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terça-feira, 29 de março de 2016

DESPORTIVO FABRIL»» Juniores em destaque

Pedro Macedo, treinador da equipa:

“SERIA DOIDO SE NO INÍCIO DA ÉPOCA TIVESSE COLOCADO A SUBIDA DE DIVISÃO COMO UM ALVO A ATINGIR”

O Campeonato Distrital de Juniores da 1.ª divisão está a entrar na sua fase derradeira mas nada está ainda definido no que respeita ao título e consequente subida de divisão.

Nesta altura, quando faltam disputar apenas sete jornadas, Amora e Desportivo Fabril que se encontram igualados na tabela classificativa [mas o Fabril com mais um jogo realizado] são as equipas que se apresentam em melhores condições porque se apresentam com mais cinco pontos que o Ginásio de Corroios, terceiro classificado.

A vantagem é considerável mas os ginasistas ainda não atiraram a toalha ao chão porque se aproximam jogos escaldantes que podem muito bem alterar o rumo dos acontecimentos.

Mais distante, mas não totalmente afastado está o Sesimbra que tem um jogo a menos em virtude de ainda não estar decidido o processo disciplinar instaurado na sequência dos incidentes registados aquando da sua deslocação à Quinta do Conde.

Portanto, emoção é coisa que não vai faltar certamente à competição, à mediada que ela se for aproximando do fim…  

Aproveitando a paragem do campeonato, o JORNAL DE DESPORTO que semanalmente vem fazendo a análise jornada a jornada da competição, achou por bem ouvir o treinador do Desportivo Fabril, Pedro Macedo, não só a propósito do que ainda falta disputar mas também do trabalho que tem vindo a realizar nesta sua primeira época no clube do Lavradio.  

“Temos vindo a realizar um campeonato notável”

O GD Fabril está a realizar um excelente campeonato. Era isto o que esperava da equipa quanto tomou conta dela?
Não poderia estar mais de acordo com a avaliação da nossa produção. Na realidade o GD Fabril, no meu ponto de vista e dadas as circunstâncias, encontra-se a realizar um campeonato notável. Ser líder até à 7.ª jornada, com apenas 2 golos sofridos e manter até à actual jornada o 2.º lugar na classificação, sustenta a minha apreciação.

Cheguei ao GD Fabril em Agosto último, e desde logo comecei a trabalhar intensamente na busca de conseguir reunir um grupo de atletas e colaboradores, que me permitisse criar uma equipa. De forma surpreendente, inicialmente o grupo era constituído por 10 atletas, sendo que apenas 2 transitavam da equipa júnior anterior e os restantes 8 eram provenientes do escalão de juvenis. A tarefa não se afigurava fácil, então tivemos de recorrer a um período de captações, onde se conseguiu finalmente compor o plantel, que muito me agrada e que tem vindo a demonstrar qualidade suficiente para lutar pelos lugares cimeiros da tabela.

Foram vicissitudes que não esperávamos encontrar, até porque a equipa júnior vinha da sua melhor classificação das últimas 5/6 épocas, onde obteve o 4º lugar, pelo que esperava que houvesse uma “espinha dorsal” na equipa que nos permitisse pensar em melhorar a prestação classificativa.





“Não sou treinador de fugir às minhas responsabilidades”

Como explica os bons resultados obtidos na condição de visitante e as três derrotas (as únicas que tem no campeonato) em casa?
Nós enquanto treinadores e como equipa técnica, encontramos vários motivos que justificam estes desempenhos. Cabe-nos a nós, no seio do grupo, debater alguns dos fundamentos provocadores destas prestações, pretendendo sempre que atinjam a melhor produtividade possível, por isso mesmo é óbvio que existem razões, mas essas ficam apenas para nós.

Não sou nem nunca fui treinador de fugir às minhas responsabilidades nem de justificar os resultados desportivos seja com o que for. Estamos nesta actividade porque amamos o que fazemos e independentemente dos obstáculos que nos surgem no caminho, procuramos sempre superá-los.

