Pedro Macedo, treinador da equipa:
“SERIA DOIDO SE NO INÍCIO DA ÉPOCA TIVESSE COLOCADO
A SUBIDA DE DIVISÃO COMO UM ALVO A ATINGIR”
O Campeonato Distrital de Juniores da 1.ª divisão
está a entrar na sua fase derradeira mas nada está ainda definido no que
respeita ao título e consequente subida de divisão.
Nesta altura, quando faltam disputar apenas sete
jornadas, Amora e Desportivo Fabril que se encontram igualados na tabela classificativa
[mas o Fabril com mais um jogo realizado] são as equipas que se apresentam em
melhores condições porque se apresentam com mais cinco pontos que o Ginásio de
Corroios, terceiro classificado.
A vantagem é considerável mas os ginasistas ainda
não atiraram a toalha ao chão porque se aproximam jogos escaldantes que podem
muito bem alterar o rumo dos acontecimentos.
Mais distante, mas não totalmente afastado está o
Sesimbra que tem um jogo a menos em virtude de ainda não estar decidido o processo
disciplinar instaurado na sequência dos incidentes registados aquando da sua
deslocação à Quinta do Conde.
Portanto, emoção é coisa que não vai faltar
certamente à competição, à mediada que ela se for aproximando do fim…
Aproveitando a paragem do campeonato, o JORNAL DE
DESPORTO que semanalmente vem fazendo a análise jornada a jornada da
competição, achou por bem ouvir o treinador do Desportivo Fabril, Pedro Macedo,
não só a propósito do que ainda falta disputar mas também do trabalho que tem
vindo a realizar nesta sua primeira época no clube do Lavradio.
“Temos vindo a realizar um campeonato notável”
O GD Fabril está a realizar um excelente campeonato. Era isto
o que esperava da equipa quanto tomou conta dela?
Não poderia estar mais
de acordo com a avaliação da nossa produção. Na realidade o GD Fabril, no meu
ponto de vista e dadas as circunstâncias, encontra-se a realizar um campeonato
notável. Ser líder até à 7.ª jornada, com apenas 2 golos sofridos e manter até à actual jornada o 2.º lugar na classificação, sustenta a minha apreciação.
Cheguei ao GD Fabril em Agosto último, e desde logo comecei a trabalhar intensamente na busca de
conseguir reunir um grupo de atletas e colaboradores, que me permitisse criar
uma equipa. De forma surpreendente, inicialmente o grupo era constituído por 10
atletas, sendo que apenas 2 transitavam da equipa júnior anterior e os
restantes 8 eram provenientes do escalão de juvenis. A tarefa não se afigurava
fácil, então tivemos de recorrer a um período de captações, onde se conseguiu
finalmente compor o plantel, que muito me agrada e que tem vindo a demonstrar
qualidade suficiente para lutar pelos lugares cimeiros da tabela.
Foram vicissitudes que
não esperávamos encontrar, até porque a equipa júnior vinha da sua melhor
classificação das últimas 5/6 épocas, onde obteve o 4º lugar, pelo que esperava
que houvesse uma “espinha dorsal” na equipa que nos permitisse pensar em
melhorar a prestação classificativa.
“Não sou treinador de fugir às minhas responsabilidades”
Como explica os bons resultados obtidos na condição de
visitante e as três derrotas (as únicas que tem no campeonato) em casa?
Nós enquanto
treinadores e como equipa técnica, encontramos vários motivos que justificam estes
desempenhos. Cabe-nos a nós, no seio do grupo, debater alguns dos fundamentos
provocadores destas prestações, pretendendo sempre que atinjam a melhor
produtividade possível, por isso mesmo é óbvio que existem razões, mas essas
ficam apenas para nós.
Não sou nem nunca fui
treinador de fugir às minhas responsabilidades nem de justificar os resultados
desportivos seja com o que for. Estamos nesta actividade porque amamos o que
fazemos e independentemente dos obstáculos que nos surgem no caminho,
procuramos sempre superá-los.
O GD Fabril tem uma
escola de formação de futebol excepcional com uma quantidade enorme de atletas.
