PORTUGUESES LÁ POR FORA…»» Gonçalo Salgueiro termina aventura na Noruega

Viagem de regresso está marcada para segunda-feira

“A nível desportivo foi uma experiência muito positiva”

Gonçalo Salgueiro no final de um jogo...

Gonçalo Salgueiro, defesa, de 25 anos, que nas últimas três temporadas jogou no Beira Mar de Almada, depois de ter passado pelo Zambujalense, Paio Pires, Odivelas, enquanto sénior; e, V. Setúbal, Pescadores da Caparica, Ginásio de Corroios e Seixal [onde começou a dar os primeiros pontapés na bola] nos escalões de formação, partiu no final do mês de Julho para a Noruega, juntamente com Fábio Oliveira (ex-Arrentela), para actuar no Bersoy IL, da 3.ª Divisão Nacional, clube treinado por Hugo Vicente (ex-Paio Pires, Benfica e Sp. Braga).

Apanhou o comboio já em andamento mas nem por isso deixou de mostrar a sua qualidade como jogador sendo praticamente sempre titular da equipa funções que acumulava com as de treinador de iniciados que obteve um brilhante segundo lugar no campeonato de Outono.

Com o campeonato a chegar ao fim (realiza-se hoje, sábado, a última jornada) o jogador tem já marcado, para a próxima segunda-feira, o regresso ao nosso país mas de momento não há ainda certeza quanto ao seu futuro. Mas, ninguém melhor que o próprio para contar como na verdade foi esta sua passagem por aquele país nórdico onde já começou a nevar.


Como decorreu esta experiência na Noruega?

Neve já chegou à Noruega...

Foi uma experiência que me fez crescer muito, e da qual não me vou esquecer nunca. Não posso dizer que correu tudo conforme planeava, mas a nível futebolistico, sim, correu (e está ainda a correr) tudo muito bem. Temos dado boas réplicas daquilo que viemos aqui fazer. Como treinadores, desenvolvemos um trabalho muito bom nos iniciados. No campeonato de Outono (nas camadas jovens na Noruega, existem 2 campeonatos por ano – um entre Março e Junho e outro de Agosto a Outubro) ficámos em 2.º lugar atrás do Alesund FK que é a terceira equipa mais popular da Noruega, a seguir ao Rosemborg e ao Molde, treinada pelo antigo jogador do Manchester United Ole Gunnar Solskjær. Está a chegar o dia de seguirmos para o nosso país (do qual já temos alguma saudade), mas tenho de admitir também que vou ter saudades destes tempos passados por cá, onde fizemos muitos amigos. Já há neve em alguns locais e as temperaturas nesta altura (não imagino como será em Dezembro), são um bocadinho “agressivas”, mas ao mesmo tempo, ver tudo “branquinho” é algo que não estamos habituados e algo que enriquece também esta experiência.
Quanto ao nível de vida, existem salários muito altos, mas também é tudo muito caro. A língua não é difícil de aprender, mas na Noruega existem três idiomas diferentes, todos eles com algumas semelhanças mas para quem quer aprender torna-se mais complicado porque os jornais vêm escritos noutro idioma e certas frases que são escritas de uma maneira, são faladas de outra.

Equipa do Bersoy IL, com Fábio Oliveira e Gonçalo...

Chegaste já com campeonato em andamento. Como é que foste recebido pelos teus companheiros?
Fomos muito bem recebidos... Não só pelos colegas de equipa como por toda a gente na cidade. É uma cidade que vive futebol onde todos são fãs do Bersoy IL. Por isso, posso afirmar que dentro das diferenças culturais existentes fomos muito bem recebidos. Chegar a meio nunca é fácil e ainda por cima depois de dois meses de férias. Na semana em que chegámos tivemos logo jogo; ou seja, foi competir sem pré-epoca, mas os primeiros jogos correram-nos bem em termos individuais e isso ajudou a que as coisas se simplificassem. Conhecemos também por cá algumas pessoas com ligações ao nosso país e isso também ajudou nestes meses.




Em termos desportivos, valeu a pena? Quantos jogos fizeste? Eras habitualmente titular?
Sim, valeu muito a pena esta experiência a nível desportivo. No meu caso fiz 11 jogos em 12 possíveis (vou hoje, sábado, dia 19-10-2013 fazer o 12.º jogo). Estive apenas ausente um jogo porque estava suspenso por cartões amarelos (três dá direito a suspensão) e estive nessa semana em Portugal.

Entrada para um jogo...

Nesses 11 jogos fui 9 vezes titular, e desses 9 jogos apenas saí em um lesionado, tendo nos restantes jogado os 90 minutos. Acabei apenas por não ser titular no primero jogo depois de ter chegado de Portugal e no primeiro jogo depois de ter chegado a segunda vez de Portugal e em ambos entrei na segunda parte.


E em termos pessoais?
Em termos pessoais foi uma boa experiência. Aprendi muitas lições de vida. Não posso dizer que tudo correu conforme planeava inicialmente mas, aprendi muito com esta experiência que vai ficar para sempre na minha memória.


O teu clube está em 4.º lugar, a 2 pontos do terceiro e a 6 do segundo mas o primeiro (campeão) tem mais 20 pontos. Como é o nível competitivo da 3.ª divisão na Noruega, melhor ou pior que o nosso?

Balneário do Havila Stadium

Essa é uma pergunta que muitas pessoas já me fizeram, mas muito complicada de responder. É completamente diferente. A nível técnico eles são bastante evoluidos (trabalham muito por exemplo o passe e o remate) e nisso, são mais evoluídos que nós. A nível táctico julgo que não haja tanta qualidade nos treinadores como nos portugueses, principalmente nos treinadores de camadas jovens. Em Portugal existe um maior equilíbrio táctico nas equipas. Quanto à tabela classificativa temos hoje (sábado) o jogo do “tudo ou nada” para se saber em que lugar ficamos. Tanto podemos chegar ao 3.º como podemos baixar ao 5º lugar. O primeiro classificado (Herd) acabou por finalizar com mais 20 pontos e está de parabéns por isso, mas, sinceramente, acho que não há grandes diferenças nos cinco primeiros classificados para haver assim uma discrepância tão grande de pontos. O 2º, o 3º e o 5º classificados são igualmente equipas fortes, capazes de se bater de igual para igual com o 1.º classificado mas foi um campeonato que a meu ver, se resolveu através dos pontos perdidos com as equipas que se encontravam mais abaixo na tabela classificativa. E, nisso, temos de dar os parabéns ao campeão pela regularidade demonstrada jornada após jornada.

Equipa de Iniciados durante um treino

Como é que foi trabalhar com o "mister" Hugo Vicente?
Já o conhecia de Portugal. Foi mais uma vez muito bom trabalhar com uma pessoa como o Hugo. É um treinador que, não só pela qualidade mas também pela vontade de vencer, devemos de ter em conta nos próximos anos. É pena o nosso país estar como está a nível económico e ter um futebol “viciado”. O Hugo Vicente tem qualidade para chegar muito longe como treinador. Aconselho as pessoas ligadas ao futebol a verificarem o trabalho dele, porque é algo de notável. Quem trabalha assim, tem de chegar ao topo.


O campeonato terminou. Estás a pensar em voltar à Noruega ou o teu futuro como jogador poderá passar de novo por Portugal?
Neste momento falta ainda o jogo contra o Alesund mas na próxima segunda-feira, tanto eu como o Fábio, regressamos a Portugal (o Hugo só volta em Dezembro). Nos próximos tempos haverá novidades quanto ao meu futuro que por agora é incerto.