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terça-feira, 9 de junho de 2015

ALFREDO ALMEIDA»» Quer esquecer o passado recente

Treinador diz que ficou muito satisfeito com o convite do Alfarim… 

“ESTOU DE CORPO E ALMA NO PROJECTO DO ALFARIM, O SESIMBRA JÁ FAZ PARTE DO PASSADO”


Alfredo Almeida, em entrevista concedida ao JORNAL DE DESPORTO que na passada sexta-feira noticiou o seu ingresso no Grupo Desportivo de Alfarim mostrou-se bastante satisfeito com o convite feito pelo clube liderado por José Fernando Dias com quem foi muito fácil chegar a acordo.

Garantir a manutenção o mais rápido possível será o principal objectivo do grupo de trabalho que irá manter a quase totalidade dos seus jogadores. Conseguido este objectivo a equipa poderá então definir outras metas no sentido de poder vir a obter a melhor classificação possível.

Na conversa que mantivemos, Alfredo Almeida deixou bem patente que todas as suas atenções estão agora concentradas no Alfarim. De qualquer modo, e apesar de já fazer parte do passado, aceitou falar também da sua passagem pelo Sesimbra de onde foi afastado numa altura em que faltavam disputar apenas cinco jornadas para o fim do campeonato.

O treinador de 31 anos, lamenta o sucedido e assume os maus resultados mas não aceita as razões invocadas para o seu afastamento porque no seu entender “não se pode olhar para um clube pelo rosto de quem o governa” reforçando ainda a sua ideia com algumas indirectas porque “não se esconde atrás de secretárias [dá a cara], nem lava roupa suja nas redes sociais. O clube não se vê por quem o lidera mas sim pelo que representa enquanto instituição”.

“Quando se sente desejado num clube tudo se torna mais fácil”

Alfredo, como é que estás a perspectivar a mudança e o que esperas vir a conseguir no Alfarim que esta época se classificou em 4.º lugar?
Fiquei muito satisfeito pelo convite do Alfarim. Foi muito fácil chegar a acordo por dois motivos: por ser um clube humilde e por me ser transmitido que a decisão de me convidar ter sido decidida pela direcção e pelos capitães de equipa. Quando sentes que és desejado num clube por estas duas partes, tudo se torna muito fácil. Depois salientar que o facto de o Alfarim ter terminado a época em 4.º lugar não me assusta. Muito pelo contrário, só me motiva ainda mais. O trabalho realizado pelo mister Zé Carlos ao longo dos últimos anos é de enaltecer, assim como o final desta temporada sob o comando do Ricardo Dias.

Os objectivos para a nova época já estão definidos?
Os objectivos do Alfarim são bem claros. Passam por garantir rapidamente e de foram matemática a manutenção. Só depois se pode pensar noutros objectivos a nível de tabela classificativa.

E no que respeita ao plantel certamente vai haver entradas e saídas, como é natural acontecer no início de cada época?
Nesta primeira fase estamos a analisar tudo com muita calma porque a direcção transmitiu-me que 90% do plantel pretende continuar. Posteriormente, procuraremos proceder a algumas mudanças cirúrgicas, em determinados sectores.

“Não podemos olhar para um clube pelo rosto de quem o governa”

Recuando um pouco no tempo, temos que falar forçosamente da tua passagem pelo Sesimbra e da forma como saíste, quase no final do campeonato. Queres explicar o que na realidade aconteceu?
Como dizes na pergunta “recuando no tempo”. Se há algo que não gosto de fazer é olhar para trás, mas como não quero fugir à questão o que realmente se passou é que no dia 28 de Abril de 2015 fui despedido do Grupo Desportivo de Sesimbra depois de ter chegado no dia 28 de Novembro de 2013.

