PORTUGUESES LÁ POR FORA… Hadil (ex-Beira Mar de Almada) está na Dinamarca

No BK FREM da 2.ª Divisão

“Estas são oportunidades únicas que devem ser bem aproveitadas”

Hadil com a camisola do BK FREM 

O defesa Hadil Daudali, de 20 anos, que nas últimas quatro épocas representou o Beira Mar de Almada está a jogar na Dinamarca, no Boldklubben Frem, da segunda divisão daquele país.

A experiência está a ser enriquecedora e o jovem português encontra-se altamente motivado porque para além de jogar futebol tem também a oportunidade de estudar no âmbito do programa ERASMOS, que foi aliás a principal razão para a ida para aquele país que possui uma das melhores faculdades de economia da Europa.

Mas, vamos então saber mais pormenores sobre a presença do jogador na Dinamarca, para onde partiu há pouco mais de duas semanas.

Como curiosidade refira-se que o BK FREM já participou sete vezes na Liga Dinamarquesa; quatro na 2.ª Divisão; duas na Taça da Dinamarca; três na Liga Europa (1972/73, 1977/78 e 1992/93); duas na Taça das Taças (1969/70 e 1978/79); e uma na Taça das Cidades com Feira (1967/68). No seu palmarés conta com seis títulos nacionais da 1.ª Divisão (1922/23, 1930/31, 1932/33, 1935/36, 1940/41, 1943/44) e duas Taças da Dinamarca (em 1955/56 e 1978).

“Conjugar os estudos com o futebol é algo que me agrada”

Como é que surgiu a hipótese de ir para a Dinamarca?
Estou no último ano da minha Licenciatura em Economia na Universidade Católica Portuguesa, e existe um programa de intercâmbio de estudantes, ERASMUS. Fiz a minha candidatura, e a Dinamarca foi a minha primeira opção pela solidez, rigor, e poder económico que apresentam neste momento, contrastando com a actual conjuntura dos restantes países europeus, como é o caso de Portugal, conjugando o facto de a Copenhagen Business School ser uma faculdade posicionada no Top-5 da Europa para o curso de Economia. Assim que soube o resultado da candidatura, informei-me e falei com o treinador da equipa, que me abriu as "portas", e após o primeiro treino mostrou interesse que eu ficasse.

Como é que está a ser a integração?
Cheguei no dia 17 de Agosto. O clima é bastante diferente, mas estou inserido num contexto universitário, e isso facilita a integração. A língua não é fácil de falar, mas como a maioria das pessoas fala fluentemente inglês não constitui grande problema.

A experiência está a ser do teu agrado?
É a primeira vez que estou a viver fora do país e as saudades são muitas, mas acho que está a ser uma experiência incrível. Estar a conjugar os estudos e o futebol é algo que me agrada muito. Por aqui, todos têm um estilo de vida saudável, toda a gente se desloca de bicicleta de um lado para o outro e praticam variados desportos.

“As instalações são incríveis”

Qual o clube que representas e em que divisão participa?
O Boldklubben Frem, ou BK FREM, está actualmente na 2.ª Divisão do Futebol Dinamarquês, uma abaixo do principal campeonato. As instalações são incríveis, e para além do estádio, existe um campo coberto devido ao rigoroso Inverno e mais de 40 campos de futebol, pelos quais se dividem todos os escalões do clube. Nunca tinha visto nada assim. Todos os relvados naturais estão em belíssimas condições para a prática do futebol.

Aqui enquanto jogador do Beira Mar de Almada

Há mais portugueses na equipa?
Por coincidência, quando o treinador me apresentou à equipa e disse que eu vinha de Portugal, o Paulo veio logo ter comigo e ajudou-me a traduzir o que o treinador ia dizendo. Tem 25 anos e jogava num clube de Albufeira. Tem sido uma grande ajuda. É sempre bom ter alguém familiar na integração, todos os colegas dinamarqueses ajudam falando inglês, e existem também jogadores coreanos na equipa, que também comunicam em inglês.

“Experiência enriquecedora”

Os hábitos e os costumes dos dinamarqueses são muito diferentes dos nossos?
Completamente. Existe a confiança social característica dos países nórdicos, todos respeitam o próximo, e têm sempre as portas das suas casas abertas a qualquer pessoa. É perceptível porque são considerados o país mais feliz do Mundo. A eficiência com que cada um realiza as suas tarefas é de louvar, quase toda a gente pertence a uma organização de voluntariado para apoiar as mais diversas causa. Só bons exemplos. Em relação ao futebol, na 2.ª Divisão é adoptado o sistema semi-profissional. Todos os meus colegas ou estudam ou têm um trabalho, o que na minha opinião faz sentido, porque todos os estudantes universitários são subsidiados com uma verba que funciona como incentivo na ordem dos 800 euros por mês. Até mesmo quem não tem possibilidades económicas tem acesso à educação superior. É incrível!

Em termos futuros, a ideia passa por continuar a jogar no estrangeiro ou por regressar a Portugal?
Até Janeiro ficarei por cá. Depois regressarei a Portugal para terminar o meu último semestre da Licenciatura, que é a minha prioridade. Essencialmente vejo esta oportunidade como uma experiência enriquecedora, em que poderei conhecer uma realidade diferente e aproveitar para conhecer outro tipo de futebol, mais agressivo mas menos tecnicista. São oportunidades únicas que devem ser aproveitadas porque não aparecem muitas vezes.