"AMBICIONO
CHEGAR À I LIGA E A ÁRBITRO INTERNACIONAL"
Tem 24
anos, é um dos bons valores da arbitragem setubalense e a continuar assim
perspectiva-se um futuro bastante risonho. Estamos a falar de João Marques que na
época 2014 / 2015 foi o primeiro classificado no Estágio de Formação Avançada
C3N2 da Federação Portuguesa de Futebol, que contou com a participação de 60
concorrentes.
Com 6
/ 7 anos já frequentava o Núcleo de Árbitros de Almada / Seixal acompanhando o
seu pai [que é o seu ídolo] nas sessões e o gosto pela arbitragem começou logo
aí ao manifestar sempre grande interesse em saber mais sobre as leis do jogo.
Quando teve oportunidade tirou o curso e a sua progressão na arbitragem tem
sido notória. Este ano foi promovido à categoria C2 mas nos seus horizontes
estão outros patamares porque o seu desejo é chegar à I Liga e a árbitro
internacional.
Após ter
regressado do Torneio Lopes da Silva, que se realizou no Algarve, o JORNAL DE
DESPORTO convidou João Marques a falar um pouco de si, da forma como deu os
primeiros passos na arbitragem, dos seus projectos futuros enquanto árbitro e
das novas funções que exerce no NAFAS.
“Ficar
em primeiro lugar foi uma surpresa
para
nós [equipa de arbitragem]”
Esta
foi uma época que correu na perfeição. Qual foi a tua reacção quanto tiveste
conhecimento da classificação?
Foi com muita alegria que tive
conhecimento da classificação, e também satisfação por ter atingido o objectivo
da época e ver que todo o esforço e trabalho de toda a equipa foram
recompensados. De seguida, partilhei a notícia com a minha equipa, com os meus
pais e com o meu irmão.
Estavas
a contar com esta classificação, ou foi uma surpresa para ti?
No início da época traçámos o nosso objectivo,
a época foi correndo bem, os desempenhos foram bons e soubemos ir ultrapassando
as dificuldades, sabíamos que no fim podíamos atingir o objectivo de ser
promovido a C2. Ficar em primeiro lugar foi uma surpresa para nós, mas sabíamos
que era possível.
A
classificação é individual mas o contributo dos auxiliares terá sido
provavelmente também muito importante?
O contributo dos meus colegas foi sem
dúvida fundamental, o Rui e o Micael têm muita qualidade e experiência e
ajudaram-me bastante a evoluir enquanto árbitro e pessoa, além de dois grandes
árbitros, são dois grandes amigos, que nunca viraram a cara à luta e se
sacrificaram bastante pelos nossos objectivos, e com quem dá prazer trabalhar
para atingir os mesmos. É na minha opinião uma equipa que se completa muito
bem.
“Desde
pequeno que tinha curiosidade de saber as leis de jogo”
Consta
que começaste a mostrar interesse pela arbitragem muito cedo (6/7 anos) quando
acompanhavas o teu pai nas sessões do NAFAS. Isso corresponde à verdade?
É verdade, desde pequeno que acompanho o
meu pai às sessões do NAFAS e também o acompanhava a vários jogos e ainda hoje
recordo vários episódios de quando o acompanhava. Desde pequeno que tinha
curiosidade de saber as leis de jogo, lembro-me de fazer muitas perguntas ao
meu pai, quando tive oportunidade tirei o curso de árbitro, e desde aí que
sempre me interessei pela arbitragem. Sem dúvida que devo tudo ao meu pai, é o
meu ídolo e agradeço-lhe por despertar em mim esta paixão, por ainda hoje me
ajudar e aconselhar mas principalmente por estar presente quando as coisas
correm menos bem.
Sendo
um árbitro ainda bastante jovem e com qualidade já demonstrada, há uma pergunta
que se impõe. Até onde esperas chegar no mundo da arbitragem?
Estaria a mentir se não dissesse que
ambiciono chegar à primeira liga e a jogos internacionais, mas tenho
consciência que são metas muito difíceis de atingir mas irei trabalhar passo a
passo para viver os meus sonhos, já me orgulho muito do meu percurso até aqui,
mas ambiciono mais ainda.
“O
nosso distrito tem gente jovem com potencial
e
talento para chegar ao topo”
O
distrito de Setúbal tem vindo a perder peso na arbitragem a nível nacional.
Acreditas que os novos valores que estão a despontar podem voltar a colocar a
nossa região ao mais alto nível?
Enquanto jovem que sou, acredito muito no
valor dos jovens e penso que o nosso distrito está recheado de jovens com muito
potencial e talento para atingir o topo, acredito que muito irão lá chegar e
fazer com que Setúbal volte a ter o peso que tinha antigamente, mas é preciso
trabalho e muita vontade, só talento não chega. Setúbal é um distrito que conta
com técnicos e formadores com muita qualidade e experiencia, e dos melhores que
existem em todo o país, cabe a nós jovens saber aproveitar.
Acabaste
de marcar presença no Torneio Lopes da Silva que decorreu no Algarve. Como
viveste esta experiência?
Foi uma experiencia fantástica,
enriquecedora e inesquecível, mas ao mesmo tempo muito dura e que exigiu muito
trabalho e onde o descanso foi pouco. Encarei como uma excelente oportunidade
para melhorar enquanto árbitro e aprender o máximo possível, durante o torneio
tive a oportunidade de partilhar experiencias e conhecimentos com colegas de
todos os pontos do país.
Recentemente
foste eleito vice-presidente para a formação no NAFAS. Em que base vai assentar
o teu trabalho?
O trabalho de toda a direcção vai
basear-se em trabalhar para oferecer aos árbitros do NAFAS as melhores
condições possíveis para se tornarem melhores, como pessoas e como árbitros, de
modo a atingir os seus objectivos. O NAFAS tem excelentes formadores e as
sessões têm contado com um número elevado de árbitros, sendo muitos deles
jovens que precisam de muito apoio, o qual cabe à direcção e aos árbitros mais
experientes e antigos prestar. A Direcção pretende continuar a formar árbitros,
e a captar novos árbitros tal como tem feito nestes 55 anos de vida.
Actualmente, os responsáveis pela arbitragem pretendem árbitros cada vez mais
jovens pelo que o nosso projecto irá focar-se bastante nesses jovens,
incentivando-os e tentando transmitir-lhes o nosso conhecimento para que eles
possam assimilar tanto na teoria como no terreno de jogo o máximo de
conhecimento possível de forma a crescerem rapidamente como árbitros e também
como pessoas, patamar a patamar.
Que
terá ficado ainda por dizer nesta nossa conversa?
Quero agradecer esta oportunidade e o seu
convite para esta entrevista. Encaro a arbitragem como uma carreira, e sinto
que durante o ano fazemos vários sacrifícios, não estamos presente o quão
desejamos na vida dos que nos são mais próximos, e quero deixar aqui um
agradecimento aos meus pais, ao meu irmão e a todos os meus amigos pelo apoio e
pela compreensão durante todo o ano. Quero também agradecer ao NAFAS, a todos
os seus árbitros e ao Conselho de Arbitragem da AFS por todo o apoio desde o
início.