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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

COVA DA PIEDADE»» Sérgio Bóris analisa actual momento da equipa

Clube tem um dos orçamentos mais reduzidos do campeonato

“É importante haver maior coerência no que é exigido a estes jogadores”


O Cova da Piedade prepara-se para receber no próximo domingo o Louletano em jogo a contar para a 14.ª jornada da Série H do Campeonato Nacional de Seniores.

Ganhar é a palavra de ordem da equipa que pretende recuperar o espaço perdido com a derrota sofrida na jornada anterior em Montemor, a terceira sofrida da época sofrida pela equipa piedense nos 16 jogos oficiais até agora realizados; 13 para o campeonato e três para a Taça de Portugal contra adversários das ligas profissionais como é o caso do Portimonense e Gil Vicente.


Com um dos orçamentos mais reduzidos do Campeonato Nacional de Seniores a equipa tem dado uma boa resposta apesar de algumas limitações sobretudo no aspecto ofensivo onde se tem notado a falta de um verdadeiro homem de área que seja capaz de concretizar em golos as muitas oportunidades criadas. De facto, este tem sido o grande calcanhar de Aquiles da formação piedense que perdeu por lesão logo na primeira jornada da competição o homem a quem tinha sido confiada essa missão, o avançado Moisés, jogador pertencente aos quadros do V. Setúbal que nas duas últimas épocas esteve cedido ao Casa Pia. O clube tentou preencher a lacuna e tinha alguns jogadores referenciados mas os fracos recursos financeiros não permitiram que o acto se consumasse. Esta tem sido sem dúvida uma das principais razões para o reduzido número de golos marcados, para a forte tendência para o empate e para o escasso número de vitórias nos jogos disputados em casa. A grande coesão defensiva que assenta na perfeição à sua organização de jogo tem sido o ponto forte da equipa que, recorde-se, tem apenas como objectivo assegurar a manutenção o mais rapidamente possível.

Mas, para que os nossos leitores, e em especial os adeptos do clube, fiquem com uma ideia mais concreta sobre a actual realidade do clube, o nosso jornal convidou o treinador Sérgio Bóris para fazer uma análise mais detalhada ao comportamento da equipa até agora.


“Tudo faremos no domingo para que a vitória aconteça”


No próximo domingo o C. Piedade recebe o Louletano, adversário que venceu na 1.ª volta, em Loulé. O objectivo para este jogo passa por voltar a ganhar?
Sim, aqui não se preparam jogos para empatar. Por isso, no domingo vamos naturalmente querer ganhar, tudo faremos para que a vitória aconteça. No entanto, sabemos que pela frente teremos uma equipa profissional, que tudo fará para justificar esse estatuto.


Como é que a equipa se sente neste momento. Continua confiante? A pergunta tem a ver com o facto de registar duas derrotas nos dois últimos jogos realizados fora de casa, quando anteriormente só tinha tido uma nos restantes encontros...
Estamos tranquilos porque sabemos a forma como perdemos, sabemos o que temos feito e para onde queremos ir. Estamos num campeonato desequilibrado no que diz respeito a orçamentos mas equilibrado no que diz respeito a pontos, que será muito disputado até à última jornada.




Qual a análise que faz do comportamento da equipa até ao presente momento, incluindo os jogos da Taça de Portugal?
Penso que devemos enquadrar uma série de factores nessa análise. Equipa jovem, com muitos jogadores a jogarem pela primeira vez na segunda divisão, tal como o clube que há 25 anos não presenciava jogos nesta divisão. Depois, quando olhamos para o orçamento que dispomos em comparação ao de outras [praticamente todas da nossa série], parece-me justo dizer que temos feito uma época bastante positiva. Em 17 jogos oficiais perdemos três, à 13.ª jornada estamos a 3 pontos do terceiro lugar e a 9 pontos do primeiro lugar de descida. Na Taça de Portugal chegámos aos 16 avos de final e fomos eliminados pelo Gil Vicente, apenas nos penáltis. Não me parece mau…





“O ponto forte e o ponto fraco…”

O ponto forte da equipa tem sido a grande coesão defensiva que assenta na perfeição à sua organização de jogo. Concorda?
Sim. Por norma, as equipas que treino são equipas bem organizadas defensivamente, que sofrem poucos golos. Acredito que os bons ataques ganham jogos mas as boas defesas ganham campeonatos.

