Treinador ficou
surpreendido e desiludido com a decisão…
DEPOIS DE TER
SIDO DADO COMO CERTO FOI AFASTADO
Pedro Macedo, que
realizou um trabalho bastante positivo na qualidade de treinador da equipa de
juniores do Almada, não vai continuar a desempenhar as suas funções no Pragal pelo
facto de ter sido afastado do clube numa altura em que praticamente estava
garantida a sua continuidade.
Conhecedor da
situação, o JORNAL DE DESPORTO foi ao encontro do treinador a quem pediu para esclarecer
o que na realidade aconteceu. Pedro Macedo aceitou o nosso convite e de forma
franca e aberta não deixou nenhuma pergunta sem resposta.
Entretanto, porque
não quer ficar inactivo, o treinador mostra-se disponível e receptivo a
convites que eventualmente possam surgir, desde que mereçam alguma credibilidade.
Ou, se quisermos, por outras palavras, agora vai ficar à espera que o telefone
toque.
“A decisão de
não continuar foi tomada pela direcção do clube”
Depois do bom trabalho realizado foi uma surpresa a sua saída
da equipa de juniores do Almada. De quem partiu a iniciativa?
Efectivamente,
considero que foi realizado um bom trabalho, comprovada pela classificação
estável atingida, durante a minha curta estadia assim como pelas várias
demonstrações públicas e particulares que obtive, especialmente por parte dos
responsáveis do clube que representava. No entanto, não escondo, até certo
momento, foi surpreendente a minha não continuidade, até porque, passados uns
dias após o final do campeonato, fui apresentado a alguns atletas que farão
parte da futura equipa de juniores, mesmo não tendo ainda a minha situação
completamente definida com o clube. Quanto à decisão de não permanecer no
clube, após alguns dias de conversação, ela foi tomada pela direcção.
Quais as razões invocadas para o seu afastamento?
Como
referi, foi mantida uma conversação, durante dois ou três contactos efectuados.
Esta situação é perfeitamente normal em qualquer clube, em qualquer escalão e
com qualquer treinador. No primeiro contacto estabelecido após o final da
época, foi-me informado que iria existir uma forte aposta nas equipas seniores
e juniores do clube, com a clara definição de objectivos para ambas as
formações e ao mesmo tempo que me foi transmitido isso, foi igualmente dada
como certa a minha continuidade. No entanto, referi que deveria haver ajustes
no que respeita à minha situação bem como da minha equipa técnica, pois
eventualmente iria ficar desfalcado de alguns elementos que considerava
essenciais. Prontamente concordaram com as minhas pretensões, respondendo que naturalmente
os detalhes seriam tratados rapidamente. Passaram cerca de 2/3 semanas e de
forma inesperada para mim, obtive a resposta que não aceitariam as minhas
condições tendo optado por apostar num homem da casa.
“Desiludido pela
forma como o processo se foi desenrolando”
Ficou desiludido pela forma como saiu?
Sim
fiquei. Sobretudo como o processo se foi desenrolando, após o final do
campeonato. Acima de tudo pelo que atrás refiro e porque as minhas exigências
eram perfeitamente aceitáveis e compreendidas pelos vários elementos do clube,
sobretudo pela distância que percorria para liderar a equipa e que
comprovadamente não tinha a devida compensação financeira. Cheguei ao clube com
a equipa no último lugar da tabela (a par de 2 formações). Na altura, foi-me
dito por elementos do departamento de formação, que a equipa que iria liderar
era talvez a pior formação de juniores de sempre do clube. Desde o meu começo
com o grupo, conseguimos atingir 6 jogos consecutivos sem perder (5 vit+1 empate),
atingindo qualidade de jogo, que tinha maior evidência nas partidas realizadas
na condição de visitante e como resultado de tudo isso, foi criada uma
homogeneidade na estrutura, factor que me satisfez. Pelo referido, reafirmo a
desilusão que senti.
“Disponível para
novo projecto em qualquer outro clube”
E agora qual vai ser o seu futuro. Vai querer certamente
continuar a treinar?´
É
claro que pretendo continuar a treinar, aliás, não era expectável estar
novamente “inactivo”, mas o futebol apresenta-nos surpresas, situações
incontroláveis e injustas em que nada podemos fazer. Na última semana, o Almada
AC voltou a contactar-me, para saber o meu interesse em liderar a equipa de
iniciados do clube. Foram oferecidas melhores condições financeiras, agradeci o
convite mas optei por declinar o mesmo por considerar que não era esse o projecto
que pretendia. Voltarei a aguardar que o telefone toque. Como referi,
inesperadamente não continuarei a fazer algo que me apaixona, mas procurarei
uma oportunidade de voltar a estabelecer-me num novo projecto em qualquer outro
clube.
Ficou ainda algo de importante por dizer?
Apenas
destacar dois aspectos fundamentais. O primeiro, diz respeito ao facto de ter
representado o Almada Atlético Clube. Embora seja um clube que passa por dificuldades
várias, foi um orgulho grande fazê-lo, dar tudo como é meu apanágio, em prol de
uma instituição com altos pergaminhos no desporto nacional e que me permitiu
conhecer uma nova realidade, novos conceitos e novas pessoas, essenciais para o
meu crescimento e que estou certo deixei uma porta aberta para uma futura
possibilidade. Por fim, destacar a qualidade da estrutura que tive o prazer de
liderar. Aos bons jogadores e aos excelentes treinadores adjuntos e
colaboradores, designadamente, David Barata, João Leal, André Alcântara, Luís Leal
e Maurício Guedes, o meu muito obrigado pela competência, profissionalismo e
cooperação que sempre existiu e que permitiu alcançar bons momentos entre nós. Uma
palavra final para o mister Pedro Alves pelo convite formulado para liderar a
equipa e para a colaboração possível dada pelos directores Anabela, Velez e Mestre.