Um almadense que já correu meio mundo a jogar futebol
Chama-se Gustavo Ribeiro, tem 28 anos, nasceu em Almada e é um dos muitos futebolistas da nossa região que se encontram a jogar no estrangeiro.
Jogou no Almada, passou pelo Montijo mas depois optou por exercer a sua profissão no estrangeiro partindo na época de 2004/05 para a Alemanha para representar o SF Siegen onde permaneceu dois anos. Seguidamente foi para Espanha, para o SD Compostela e Lalín; nas três épocas seguintes esteve na Grécia onde representou três clubes diferentes (Eordaikos, Odysseas Anagennisi, Anagennisi Karditsa), um em cada ano; em 2011 esteve na Indónésia (Persijap Jepara, Bintang Medan) e posteriormente em Malta (St. Andrews FC) e Chipre (Onisilos), país que não deixou grandes saudades porque esteve três meses sem receber.
Presentemente, encontra-se na Alemanha mas ainda não tem a certeza se por lá vai continuar porque há também a possibilidade de poder vir a ingressar num clube austríaco.
Já lá vão nove anos desde que saiu do país e muito provavelmente é por lá que vai continuar porque segundo diz “o futebol português está cada vez mais viciado”.
Vamos então conhecer melhor Gustavo Ribeiro, ficar a saber porque razão optou por jogar no estrangeiro e como se tem dado nos países por onde tem passado, como jogador profissional de futebol.
Em Chipre ficaram-me a dever algum dinheiro
Já anda pelo estrangeiro há muitos anos e já percorreu muitos países, como futebolista. Qual o clube onde mais gostou de estar e o que menos recordações lhe deixou?
Tive muitos altos e baixos na minha carreira. Não tenho preferência porque gostei de estar em praticamente todos os clubes por onde passei. O que me deixa menos recordações é o Onisilos (Chipre), o último clube onde joguei até há bem pouco tempo, porque me ficaram a dever algum dinheiro. Foram mais de três salários em atraso. Para um jogador profissional não é nada bom porque quando se procura o estrangeiro é sempre com a intenção de poder ter um bom salário e uma vida estável.
Em Portugal, jogou no Almada e no Montijo porque não continuou a sua carreira por cá. Por falta de convites ou por outra razão?
Na altura, quando jogava no Montijo, estava bastante contente porque era um “miúdo”. Mas, como tinha uma ambição muito grande e trabalhava sempre bastante para ver se conseguia algo mais, começaram a surgir alguns rumores que poderia abandonar o futebol português. Surgiram então oportunidades e um empresário alemão que estava em Portugal, depois de ver alguns jogos meus no Montijo, contactou-me e assim começou a minha caminha fora de Portugal. Desde os meus 13 anos que mostrava interesse em sair de Portugal porque tinha uma ambição muito grande. Oportunidades para voltar a Portugal tenho sempre todos os anos, mas as propostas não têm sido do meu agrado. Dá a ideia que não dão grande importância aos jogadores portugueses que estão a jogar fora do país. Agora, alteraram a lei por causa dos certificados internacionais. Pode ser que isso ajude um pouco mas não acredito porque o futebol português está cada vez mais viciado.
“O futebol português está cada vez mais viciado”
Não tem sido difícil adaptar-se aos usos e costumes dos países por onde tem andado?
Não, até pelo contrário. Tem sido bastante agradável. Eu e a minha mulher adoramos conhecer novas culturas, até mesmo quando joguei na Ásia. Foi muito bom conhecer e partilhar momentos com muçulmanos e ver a entrega e a diferença deles.
Em termos futuros a sua ideia é continuar pelo estrangeiro ou está a pensar um dia voltar a Portugal para jogar futebol?
Eu gostaria de um dia poder jogar na primeira divisão em Portugal mas não sei se isso pode vir a acontecer. Tenho 28 anos, estou na máxima forca e acho que tenho capacidade para isso. Mas, sinceramente, como o futebol está em Portugal, a cada ano que passa, acredito menos que isso possa acontecer.
“Hoje é muito complicado encontrar uma pessoa séria no futebol”
Considerando que cada vez há mais portugueses a actuar no estrangeiro, tendo em conta a sua experiência, que conselhos deixa a quem se quer aventurar por outras paragens?
Aconselho todos aqueles que queiram sair que o façam apenas se tiverem uma proposta segura e um empresário sério. Hoje é muito complicado encontrar uma pessoa séria que nos ajude a encontrar o nosso próximo rumo. Hoje não se pode confiar em ninguém no mundo do futebol porque a competição é vasta e todos querem passar uns por cima dos outros. Eu costumo dizer que equipas há muito poucas e milhares de jogadores. Por isso, volto a frisar, tenham calma, não se precipitem, saiam na altura correcta quando tudo estiver bem definido. Hoje em dia tem que se ter bastante cuidado quando se sai de Portugal, porque a Europa aos poucos está a ficar mais fraca em termos de pagamentos no futebol e muitos países já não pagam muito mais que em Portugal.
Para quem estiver interessado em acompanhar a carreira de Gustavo Ribeiro no estrangeiro aqui fica o endereço da sua página pessoal
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