Depois
do Fabril esteve nos juniores do Barreirense…
“CHEGOU
O MOMENTO DE ASSUMIR O MEU PROJECTO DE FUTEBOL SÉNIOR”
Os
resultados menos positivos no Campeonato Nacional de Seniores levaram à
demissão da equipa técnica da qual fazia parte Flávio Baía dos Santos que pouco
tempo depois foi chamado pelo Barreirense para treinar a sua equipa de juniores
no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão para substituir Rui Fonseca que se havia
transferido para a União Banheirense.
O
trabalho realizado no Barreiro foi bastante positivo e o clube tinha interesse
na sua continuidade mas o treinador recusou o convite por razões de ordem
profissional devido ao facto de não poder acompanhar a equipa sobretudo nos
jogos a realizar fora de casa.
Por
esta razão, Flávio Baía dos Santos é neste momento um treinador livre com
vontade de abraçar um novo projecto, se possível a nível de seniores, conforme
referiu em entrevista concedida ao nosso jornal.
“Se não tivéssemos
falhado demasiado na finalização, a subida à 1.ª Divisão teria passado do sonho
à realidade”
Depois de vários
anos no Desportivo Fabril, e de nos últimos tempos ter feito parte do corpo
técnico da equipa sénior que se encontrava a participar no Campeonato Nacional
de Seniores, ingressou nos juniores do Barreirense. Como é que correu o
trabalho?
A
avaliação que faço ao trabalho desenvolvido é bastante positiva. E esta
avaliação baseia-se em alguns aspectos. Em primeiro lugar, o objectivo que me
foi proposto, que era a manutenção da equipa no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão,
foi amplamente alcançado; um outro objectivo a que me propus, e que também
meritoriamente foi atingido pela minha equipa, que garantiria desde logo o
primeiro, era o apuramento para a segunda fase de subida. De salientar que
aquando da minha entrada na equipa, 26 de Dezembro de 2014, este era um
objectivo que não se afigurava nada fácil porque a equipa estava em 3.º lugar a
um ponto do 2.º classificado (lugar de acesso à fase de subida) e tinha acabado
de ser derrotada pelo Atlético, clube que passou a ocupar a segunda posição
numa altura em que faltavam por disputar quatro jornadas com adversários que
estavam bem classificados, sendo um deles frente ao Portimonense que ainda não
tinha derrotas. Mas, repito, meritoriamente a equipa conseguiu vencer três dos quatro
jogos e passar para 2.º lugar garantindo assim o acesso à fase de subida. Na 2.ª
fase de subida a realidade encontrada foi completamente diferente porque defrontámos
equipas inseridas em estruturas profissionais, em que muitos dos seus atletas
também já eram profissionais. Contudo, defini para mim a subida como meta, e
não fosse termos falhado demasiado no capítulo da finalização, a subida à 1.ª
Divisão teria passado de “sonho” a realidade. Pois, em termos de qualidade de
jogo e futebol praticado, na minha opinião, apenas uma equipa demonstrou ser um
pouco superior. Portanto, a avaliação feita por mim e pela estrutura do Futebol
Clube Barreirense é positiva.
“Não continuo
por razões de ordem profissional”
Apesar do bom
trabalho realizado não vai continuar no clube. Porquê?
A
minha não continuidade no clube e mais propriamente no escalão de juniores, não
está relacionada com factores desportivos, entenda-se, resultados. Aliás, a
direcção do FC Barreirense, e em particular o departamento de futebol, queriam
e tudo fizeram para assegurar a minha continuidade no comando da equipa na
próxima época, mas não pude aceitar o convite. Tive que tomar esta sempre
difícil decisão por razões de ordem profissional. Ou seja, como trabalho ao
sábado não seria possível a minha deslocação com a equipa aos jogos fora,
nomeadamente nos de maior distância.
Mas certamente
vai querer continuar ligado ao futebol. Está disponível para abraçar outro
projecto?
A
minha continuidade no futebol não está posta em causa. O futebol é a minha
grande paixão e o treino o meu maior vício, não imagino o meu dia-a-dia sem futebol.
Quanto a outro projecto estou sempre disponível, desde que se tratem de
projectos sérios e credíveis.
“O meu sonho é
ser treinador de futebol profissional”
A sua
preferência vai para os escalões de formação ou para uma equipa sénior?
A
minha preferência vai para projectos de futebol sénior. Aliás, aquando da minha
saída do GD Fabril, essa já era a minha prioridade. Contudo, quando surgiu o
convite para treinar os juniores do FC Barreirense, não podia declinar, até
porque já não era primeira vez que a direcção do FC Barreirense me convidava
para trabalhar no clube. Penso que ao fim de 12 anos/épocas consecutivas como
treinador, divididas em 10 no futebol de formação e duas com equipas seniores,
chegou o momento de assumir o meu projecto de futebol sénior, ainda que não
dependa de mim, pois na realidade do nosso futebol é mais fácil e confortável “entregar”
equipas a treinadores mais “velhos”, os ditos “experientes”, do que a um
treinador jovem (no meu caso 33 anos), mas eu tenho um lema “a idade não é
sinónimo de competência”, e este exemplo pode ser observado nos mais altos
patamares do futebol, em que treinadores jovens conseguem ser tão competentes
como os treinadores mais experienciados. Se nunca se apostasse em treinadores
jovens, provavelmente, nunca teriam aparecido alguns dos que hoje
orgulhosamente apelidam como os “melhores do mundo”. Mas é este o panorama. Resta-me
trabalhar e esperar que me seja proporcionada a oportunidade. Depois,
encarregar-me-ei de demonstrar que tomaram a opção certa, e não defraudar as
pessoas que apostaram em mim.
Quais são as
suas ambições como treinador de futebol?
As
minhas ambições são enormes, sou como uma criancinha. O meu sonho é ser
treinador de futebol profissional. Mas sei que para tal tenho que trabalhar muito
para aparecer a dita “sorte”. É isso que faço, tento trabalhar como um
profissional, quer na preparação da época, microciclo, treino, e durante o
mesmo, para que um dia quando a oportunidade surgir, eu estar à altura e não
falhar…