Ficaste magoado ou sentido com a decisão tomada pela direcção do Sesimbra?
Esta questão talvez seja a mais delicada para mim, não porque não saiba responder mas simplesmente porque não quero ser injusto com determinadas pessoas da estrutura do Sesimbra. Não podemos olhar para um clube pelo rosto de quem o governa, temos sim que olhar para a história do mesmo e para a sua posição enquanto clube. E, no que toca ao clube foi para mim um orgulho treinar o Sesimbra a quem dei tudo o que estava ao meu alcance. Para os mais distraídos ou esquecidos quero dizer que o Alfredo na época 2014/2015 serviu o clube sete dias por semana, literalmente, porque acumulei funções [com muito gosto e prazer] de treinador dos seniores, de peça fundamental na Liga Sub-20 e de coordenador da escola de futebol do clube. Nunca me queixei e estive sempre disponível para quem lidou comigo, assim como para o clube. E, todos aqueles que estão ligados ao clube sabem que o fazia não movido por dinheiro mas sim por paixão e por gosto. Mas, quem manda no clube só olhou para os seniores e despediu-me, alegando maus resultados. Propuseram continuar na escola de futebol e aí fui eu que não quis ficar por não sentir condições para tal. Assumo os maus resultados, assumo que deveríamos ter assegurado a manutenção mais cedo, assumo que fui eu quem escolheu os jogadores, assumo que a direcção me deu os jogadores que quis, só não assumo ser o culpado pelo chamado insucesso do futebol sénior porque contratei quem quis mas dentro do que podia. Fui eu que os contratei é um facto porque fui eu que falei com 99% deles, mas quero clarificar que o objectivo concreto, primário e fundamental do clube, era a manutenção, apesar de quererem dizer o contrário”.

… e continuando a explanar a sua ideia, acrescentou:
“Orgulho-me de ser despedido com 23 pontos e os mesmos chegarem para alcançar esse objectivo. Se calhar já se esqueceram que o plantel do Sesimbra fez 19 pontos na primeira volta, que não perdeu no tempo regulamentar em jogos da taça e foi eliminado pelo finalista. Foi o plantel que começou a época que fez estes óptimos resultados. E, depois também não foi o Alfredo o culpado das ausências do Pedro Ferreira, Rúben Colaço, João Mata, Sousa, Miguel Gomes, Valentim, Huguinho, Rão, César, Zeferino, Rui Santos, André Pinto jogadores que contribuíram para essa invencibilidade na taça e por essa excelente primeira volta mas que por vários factores uns saíram e outros estiveram ausentes por muito tempo. O Alfredo não controla casos de expulsões, casos profissionais, casos de melhores condições noutros clubes e casos de lesões graves que levou a muitas ausências. Isto não são desculpas, são factos e contra os mesmos não há argumentos. O Alfredo não se esconde atrás de secretárias [dá a cara], nem lava roupa suja nas redes sociais. Os factos são muitos simples, enquanto o Sesimbra teve o plantel que planeou para 2014/2015 à sua disposição fez uma boa primeira volta jogando sempre de olhos nos olhos contra todos os adversários. Fui despedido por maus resultados foi essa a justificação sendo-me mostrado no dia 8 de Abril um gráfico da tabela classificativa e dito que estava dispensado porque havia que fazer algo para inverter os maus resultados. A verdade é esta e eu não quero falar mais nisto. Para mim é um assunto que está mais que encerrado, quero apenas agradecer a todos os que estiveram ligados ao Sesimbra; jogadores, dirigentes, treinadores, sócios e adeptos pelas inúmeras mensagens que recebi de apoio em relação à minha pessoa e de discórdia da decisão tomada pela direcção. A todos um obrigado e um abraço. Termino como comecei, o clube não se vê por quem o lidera mas sim pelo que representa enquanto instituição.

“Neste momento o que interessa são os interesses do Alfarim”

No final da época passada estiveste quase a ingressar numa equipa do CN Seniores mas a mudança acabou por não se concretizar. Consta que a situação teve contornos algo estranhos. Foi mesmo assim?
É verdade tinha tudo certo para ingressar no Loures que ia participar no CNS e até já tinha jogadores contratados mas a verdade é que saí ainda antes do inicio da época depois de me aperceber que para ali treinar tinha de abdicar de princípios e valores dos quais não abdico, nem como treinador nem como pessoa. Isso é uma coisa que nunca farei seja onde for.

És um treinador ainda jovem. Quais são as tuas verdadeiras ambições enquanto treinador de futebol?
Sou jovem é um facto e quero apenas fazer aquilo a que chamo paixão, que é treinar. No dia em que treinar deixar de ser para mim uma paixão, abandono. Mas enquanto cá andar estou muito consciente do que é ser treinador. O Mourinho já foi despedido e o Jorge Jesus já desceu de divisão. O que importa não é cair mas sim a força e a rapidez com que te levantas. Por isso, agora para o treinador Alfredo o que interessa são os interesses do Alfarim e de todos aqueles que gostam deste clube.