Não me oponho a dizer que talvez das melhores a nível nacional, só superada
pelos grandes clubes nacionais. Toco neste assunto por considerar oportuno
informar que, embora o clube possua 2 estádios de relva natural, 2 campos de
futebol sintético, 1 campo pelado e 1 campo sintético de futebol 5, sentimos
dificuldades de ocupação dos espaços, acima de tudo porque jogamos num piso de
relva natural, antigo, que muitas vezes necessita de “repouso” e por isso nos
retira capacidade de adquirir e melhorar algumas das nossas competências.
Nesse sentido dou como
exemplo o jogo que perdemos com o Amora: tínhamos vindo dum encontro difícil em
que vencemos em Sesimbra, e nessa semana não conseguimos uma única vez treinar
no relvado, de seguida realizámos o jogo em casa com o Amora, onde apenas no 1º
treino da semana pudemos fazer a sessão no local do jogo. Aliado a tudo isso
para esse encontro estivemos privados de 3 elementos importantes além de, entre
outros, as peripécias que o encontro proporcionou e que não eram expectáveis.
Como vê, em 6 sessões de treino conseguimos efectuar apenas uma no nosso
relvado!
No entanto, apesar de
ser uma situação desfavorável, conta com a nossa compreensão e solidariedade
para com o clube.
“Desde
2012/2013 que não tínhamos um campeonato tão bem disputado”
Em sua opinião a questão do título vai ser decidida apenas
pelo Amora e pelo Fabril ou será que o Ginásio de Corroios ainda tem uma
palavra a dizer?
Na verdade, desde a
época 2012/2013 que não tínhamos um campeonato tão bem disputado, nomeadamente
na luta pela conquista do título de campeão distrital.
Aproveito para dizer
que, contrariamente a algumas opiniões que já ouvi, a competição tem equipas de
muito valor, bem orientadas e que mereciam ter um pouco mais de visibilidade,
sobretudo com assistências mais numerosas nos encontros disputados.
Sou da opinião que,
neste momento, Amora, Fabril, Sesimbra e Corroios, são os possíveis candidatos
ao título distrital. Olímpico Montijo, Charneca da Caparica e Pescadores, pese
embora ter gostado muito das exibições que fizeram contra nós, dificilmente
conseguirão entrar nesta luta, mas estou certo tudo irão fazer para melhorar a
sua classificação.
Jogos
escaldantes nas últimas jornadas
O campeonato está a entrar na sua fase derradeira, onde tudo
se vai decidir. Como prevê esta ponta final?
Este último terço do
campeonato será certamente decisivo e consequentemente muito intenso e interessante
para os todos os intervenientes. O sorteio ditou que esta ponta final fosse “escaldante”,
pois as 3 últimas jornadas colocam frente a frente os 4 primeiros do campeonato
assim como os 2 últimos classificados e será uma luta extremamente disputada
pela conquista dos pontos.
As duas últimas jornadas têm jogos escaldantes, como é o caso
ao Amora - Fabril, Corroios - Amora e Fabril - Sesimbra. Será este o momento
crucial do campeonato?
Fundamentalmente
sabemos que faltam disputar 7 jornadas, todas elas fundamentais para os objectivos de cada formação. Para nós, visto já termos disputado o jogo
referente à próxima jornada (vitória por 8-1 frente ao Arrentela), restam-nos
18 pontos em disputa.
É natural que se olhe
para estes encontros como os mais importantes, mas não concordo que as duas
últimas jornadas, representem o momento crucial do campeonato, pois não
poderemos menosprezar os restantes encontros que teremos pela frente e que são
essenciais para superar a nossa classificação e atingir o topo.
“A
equipa está focada em atingir os melhores resultados possíveis”
Os jogadores têm plena consciência da tarefa que vão ter pela
frente?
Claramente. Aliás,
importa referir que toda a nossa estrutura está empenhada, concentrada e focada
em atingir os melhores resultados possíveis para a equipa e por consequência
para o clube.
Aproveitando esta
questão não posso deixar passar a oportunidade para, mais uma vez, referir o
excelente grupo de seres humanos que lidero. Começando no incansável director da equipa, o Zé Miguel, na minha equipa técnica que são todos muito competentes e interessados,
passando pelo técnico de equipamentos, todos têm sido muito importantes. Além
do mais podemos contar com um posto médico a roçar a “excelência” para a
realidade distrital, que nos permite recuperar atletas em prazos muito
aceitáveis. Por fim, os atletas, que são o suporte essencial da equipa. Ter um
grupo de “miúdos” que apresentam um interesse, qualidade, ambição e empenho com
níveis tão altos e acima de tudo possuidores de uma assiduidade elevadíssima, é
para um líder de um grupo, muito motivante fazendo acreditar que atingir um objectivo torna-se mais fácil.
