ARBITRAGEM»» Presidente do CA em entrevista - JORNAL DE DESPORTO

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quinta-feira, 14 de julho de 2016

ARBITRAGEM»» Presidente do CA em entrevista


Aníbal Guerreiro mostra-se satisfeito com o trabalho desenvolvido…


“DESDE QUE ESTOU À FRENTE DO CA ESTA FOI A ÉPOCA QUE DECORREU COM MENOS PROBLEMAS”


A arbitragem setubalense que em tempos não muito longínquos chegou a ser um dos expoentes máximos a nível nacional com vários árbitros na 1.ª categoria e alguns internacionais, que foram obrigados a abandonar por terem atingido o limite de idade, foi perdendo algum espaço porque não acautelou o futuro. Mas, o mau tempo parece que já lá vai.  

Aníbal Guerreiro, 59 anos, engenheiro de profissão e ex-árbitro de futebol dos quadros nacionais, que desde 2012 exerce o cargo de presidente do Conselho de Arbitragem, tem trabalhado juntamente com a sua equipa de colaboradores de forma bastante activa no desempenho das suas funções e o resultado está à vista.

A AF Setúbal está de facto a recuperar algum do espaço perdido e as classificações relativas à época que recentemente terminou são exemplo disso mesmo.

Mas, ninguém melhor que ele próprio para falar da actual realidade da arbitragem setubalense, tanto a nível nacional como a nível distrital. Neste sentido, lançámos-lhe o desafio que foi aceite de imediato.

Na entrevista efectuada, Aníbal Guerreiro, não só analisa a época finda como perspectiva a próxima, assim como se prontificou a abordar questões pertinentes como é o caso das nomeações, da sugestão deixada em aberto pelos treinadores sobre a realização de um seminário para clarificar algumas situações e melhorar as coisas que estão menos bem e ainda das eleições para os corpos sociais da AF Setúbal, que se deverão realizar até ao final de 2016.  



“Balanço de 2015/2016 no cômputo geral é positivo”

Concluída a época 2015/2016, qual o balanço que se pode fazer da arbitragem setubalense, começando pelos quadros nacionais quer de futebol quer de futsal?
O balanço que se pode fazer no cômputo geral é positivo.
No futebol, há a registar a despromoção de um assistente e a saída de outro por limite de idade, mas em contrapartida essa descida será colmatada pela ascensão de outro assistente.
Em C2 tivemos a manutenção de todos os que lá estavam havendo a hipótese de entrar um em estágio para acesso a C1 mas não conseguiu superar as provas e foi o mesmo reforçado com a entrada de mais um árbitro vindo do estágio C3 avançado.
Dos que se encontravam em estágio C3 avançado, num quadro de 70 árbitros, em que apenas 10 são promovidos e os restantes são despromovidos ao distrital, temos um que ainda tem vaga para prolongar o estágio.
No futsal, no quadro de C2 temos um árbitro que ficou classificado num lugar de acesso ao estagio que permite vir a ser promovido na próxima época a C1 onde não temos nenhum neste momento, cujas provas estão a decorrer durante esta semana.
Esperamos vir a ter boas notícias na próxima semana.
Temos um árbitro que ficou nos lugares de despromoção mas ainda não é um dado adquirido que venha a ser despromovido, aguardamos pela publicação dos quadros.
Relativamente a observadores tivemos uma despromoção no quadro de futsal sendo que o 2.º classificado deste quadro também pertence à AFS.
No que respeita a entradas nos quadros para a época 2016/2017, como disse anteriormente, não tivemos possibilidade colocar um árbitro de C2 no estágio de acesso a C1, um dos três árbitros indicados a estágio C3 Avançado e o observador de futsal também não conseguiu entrar.
Convém referir que os dois árbitros primeiros classificados de estágio C3 Avançado quer no futebol quer no futsal são da Associação de Futebol de Setúbal.


“Reforçámos o quadro C2 mas queremos ainda mais”

Dá a ideia que o nosso distrito parece estar a recuperar algum do espaço perdido nos últimos anos. Pelo menos reforçou a sua posição no quadro C2?
Não diria que dá a ideia mas sim a certeza. Esse é um dos objectivos e lema da minha candidatura há 4 anos atrás. Sabemos que cada vez é mais difícil chegar ao topo, mas é certo que uma pontinha de sorte também é precisa, mas sem trabalho e sem grau de exigência e acima de tudo, muita dedicação de todos os envolvidos, desde directores do conselho, árbitros, preparadores, técnicos, que trabalham por amor a esta causa, tal não seria nunca possível.
É verdade que reforçámos o quadro C2 mas não é o que queríamos, pretendia ter lá 10 árbitros que é o limite máximo em vez dos actuais 5.


Que significado tem o facto de em dois anos seguidos a AFS ter tido dois primeiros classificados no estágio C3 Avançado?
Claro que tem de ser motivo de orgulho, primeiro para os árbitros porque foram eles que trabalharam para isso e depois naturalmente para a AFS. Mas acima de tudo é sinal que Setúbal tem bons valores quer no futebol quer no futsal.






