presidente da Direcção Associação
de Futebol de Setúbal, num momento em que estou prestes a terminar estas minhas
funções.
De facto estava longe de imaginar que, quando iniciei funções nos
órgãos sociais da AFS no dia 25/11/1988, como vogal do Conselho de Contas,
apenas iria deixar estas funções desta natureza 28 anos depois, dos quais quase
21 anos, desde Janeiro de 1996, com funções executivas na Direcção.
Encerro aqui um ciclo em que assumi as funções de Presidente da
Direcção, durante 18 anos, desde Dezembro de 1998.
Todo o trabalho realizado só foi possível com a colaboração dos
meus colegas dos diferentes executivos, dos restantes órgãos sociais, dos
funcionários da Associação, dos clubes filiados, dos núcleos de árbitros, e dos
parceiros da AF Setúbal, que de uma forma generalizada sempre colaboraram e
ajudaram o meu trabalho.
Sexto
lugar no ranking nacional
Ao longo destes 18 anos foi possível crescer de forma
significativa a nossa actividade e fazer com que a AF Setúbal pudesse atingir o
6.º lugar no ranking nacional.
Se na época 1998/99 estavam inscritos na Associação 5.400 atletas,
a realidade actual, relativa à época 2015/16, registou quase 10.000 atletas
inscritos, e é bem reveladora deste nosso crescimento.
Se na época 1998/99 se realizaram 13 competições que
corresponderam a um número de jogos que não chegou aos 3.000, já em 2015/16
realizaram-se quase 7.000 jogos, em 40 competições.
A par do crescimento generalizado nos escalões tradicionais, com
especial enfase no Futebol de 7, é neste período que é possível apostar no
Futsal e integrá-lo nas nossas competições, assim como apostar nos escalões de
recreação, Petizes e Traquinas, no Futebol Feminino, e no Futebol de Praia,
este último um fenómeno mais recente, mas que nos leva ao topo nacional em
termos de representatividade.
Durante este período foi ainda possível estabilizar as contas da
Associação, permitindo nas últimas épocas atribuir subsídios aos clubes em
função dos resultados obtidos, adquirir património próprio que permitiu
melhorar as condições de trabalho e lançar a semente para estender esse
património ao campo desportivo.
Sair com a sensação de
dever cumprido
Vou sair com a sensação de dever cumprido, com orgulho no trabalho
realizado, de ter feito tudo o que estava ao alcance das minhas possibilidades
e conhecimentos.
Sempre pensei com a minha cabeça, privilegiei o diálogo e os
consensos e tomei as decisões que considerei adequadas, como é óbvio não
isentas de erros, mas, prognósticos no final do jogo são fáceis.
Foi muito gratificante e enriquecedor ter assumido estas funções e
agradecendo a todos, sem excepção, o terem proporcionado o trilhar deste longo
caminho que me permitiu fazer muitos amigos de Norte a Sul do Distrito, e que
vou guardar para todo o sempre.
Saio sem ressentimentos de ninguém, ainda que os factos que
alguns, procuraram criar nesta fase final do mandato, e que se verificaram no
período pré-eleitoral, não dignifiquem o Futebol e o trabalho que é feito por
todos os que fazem parte da família do futebol distrital, na AF Setúbal, nos
seus clubes, os árbitros e seus dirigentes.
De facto, há muito entendo que o diálogo e o consenso deve
procurar ser a forma de se estar na vida, e o futebol não deve, nem pode, ser excepção.
Quem me conhece, sabe bem que sou moderado e procuro também ser
moderador. Que não ataco pessoas, antes defendo princípios. Que não alimento
polémicas, nem dou importância a afirmações efectuadas relativas à minha honra
e dignidade, não por cobardia, mas porque não me ofende quem quer, mas sim quem
pode.
Perdoem-me a imodéstia, mas o trabalho que realizei ao serviço da
AF Setúbal, ao serviço do futebol, possibilita a todos aqueles que trilham
estes caminhos, avaliar e avaliar-me em termos de disponibilidade, de
personalidade, de empenhamento e de caracter. Não enjeito o meu passado. Sempre
estive disponível para trabalhar e para aprender, e para acima de tudo ajudar
os clubes e os árbitros, na sua luta diária.
Saio de cabeça erguida como sempre estive, estou e estarei.
Mas tudo isto já faz parte do passado e o que é preciso agora é
olhar para o futuro, com capacidade de trabalho e com vontade de vencer.
Nos dias
que correm ser dirigente não é fácil
É justo e importante realçar o trabalho que, ao longo de 89 anos
de vida da Associação, tem sido desenvolvido por todos os nossos filiados, que
são a razão da existência da Associação e que, pelo trabalho efectuado, tem
permitido atingir a expressão que possuímos no futebol nacional.
Neste momento, o que é importante é agradecer a todos os membros
que compõem o elenco que vai ser empossado, a disponibilidade manifestada,
porque nos dias que correm ser dirigente não é fácil, exerça-se esta função num
clube ou numa associação de clubes, e, com o empenhamento colocado no
desempenho destas funções, quem sai prejudicada é a vida familiar e a vida
profissional. Mas, como diz o ditado, quem corre por gosto não cansa.
É também importante recordar aqueles, que tendo passado pelos
órgãos sociais da instituição, e que, sem a paixão clubista normalmente
associada a este fenómeno, mas antes com uma enorme dedicação à causa do futebol,
permitiram um contínuo crescimento da modalidade neste Distrito, que tanto tem
dado ao desporto nacional.
É do conhecimento público e unanimemente reconhecido, que somos os
herdeiros de um passado com uma riqueza enorme, recheado de feitos, de pessoas e
de instituições que contribuíram para a história do futebol nacional e até
internacional.
Alguns
projectos ficaram por realizar
Contudo, sem esquecer o passado, é de olhos postos no futuro que
temos que desenvolver o nosso trabalho. O futuro é já amanhã e está pejado de
obstáculos de vária ordem que condicionam diariamente a actividade, mas não se
devemos perder de vista que um dos principais objectivos a atingir é o da
formação dos jovens praticantes, numa perspectiva de crescimento e de evolução
da modalidade.
Alguns projectos ficaram por realizar particularmente o do centro
de treinos, mas estou convencido que esse desiderato vai ser atingido porque se
justifica, é necessário e permite um salto qualitativo no trabalho a realizar.
Por tudo isto gostaria de desejar felicidades e os maiores êxitos
a quem vai ser empossado e colocar-me à disposição para ajudar em tudo o que
entenderem que a minha colaboração pode ser útil.
O tempo dos senadores já vai longe, muito longe.
O pensamento que depois de mim o caos, não se aplica.
As
capacidades do Francisco Cardoso
Só com a colaboração de todos é possível, apresentar resultados e
erguer bem alto o nome da AF Setúbal.
Conheço muitos dos que estão prestes a tomar posse e sem querer
particularizar gostaria de publicamente enaltecer as capacidades do Francisco
Cardoso, que me vai substituir, e que, pelas suas características em termos de
capacidade de trabalho, de conhecimento desta realidade, de diálogo, de
frontalidade e de honestidade moral e intelectual, e, pela equipa que soube
escolher e que com ele vai trabalhar, estou perfeitamente convencido que dá
garantias e que vai ter êxito nesta tarefa que está prestes a iniciar-se.
À intervenção de despedida de funções de Joaquim Sousa Marques
ninguém ficou indiferente, e foram fortes os aplausos, num sinónimo de grande
reconhecimento pela longa jornada dinamizada em prol da instituição.