Treinador diz que ficou muito satisfeito
com o convite do Alfarim…
“ESTOU DE CORPO E ALMA NO PROJECTO DO ALFARIM, O
SESIMBRA JÁ FAZ PARTE DO PASSADO”
Alfredo Almeida, em entrevista concedida ao JORNAL DE
DESPORTO que na passada sexta-feira noticiou o seu ingresso no Grupo Desportivo
de Alfarim mostrou-se bastante satisfeito com o convite feito pelo clube
liderado por José Fernando Dias com quem foi muito fácil chegar a acordo.
Garantir a manutenção o mais rápido possível
será o principal objectivo do grupo de trabalho que irá manter a quase
totalidade dos seus jogadores. Conseguido este objectivo a equipa poderá então definir
outras metas no sentido de poder vir a obter a melhor classificação possível.
Na conversa que mantivemos, Alfredo Almeida deixou
bem patente que todas as suas atenções estão agora concentradas no Alfarim. De
qualquer modo, e apesar de já fazer parte do passado, aceitou falar também da sua
passagem pelo Sesimbra de onde foi afastado numa altura em que faltavam disputar
apenas cinco jornadas para o fim do campeonato.
O treinador de 31 anos, lamenta o sucedido e
assume os maus resultados mas não aceita as razões invocadas para o seu afastamento
porque no seu entender “não se pode olhar para um clube pelo rosto de quem o
governa” reforçando ainda a sua ideia com algumas indirectas porque “não se
esconde atrás de secretárias [dá a cara], nem lava roupa suja nas redes sociais.
O clube não se vê por quem o lidera mas sim pelo que representa enquanto
instituição”.
“Quando se sente desejado num clube tudo se torna mais fácil”
Alfredo, como é que estás a perspectivar a mudança e o que esperas vir a
conseguir no Alfarim que esta época se classificou em 4.º lugar?
Fiquei
muito satisfeito pelo convite do Alfarim. Foi muito fácil chegar a acordo por dois
motivos: por ser um clube humilde e por me ser transmitido que a decisão de me
convidar ter sido decidida pela direcção e pelos capitães de equipa. Quando
sentes que és desejado num clube por estas duas partes, tudo se torna muito
fácil. Depois salientar que o facto de o Alfarim ter terminado a época em 4.º lugar
não me assusta. Muito pelo contrário, só me motiva ainda mais. O trabalho
realizado pelo mister Zé Carlos ao longo dos últimos anos é de enaltecer, assim
como o final desta temporada sob o comando do Ricardo Dias.
Os objectivos para a nova época já estão definidos?
Os
objectivos do Alfarim são bem claros. Passam por garantir rapidamente e de
foram matemática a manutenção. Só depois se pode pensar noutros objectivos a
nível de tabela classificativa.
E no que respeita ao plantel certamente vai haver entradas e saídas, como é
natural acontecer no início de cada época?
Nesta
primeira fase estamos a analisar tudo com muita calma porque a direcção
transmitiu-me que 90% do plantel pretende continuar. Posteriormente,
procuraremos proceder a algumas mudanças cirúrgicas, em determinados sectores.
“Não podemos
olhar para um clube pelo rosto de quem o governa”
Recuando um pouco no tempo, temos que falar forçosamente da tua passagem
pelo Sesimbra e da forma como saíste, quase no final do campeonato. Queres
explicar o que na realidade aconteceu?
Como
dizes na pergunta “recuando no tempo”. Se há algo que não gosto de fazer é
olhar para trás, mas como não quero fugir à questão o que realmente se passou é
que no dia 28 de Abril de 2015 fui despedido do Grupo Desportivo de Sesimbra
depois de ter chegado no dia 28 de Novembro de 2013.
Ficaste magoado ou sentido com a decisão tomada pela direcção do Sesimbra?