O objectivo do Fabril passa mesmo pela subida de divisão?
Aquando do convite
formulado e em reunião que tive com a direcção, foi-me pedido que fizéssemos um
bom campeonato, não existindo o objectivo de subida de divisão.
A equipa acarreta um
“legado” importante, que é o fato de na temporada passada ter conquistado a
taça de disciplina neste escalão e isso foi-me pedido que tentássemos repetir.
Na última classificação publicada, o GD Fabril encontrava-se na 2.ª posição.
De início, com as
dificuldades que senti na formação do plantel, seria doido se colocasse esse
patamar (subida de divisão) como um alvo a atingir, pois não acredito que
existissem equipas que passassem o que nós vivenciamos (no que respeita à
constituição do plantel) nomeadamente os clubes que se encontram mais bem
posicionados.
Com o desenrolar da
pré-época e início da competição, assumi perante o grupo e sendo eu conhecedor
da realidade do campeonato, que poderíamos muito bem atingir o topo da
classificação e tornarmo-nos campeões distritais.
“A
minha passagem pelo clube está a ser vivida com muito prazer”
Como está a viver esta sua passagem pelo GD Fabril, um clube
de referência a nível nacional?
É realmente um clube de
referência nacional e isso nota-se pela tremenda actividade que o clube possui
diariamente e que pode ser comprovada no complexo desportivo. Lembro-me
enquanto jogador, ter jogado muitas vezes no Estádio Alfredo da Silva e era
sempre uma motivação extra para o jogo, não só pela grandeza do mesmo, mas
também pela histórica referência que o clube sempre demonstrou.
Desenvolver a minha actividade num clube com 78 anos de vida, e com tantas passagens históricas e
marcantes no panorama desportivo nacional e internacional, só pode ser encarado
por mim, como um motivo de regozijo, representar as suas cores. Por isso, ao
receber o convite, o qual muito me satisfez, rápida e naturalmente o aceitei,
tendo chegado a acordo após uma única conversa.
A minha passagem,
embora seja curta, pessoalmente está a ser vivida com prazer, não só pelos
resultados desportivos que me satisfazem, mas sobretudo porque todos me
receberam muito bem, continuando a ser muito bem tratado, garantindo que, da
minha parte, esse tratamento é reciproco para com os todos os elementos, quer
sejam atletas e colaboradores/responsáveis do clube.
Que terá ficado ainda
por dizer nesta nossa breve conversa?
Antes de mais, enquanto
treinador de futebol, agradecer nova oportunidade de dar a conhecer o meu
trabalho junto do GD Fabril e referir de novo a extrema importância que este
órgão de informação do desporto distrital tem para todos nós que estamos
envolvidos nas mais variadas modalidades.
Gostava de mencionar
dois aspectos: o primeiro diz respeito à visibilidade e apoio que o futebol de
formação deverá ter. Os clubes vivem com muitas dificuldades e parece-me que
com o reforço do apoio (seja institucional, governamental, público ou privado) e
da visibilidade das suas competições, talvez o trabalho seja mais produtivo em
termos gerais. Depois destacar o facto de muitos dos jovens atletas que fazem a
transição de juniores para seniores, não serem aproveitados, perdendo-se bons
atletas, embora note que as dificuldades que os clubes atravessam, façam com
que essa aposta tenha de ser melhorada e efectiva.
Termino endereçando uma
palavra final para o “meu” grupo de trabalho, especialmente para os meus
atletas, pois são eles que, necessariamente, fazem tudo, por nós e pelo clube.
Eles sabem quais os fundamentos e princípios que nos regem, mas permita-me que
lhes peça que acreditem nas suas capacidades, mantenham a mesma humildade e
ambição que têm demonstrado nas suas acções e que se comprometam com o que temos definido desde o início da época desportiva, pois alguns deles terminam no
próximo mês de Maio, a sua etapa desportiva no futebol de formação.