Trabalho
e dedicação foram as chaves do sucesso…
“QUEM
ME CONHECE SABE QUE NÃO SOU MULHER DE ESTAR À ESPERA QUE AS COISAS CAIAM DO CÉU”
Tem 32 anos, é natural de Faro, entrou
para a arbitragem em 1999 e em 2012 chegou a internacional. Estamos a falar de
Sílvia Domingos [possuidora das insígnias da FIFA], que esta época se classificou
em primeiro lugar a nível nacional no Quadro Feminino que integra 33 árbitras.
Este é, por assim dizer, mais um
momento alto da sua carreira que não pode passar despercebido a todos aqueles
que se interessam pelo fenómeno desportivo. E, por isso mesmo, convidámos
Sílvia Domingos a falar um pouco sobre si e da sua paixão pelo futebol. Ficámos
então a saber que foi incutida pelo pai e que a sua carreira desportiva começou
no atletismo e depois passou pelo futsal, que o grande responsável por ter
entrado para a arbitragem foi um professor de desporto que a aconselhou tirar o
curso de árbitro e também ficámos a saber da grande vontade que tem em lutar
para ser sempre a primeira.
Sílvia Domingos que reparte a sua actividade
entre o futebol feminino [campeonatos nacionais] e o futebol masculino [distritais
de Setúbal] confidenciou ao nosso jornal que não tem preferência em dirigir
jogos de homens ou mulheres porque se sente muito bem em ambas as situações e
adora apitar.
“Confesso que me caíram lágrimas de
felicidade”
Qual a sua reacção quando recebeu a
notícia de que tinha sido a melhor classificada do Quadro Feminino?
A noticia foi me dada
pelo telemóvel e por curiosidade pelo senhor que me deu o curso à 16 anos
atrás. A minha reacção foi de enorme alegria, satisfação e de glória. Confesso
que me caíram lágrimas de felicidade. Liguei logo ao meu namorado, mãe e pai
que me apoiam a 300%.
Quando se entra em campo é sempre para
fazer o melhor embora às vezes as coisas não corram da forma desejada. Era este
o lugar que ambicionava?
Eu
sempre disse e continuo a dizer que luto sempre para ser a primeira. Já tive a
felicidade de ser primeira classificada no quadro feminino dois anos
consecutivos em épocas anteriores e este ano voltei a sê-lo. É sempre este o
lugar que quero para mim e é para isso que trabalho a época toda, dou o meu
melhor em campo e motivo os meus assistentes para que isso aconteça. Por isso,
sim, é este o lugar que ambicionava e ambiciono sempre.
“O símbolo FIFA representa para mim um
sonho que sempre desejei”
A Sílvia Domingos tem as insígnias da
FIFA. O que representa para si esse símbolo?
O símbolo
FIFA representa para mim um sonho que sempre desejei muito porque arbitrar é o
que eu adoro fazer mas nada se consegue sem trabalho e dedicação. Desde que
comecei neste mundo da arbitragem tive que trabalhar muito, mas muito mesmo, para
chegar onde estou. Também tive a felicidade ter os melhores professores que na
altura eram da comissão de apoio técnico do Algarve e que me ajudaram a ser a árbitra
que sou hoje e a acreditar que com trabalho, dedicação e com a minha vontade era
possível chegar ao topo.
Para além de árbitra do quadro
feminino apita também jogos de equipas masculinas nos distritais de Setúbal.
Onde é que se sente mais à vontade e quem gosta mais de apitar, homens ou
mulheres?
Sinto-me
muito bem em ambos as situações. Eu adoro arbitrar, não importa o escalão, nem
a vertente masculina ou feminina importa. O que importa é que o trabalho da
minha equipa seja sempre conseguido da melhor forma.
“Estive ligada ao atletismo e joguei
futsal”
Houve alguma razão especial para ter
entrado no mundo da arbitragem?
A
minha entrada no mundo da arbitragem tem a ver com a paixão que tinha pelo
futebol, incutida pelo meu pai, mas que nada tem a ver com arbitragem. Ainda
estive ligada ao atletismo dois anos e joguei futsal mas como não tinha muito
jeito, decidi na altura aceitar um desafio do meu professor de desporto e lá
fui tirar o curso de árbitro de futebol 11.
Começou no Algarve mas há duas épocas
atrás mudou-se para a região de Setúbal e actualmente está integrada no Núcleo
de Árbitros de Futebol de Almada / Seixal. Está adaptada a esta nova realidade?
Sim,
é verdade, foi isso que aconteceu mas estou completamente adaptada. Fui bem
aceite por todos e quando assim é torna-se mais fácil a adaptação.
A
minha progressão enquanto árbitra tem sido bastante positiva. Já lá vão 16 anos
de ligação à arbitragem mas ainda tenho muito que aprender.
“Os meus pais que são os meus pilares
de apoio”
Já chegou ao topo da arbitragem
feminina, que espera vir a alcançar ainda mais. Continua a ter objectivos?
Sim,
claro que continuo a ter objectivos. Quem me conhece sabe que não sou mulher de
estar à espera que as coisas caiam do céu, luto sempre e traço sempre
objectivos. Sendo que o meu objectivo principal neste momento é subir de
categoria a nível internacional.
Ficou ainda algo de importante para
dizer nesta nossa pequena conversa?
Sim
ficou. Gostaria de agradecer ao meu assistente Luís Ralha e especialmente a ele
porque para além de colega de equipa [nos momentos menos bons que tive esta
época] foi sempre um grande amigo. Depois, gostaria também de agradecer ao meu
namorado, aos meus pais que são os meus pilares de apoio e a todos que
acreditam e sempre acreditaram no meu valor.