O GD Fabril tem uma escola de formação de futebol excepcional com uma quantidade enorme de atletas. Não me oponho a dizer que talvez das melhores a nível nacional, só superada pelos grandes clubes nacionais. Toco neste assunto por considerar oportuno informar que, embora o clube possua 2 estádios de relva natural, 2 campos de futebol sintético, 1 campo pelado e 1 campo sintético de futebol 5, sentimos dificuldades de ocupação dos espaços, acima de tudo porque jogamos num piso de relva natural, antigo, que muitas vezes necessita de “repouso” e por isso nos retira capacidade de adquirir e melhorar algumas das nossas competências.

Nesse sentido dou como exemplo o jogo que perdemos com o Amora: tínhamos vindo dum encontro difícil em que vencemos em Sesimbra, e nessa semana não conseguimos uma única vez treinar no relvado, de seguida realizámos o jogo em casa com o Amora, onde apenas no 1º treino da semana pudemos fazer a sessão no local do jogo. Aliado a tudo isso para esse encontro estivemos privados de 3 elementos importantes além de, entre outros, as peripécias que o encontro proporcionou e que não eram expectáveis. Como vê, em 6 sessões de treino conseguimos efectuar apenas uma no nosso relvado!
No entanto, apesar de ser uma situação desfavorável, conta com a nossa compreensão e solidariedade para com o clube.


“Desde 2012/2013 que não tínhamos um campeonato tão bem disputado”

Em sua opinião a questão do título vai ser decidida apenas pelo Amora e pelo Fabril ou será que o Ginásio de Corroios ainda tem uma palavra a dizer?
Na verdade, desde a época 2012/2013 que não tínhamos um campeonato tão bem disputado, nomeadamente na luta pela conquista do título de campeão distrital.
Aproveito para dizer que, contrariamente a algumas opiniões que já ouvi, a competição tem equipas de muito valor, bem orientadas e que mereciam ter um pouco mais de visibilidade, sobretudo com assistências mais numerosas nos encontros disputados.

Sou da opinião que, neste momento, Amora, Fabril, Sesimbra e Corroios, são os possíveis candidatos ao título distrital. Olímpico Montijo, Charneca da Caparica e Pescadores, pese embora ter gostado muito das exibições que fizeram contra nós, dificilmente conseguirão entrar nesta luta, mas estou certo tudo irão fazer para melhorar a sua classificação.


Jogos escaldantes nas últimas jornadas

O campeonato está a entrar na sua fase derradeira, onde tudo se vai decidir. Como prevê esta ponta final?
Este último terço do campeonato será certamente decisivo e consequentemente muito intenso e interessante para os todos os intervenientes. O sorteio ditou que esta ponta final fosse “escaldante”, pois as 3 últimas jornadas colocam frente a frente os 4 primeiros do campeonato assim como os 2 últimos classificados e será uma luta extremamente disputada pela conquista dos pontos.

As duas últimas jornadas têm jogos escaldantes, como é o caso ao Amora - Fabril, Corroios - Amora e Fabril - Sesimbra. Será este o momento crucial do campeonato?
Fundamentalmente sabemos que faltam disputar 7 jornadas, todas elas fundamentais para os objectivos de cada formação. Para nós, visto já termos disputado o jogo referente à próxima jornada (vitória por 8-1 frente ao Arrentela), restam-nos 18 pontos em disputa.

É natural que se olhe para estes encontros como os mais importantes, mas não concordo que as duas últimas jornadas, representem o momento crucial do campeonato, pois não poderemos menosprezar os restantes encontros que teremos pela frente e que são essenciais para superar a nossa classificação e atingir o topo.





“A equipa está focada em atingir os melhores resultados possíveis”

Os jogadores têm plena consciência da tarefa que vão ter pela frente?
Claramente. Aliás, importa referir que toda a nossa estrutura está empenhada, concentrada e focada em atingir os melhores resultados possíveis para a equipa e por consequência para o clube.