Esta
questão talvez seja a mais delicada para mim, não porque não saiba responder
mas simplesmente porque não quero ser injusto com determinadas pessoas da
estrutura do Sesimbra. Não podemos olhar para um clube pelo rosto de quem o
governa, temos sim que olhar para a história do mesmo e para a sua posição
enquanto clube. E, no que toca ao clube foi para mim um orgulho treinar o Sesimbra
a quem dei tudo o que estava ao meu alcance. Para os mais distraídos ou
esquecidos quero dizer que o Alfredo na época 2014/2015 serviu o clube sete dias
por semana, literalmente, porque acumulei funções [com muito gosto e prazer] de
treinador dos seniores, de peça fundamental na Liga Sub-20 e de coordenador da
escola de futebol do clube. Nunca me queixei e estive sempre disponível para
quem lidou comigo, assim como para o clube. E, todos aqueles que estão ligados
ao clube sabem que o fazia não movido por dinheiro mas sim por paixão e por
gosto. Mas, quem manda no clube só olhou para os seniores e despediu-me, alegando
maus resultados. Propuseram continuar na escola de futebol e aí fui eu que não
quis ficar por não sentir condições para tal. Assumo os maus resultados, assumo
que deveríamos ter assegurado a manutenção mais cedo, assumo que fui eu quem
escolheu os jogadores, assumo que a direcção me deu os jogadores que quis, só
não assumo ser o culpado pelo chamado insucesso do futebol sénior porque contratei
quem quis mas dentro do que podia. Fui eu que os contratei é um facto porque fui
eu que falei com 99% deles, mas quero clarificar que o objectivo concreto,
primário e fundamental do clube, era a manutenção, apesar de quererem dizer o
contrário”.
… e continuando
a explanar a sua ideia, acrescentou:
“Orgulho-me
de ser despedido com 23 pontos e os mesmos chegarem para alcançar esse objectivo.
Se calhar já se esqueceram que o plantel do Sesimbra fez 19 pontos na primeira volta,
que não perdeu no tempo regulamentar em jogos da taça e foi eliminado pelo
finalista. Foi o plantel que começou a época que fez estes óptimos resultados.
E, depois também não foi o Alfredo o culpado das ausências do Pedro Ferreira, Rúben
Colaço, João Mata, Sousa, Miguel Gomes, Valentim, Huguinho, Rão, César,
Zeferino, Rui Santos, André Pinto jogadores que contribuíram para essa
invencibilidade na taça e por essa excelente primeira volta mas que por vários factores
uns saíram e outros estiveram ausentes por muito tempo. O Alfredo não controla
casos de expulsões, casos profissionais, casos de melhores condições noutros
clubes e casos de lesões graves que levou a muitas ausências. Isto não são
desculpas, são factos e contra os mesmos não há argumentos. O Alfredo não se
esconde atrás de secretárias [dá a cara], nem lava roupa suja nas redes
sociais. Os factos são muitos simples, enquanto o Sesimbra teve o plantel que
planeou para 2014/2015 à sua disposição fez uma boa primeira volta jogando
sempre de olhos nos olhos contra todos os adversários. Fui despedido por maus
resultados foi essa a justificação sendo-me mostrado no dia 8 de Abril um
gráfico da tabela classificativa e dito que estava dispensado porque havia que
fazer algo para inverter os maus resultados. A verdade é esta e eu não quero
falar mais nisto. Para mim é um assunto que está mais que encerrado, quero
apenas agradecer a todos os que estiveram ligados ao Sesimbra; jogadores,
dirigentes, treinadores, sócios e adeptos pelas inúmeras mensagens que recebi
de apoio em relação à minha pessoa e de discórdia da decisão tomada pela
direcção. A todos um obrigado e um abraço. Termino como comecei, o clube não se
vê por quem o lidera mas sim pelo que representa enquanto instituição.
“Neste momento o
que interessa são os interesses do Alfarim”
No final da época passada estiveste quase a ingressar numa equipa do CN
Seniores mas a mudança acabou por não se concretizar. Consta que a situação
teve contornos algo estranhos. Foi mesmo assim?
É
verdade tinha tudo certo para ingressar no Loures que ia participar no CNS e
até já tinha jogadores contratados mas a verdade é que saí ainda antes do
inicio da época depois de me aperceber que para ali treinar tinha de abdicar de
princípios e valores dos quais não abdico, nem como treinador nem como pessoa.
Isso é uma coisa que nunca farei seja onde for.
És um treinador ainda jovem. Quais são as tuas verdadeiras ambições
enquanto treinador de futebol?
Sou
jovem é um facto e quero apenas fazer aquilo a que chamo paixão, que é treinar.
No dia em que treinar deixar de ser para mim uma paixão, abandono. Mas enquanto
cá andar estou muito consciente do que é ser treinador. O Mourinho já foi
despedido e o Jorge Jesus já desceu de divisão. O que importa não é cair mas
sim a força e a rapidez com que te levantas. Por isso, agora para o treinador
Alfredo o que interessa são os interesses do Alfarim e de todos aqueles que gostam
deste clube.