Esta
é a grande interrogação…
COMO
É POSSÍVEL SEGUIR EM FRENTE NA COMPETIÇÃO UMA EQUIPA QUE PERDEU NO CONFRONTO
DIRECTO
Em
declarações prestadas ao JORNAL DE DESPORTO, alguns treinadores manifestaram o
seu desagrado pela forma encontrada pela Associação de Futebol de Setúbal para
definir o critério de desempate quando haja equipas empatadas em termos
pontuais no final da fase de grupos.
Manuel
Correia, treinador do Desportivo Fabril, é uma das vozes mais discordantes
referindo que, neste caso, não faz sentido passar à fase seguinte a equipa que
perdeu em detrimento da que ganhou no confronto directo.
O
treinador, de 53 anos, que orientou o Chaves na I Liga e diversas equipas na II
Liga [U. Lamas, Penafiel, Felgueiras, Aves, Ovarense e Vizela] chama também a
atenção para outros pormenores que, se forem corrigidos, podem vir a melhorar o
futebol distrital, como é o caso por exemplo dos cartões amarelos não contarem
para a penalização dos jogadores.
Outro
dos treinadores que não concorda com o critério de desempate estabelecido no
Regulamento da Taça é Alfredo Almeida, do Alfarim.
MANUEL CORREIA,
treinador do Fabril:
“Entendam isto
como uma crítica construtiva”
“O
que vou dizer é uma crítica, mas uma crítica desportiva construtiva em primeiro
lugar à AF Setúbal. Não sei se eles leem o blog, mas se não leem acho que o
deviam fazer. Se as pessoas quiserem aprender com quem anda no futebol há muito
tempo que o façam caso contrário vão continuar certamente a fazer coisas que
não devem.
Não
é possível que uma equipa que chega ao fim da fase de grupos de uma taça como
esta disputada a uma mão em caso de igualdade pontual passe à fase seguinte a
equipa que perdeu. Isto é impensável no futebol. Portanto, acho que deveriam pensar
nisto. Quem faz uma coisa desta é porque nunca esteve no futebol. Alguns
inteligentes podem dizer que o Fabril poderia ter vantagem pelo facto de jogar
em casa com o Beira Mar de Almada mas isso são coisas do sorteio porque o Beira
Mar de Almada também teve a vantagem de jogar em casa com o Oriental Dragon a
quem ganhou por 7-2. Se o Fabril também jogasse em casa com eles se calhar as
coisas tinham-se invertido. Sorteio é sorteio, mas não é possível uma equipa
que perca com a outra e chegue ao fim com os mesmos pontos seja apurada e não
passar a que ganhou.
Como
disse, esta é uma crítica construtiva para no futuro as pessoas pensarem ou
pedirem opinião a quem está no futebol e não pensarem da forma que é menos
correcta. Não basta na semana decisiva chamarem a atenção para o regulamento e
reforçar que a primeira regra de desempate é a melhor diferença entre golos
marcados e sofridos. Se as pessoas quiserem ser inteligentes e pensarem veem
que as coisas deveriam realmente ser assim. Se não quiserem, que continuem na ignorância
como têm andado muitas vezes as coisas no futebol português.
“Nós,
treinadores e árbitros, não devemos permitir
que os jogos estejam
constantemente parados”
Outra
crítica, e isto tive oportunidade de dizer ao árbitro, se nós queremos que o
futebol distrital seja mais positivo [e aqui falo também para os treinadores]
não é possível haver tão pouco tempo útil de jogo. O jogo não pode estar parado
tanto tempo e faço um apelo também ao Conselho de Arbitragem e aos Núcleos de
Árbitros para que não permitam estas situações, porque isto não é bom para o
futebol distrital. Actualmente já jogam no nosso Distrital excelentes jogadores,
uns jovens e outros menos jovens. O fim da 3.ª Divisão deu origem a isso. Neste
caso, o Beira Mar de Almada tem excelentes jogadores, é uma equipa organizada
mas não é possível, nós treinadores e árbitros, permitir que os jogos estejam
constantemente parados.
“Penalização dos
amarelos, sim ou não?”
E,
outra coisa, mas aqui já não tem a ver propriamente com a arbitragem distrital
mas sim com a arbitragem nacional. É mau para o futebol os cartões amarelos,
quer seja no distrital ou no CNS, não acumularem para castigo. É mau porque
acontecem situações em que quase todos os jogadores de algumas equipas são
amarelados propositadamente para travar e parar contra-ataques, para matar o
ritmo do jogo. Isto não devia ser permitido. Estou a chamar a atenção deste pormenor
porque isto vai acontece na maior parte dos jogos do campeonato distrital. Se
nós zelamos, como eu zelo, para que o nosso futebol seja melhor temos que ter
em atenção a todos estes pormenores. Como já disse há no distrital jogadores jovens
com grande capacidade e equipas que podem jogar muito mais mas este tipo de
situações não devem ser permitidas. Este é um alerta que deixo para este
campeonato distrital, para os árbitros não permitam este tipo de coisas porque
quem fica a perder somos todos nós, treinadores e jogadores. Como já referi,
esta é uma crítica construtiva. Quem for inteligente sabe que eu estou a dizer
a verdade, quem não quiser e optar por continuar nesta madorna que continue”.
ALFREDO ALMEIDA,
treinador do Alfarim:
“Não consigo perceber porque não entra no critério
de desempate o
confronto direto entre as equipas”
“Em primeiro lugar e sem hipocrisia alguma,
porque isso não faz parte do meu carácter, quero dar os meus sinceros parabéns
ao Comércio e Indústria e ao Costa de Caparica porque se estão na próxima fase
é porque tem valor para tal.
No entanto, gostava de tentar perceber
qual o critério da AF Setúbal ao desenvolver este regulamento de desempate. Se o
objetivo é a taça ser uma festa virada para o golo e se valoriza o golo, até consigo
perceber. O que não consigo perceber é porque não entra no critério o confronto
direto entre as equipas que terminem empatadas.
Este facto causa alguma estranheza. Penso
ser algo a rectificar no futuro. Não falo só pelo Alfarim mas por todas
equipas. Este ano, o Alfarim ficou para traz na taça com os mesmos pontos dos Pescadores
e com a mesma diferença de golos (+2) mas com a vitória sobre eles. Aqui fica o
registo para que no futuro possa ser feita uma reflexão para análise.
Outras das coisas que deveriam ter em
conta para melhorar a qualidade de jogo nos nossos campeonatos era rever a questão
dos cartões amarelos. O facto de não contarem para castigos beneficia
claramente o infractor, tira credibilidade ao jogo e responsabilidade ao
atleta.
Gostaria ainda de dizer que não faço regulamentos
mas respeito-os.
E, para terminar, voltar a dizer que se
o Costa de Caparica e o Comércio e Indústria [assim como as outras seis
equipas] estão na próxima fase é porque merecem. Parabéns aos dois porque
conseguiram ser melhores que o Alfarim, dentro do regulamento imposto.
Felicidades a ambos na próxima fase”.