E o ponto fraco, pelo que se tem visto parece ser o ataque porque a equipa não consegue finalizar as muitas oportunidades que cria...
Sim. Este ano não temos conseguido transformar em golos as várias oportunidades que criamos. Acredito que é uma fase e nada tem a ver com o treino ou com o modelo. Está relacionado com outras coisas, nomeadamente comos argumentos que uns têm para contratar e outros não. No entanto, resta-nos dentro das características do plantel que temos, tentar arranjar soluções.




Moisés era a grande aposta para o ataque mas o jogador teve a infelicidade de se lesionar logo na 1.ª jornada. Para quando o seu regresso e porque razão o C. Piedade não conseguiu arranjar uma alternativa?
O Moisés deve regressar só em Fevereiro. A razão de não termos conseguido arranjar uma alternativa tem a ver com o que o clube pode pagar. Quero deixar claro que concordo 100% com esta política de só prometer o que se pode pagar. No entanto, não é menos verdade que perdemos argumentos em relação aos nossos adversários. Temos o trabalho feito, a base de dados é vasta mas aqueles que realmente nos poderiam ajudar vão ganhar três vezes mais que aquilo que o nosso jogador mais caro recebe, e quando é assim não há nada a fazer.



As necessidades e a falta de recursos financeiros


Pode dar exemplo de algum jogador que o clube tenha tentado contratar e não tenha conseguido?
Dou-lhe mais que um. Tentámos o João Ramos [Johny], avançado do Moura que mora a dois minutos do campo do C. Piedade. Disse-me, pessoalmente, que entre ordenado, casa e alimentação ia para Moura ganhar quatro vezes mais que o máximo que nós podemos pagar. Falámos com o Nuno Moreira que mora no Monte da Caparica e preferiu ir para o Louletano pelas mesmas razões, falámos também com o Henrique Gomes que mora em Corroios e nos disse que ia para o Carregado porque lhe pagavam consideravelmente mais e há cerca de mês e meio quando soubemos que o Nuno Gomes ia sair de Montemor também falámos com ele mas a resposta foi também clara. Obrigado, agradeço terem-se lembrado de mim, mas é muito pouco em relação ao que o Pinhalnovense me oferece Estes são alguns exemplos, mas muitos mais existem. O ano passado tínhamos um dos três orçamentos mais altos da série, diziam que por isso tínhamos que ganhar. Este ano temos muito possivelmente um dos três orçamentos mais baixos do país e há quem continue a dizer que temos que ganhar. É importante haver uma maior coerência no que é exigido a estes jogadores porque o que fizeram até agora tem sido muito positivo.




Que espera da equipa até ao final da primeira fase?
Espero a mesma atitude competitiva, o mesmo querer, a mesma vontade em melhorar em cada treino. É um orgulho muito grande trabalhar com estes jogadores que chegam quase todos ao treino com 8 horas de trabalho e muitos deles com trabalhos que envolvem disponibilidade física. Domingo, perante uma equipa profissional, daremos certamente mais uma grande resposta e tenho a certeza que as diferenças mais uma vez não serão tão grandes no campo como são nos orçamentos.


Quer deixar alguma mensagem aos adeptos do clube?
À nossa claque, “OS LOCAIS” quero dizer que têm nos jogadores e na equipa técnica os seus primeiros grandes admiradores. Para eles, o nosso obrigado e que não se cansem de nos apoiar. Aos sócios e verdadeiros piedenses que percebam e exijam com coerência, que se orgulhem deste plantel que vive com uma realidade bem diferente dos nossos adversários, mas que domingo após domingo tem defendido e honrado este clube de uma forma admirável. Todos juntos, seremos poucos para garantir a tão desejada manutenção.

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