“Primeiros contactos com os novos dirigentes da arbitragem nacional têm decorrido de forma bastante cordial”

O Conselho de Arbitragem da FPF e a APAF têm novos dirigentes. Como é que têm decorrido os primeiros contactos?
Nestes primeiros tempos têm decorrido de forma bastante cordial e de uma forma institucional porque também temos de compreender que estão com o trabalho próprio de início de época com cursos a decorrer, mas de qualquer forma, tiveram o cuidado de solicitar aos CA distritais sugestões para o novo Regulamento de Arbitragem e algumas das sugestões que enviámos foram tidas em consideração e aproveitadas.
Tivemos na passada semana, para além de nós, o CA do Algarve, Évora e Portalegre, uma reunião em Setúbal com o presidente do Conselho, José Gomes e ficou a promessa que os CA distritais iriam ter reuniões com o CA da FPF, e só assim faz sentido.



“Com este conselho, os árbitros são todos do distrito e actuam em qualquer campo”

Entrando agora nos quadros distritais o que há a dizer sobre a época que agora terminou?
Em termos de prestação de árbitros foi a época desde que estou à frente do CA a que decorreu com menos problemas, claro há sempre uma situação ou outra o que é natural, mas para um tão número elevado de jogos, os problemas que eventualmente pudessem ter ocorrido foram em número muito residual.

Na época passada registaram-se alguns casos de ordem disciplinar. Qual o papel dos árbitros nestes casos?
São situações que susceptíveis de acontecer, o papel dos árbitros nesta matéria é o normal, tentar resolver o problema e transcrever para o relatório de jogo as situações que ocorreram para o órgão competente analisar e proceder em conformidade.





“Se um árbitro de Almada arbitrasse em Almada e um árbitro do Barreiro não apitasse no Barreiro, aceitava as críticas”


Durante a época que terminou foram várias as criticas sobre as nomeações devido principalmente ao facto de árbitros apitarem clubes da sua região. Tem alguma razão de ser desta crítica?
É natural que existam críticas mas não têm qualquer razão de existir. Aceitava se me dissesses [p.e.] que o árbitro de Almada arbitrava em Almada e o árbitro do Barreiro não apitava no Barreiro, mas tal não acontece. Com este conselho, os árbitros são todos do distrito e actuam em qualquer campo em que haja competições da AFS. O que as pessoas que dizem isso provavelmente não sabem é que temos árbitros que têm de fazer 4 e 5 jogos por fim de semana e que durante a época, pelas mais diversas razões, desde trabalho a situações escolares, tivemos cerca de 900 pedidos de dispensa. É obra e uma enorme dor de cabeça para quem faz nomeações.


Disponível para aceitar sugestão dos treinadores


Alguns treinadores lançaram o repto para o final da época se juntarem as entidades que gerem o nosso futebol num seminário para clarificarem algumas situações e aperfeiçoar o que está menos bem. Considera uma ideia interessante e estaria disponível para participar?
Tudo o que seja feito em prol da melhoria quer do nível das competições quer da própria arbitragem, diria antes do futebol distrital, acho que é sempre bem-vindo.
Claro que não pode haver aquele distanciamento que havia há anos atrás dos vários agentes porque ao fim, e ao cabo, somos todos intervenientes e pugnamos para sermos cada vez melhores. Claro que estaríamos disponíveis porque somos parte integrante do fenómeno desportivo.

Nota-se a presença de muita gente nova na arbitragem setubalense, isso é sinónimo de que o futuro está garantido?
É verdade que temos gente nova mas precisamos de mais, porque da quantidade faz-se a selecção da qualidade.
Os últimos anos têm sido bons nessa matéria mas todos os que vierem são bem-vindos porque precisamos de árbitros, cada vez são mais o número de jogos que vêm sendo realizados.





“Não estou preocupado com as eleições. Se o convite surgir, será ponderado”

Comunga da opinião generalizada de muitos clubes, que pelo que me transmitem e pelo que tenho observado, que a arbitragem setubalense evoluiu muito durante este seu mandato como presidente do Conselho de Arbitragem e que agora que estão para breve as eleições para os corpos sociais acham que você é o homem certo para continuar à frente dos destinos do CA?
Que melhorou isso está a vista de todos e não são só os dirigentes dos clubes que o dizem, nós directores do Conselho também andamos por aí a ver actuações de árbitros e esse é o sentimento generalizado.
Quanto à questão de eleições isso neste momento não me preocupa porque estou imbuído em trabalhar todos os dias para que a arbitragem de Setúbal seja hoje melhor que ontem e amanhã melhor que hoje.
Primeiro terei de ser convidado e depois, se esse convite surgir, terá de ser ponderado. Depois veremos, mas uma coisa é certa temos trabalhado para que a melhoria da arbitragem fosse uma realidade e isso, como é referido na pergunta, tem acontecido.
Tenho também que salientar que a AFS tem proporcionado todas as condições para que os nossos técnicos e os Núcleos desenvolvam a sua actividade de formação da melhor forma possível.

Para finalizar, quais as perspectivas para 2016/2017 quer a nível nacional quer a nível distrital?
Terão de ser sempre as melhores, trabalhar e incentivar todos os árbitros e observadores que têm de se dedicar cada vez mais porque a competitividade aumenta e no fim sobem os melhores, que trabalharam para isso. O objectivo passa por termos cada vez mais árbitros e assistentes nos quadros nacionais. Só para teres uma ideia de como isto está cada vez mais difícil refiro apenas este exemplo. Esta época, foi criado o quadro de árbitros assistentes C2 que irá dar acesso ao quadro de assistentes da Liga, cada associação passa a indicar dois assistentes para o seminário mas no final dos 44 apenas 2 são promovidos.



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