Aproveitando esta questão não posso deixar passar a oportunidade para, mais uma vez, referir o excelente grupo de seres humanos que lidero. Começando no incansável director da equipa, o Zé Miguel, na minha equipa técnica que são todos muito competentes e interessados, passando pelo técnico de equipamentos, todos têm sido muito importantes. Além do mais podemos contar com um posto médico a roçar a “excelência” para a realidade distrital, que nos permite recuperar atletas em prazos muito aceitáveis. Por fim, os atletas, que são o suporte essencial da equipa. Ter um grupo de “miúdos” que apresentam um interesse, qualidade, ambição e empenho com níveis tão altos e acima de tudo possuidores de uma assiduidade elevadíssima, é para um líder de um grupo, muito motivante fazendo acreditar que atingir um objectivo torna-se mais fácil.

objectivo do Fabril passa mesmo pela subida de divisão?
Aquando do convite formulado e em reunião que tive com a direcção, foi-me pedido que fizéssemos um bom campeonato, não existindo o objectivo de subida de divisão.

A equipa acarreta um “legado” importante, que é o fato de na temporada passada ter conquistado a taça de disciplina neste escalão e isso foi-me pedido que tentássemos repetir. Na última classificação publicada, o GD Fabril encontrava-se na 2.ª posição.

De início, com as dificuldades que senti na formação do plantel, seria doido se colocasse esse patamar (subida de divisão) como um alvo a atingir, pois não acredito que existissem equipas que passassem o que nós vivenciamos (no que respeita à constituição do plantel) nomeadamente os clubes que se encontram mais bem posicionados.

Com o desenrolar da pré-época e início da competição, assumi perante o grupo e sendo eu conhecedor da realidade do campeonato, que poderíamos muito bem atingir o topo da classificação e tornarmo-nos campeões distritais.





“A minha passagem pelo clube está a ser vivida com muito prazer”

Como está a viver esta sua passagem pelo GD Fabril, um clube de referência a nível nacional?
É realmente um clube de referência nacional e isso nota-se pela tremenda actividade que o clube possui diariamente e que pode ser comprovada no complexo desportivo. Lembro-me enquanto jogador, ter jogado muitas vezes no Estádio Alfredo da Silva e era sempre uma motivação extra para o jogo, não só pela grandeza do mesmo, mas também pela histórica referência que o clube sempre demonstrou.

Desenvolver a minha actividade num clube com 78 anos de vida, e com tantas passagens históricas e marcantes no panorama desportivo nacional e internacional, só pode ser encarado por mim, como um motivo de regozijo, representar as suas cores. Por isso, ao receber o convite, o qual muito me satisfez, rápida e naturalmente o aceitei, tendo chegado a acordo após uma única conversa.

A minha passagem, embora seja curta, pessoalmente está a ser vivida com prazer, não só pelos resultados desportivos que me satisfazem, mas sobretudo porque todos me receberam muito bem, continuando a ser muito bem tratado, garantindo que, da minha parte, esse tratamento é reciproco para com os todos os elementos, quer sejam atletas e colaboradores/responsáveis do clube.

 Que terá ficado ainda por dizer nesta nossa breve conversa?
Antes de mais, enquanto treinador de futebol, agradecer nova oportunidade de dar a conhecer o meu trabalho junto do GD Fabril e referir de novo a extrema importância que este órgão de informação do desporto distrital tem para todos nós que estamos envolvidos nas mais variadas modalidades.

Gostava de mencionar dois aspectos: o primeiro diz respeito à visibilidade e apoio que o futebol de formação deverá ter. Os clubes vivem com muitas dificuldades e parece-me que com o reforço do apoio (seja institucional, governamental, público ou privado) e da visibilidade das suas competições, talvez o trabalho seja mais produtivo em termos gerais. Depois destacar o facto de muitos dos jovens atletas que fazem a transição de juniores para seniores, não serem aproveitados, perdendo-se bons atletas, embora note que as dificuldades que os clubes atravessam, façam com que essa aposta tenha de ser melhorada e efectiva.

Termino endereçando uma palavra final para o “meu” grupo de trabalho, especialmente para os meus atletas, pois são eles que, necessariamente, fazem tudo, por nós e pelo clube. Eles sabem quais os fundamentos e princípios que nos regem, mas permita-me que lhes peça que acreditem nas suas capacidades, mantenham a mesma humildade e ambição que têm demonstrado nas suas acções e que se comprometam com o que temos definido desde o início da época desportiva, pois alguns deles terminam no próximo mês de Maio, a sua etapa desportiva no futebol de formação.