Jogador recorda tempo passado no pelado da Medideira
Na época passada esteve no Sesimbra que disputava o Campeonato Nacional da 3.ª Divisão mas esta época está de volta ao clube que o viu nascer para o futebol não como guarda-redes mas curiosamente como avançado.
Estava na formação e quando passou para a competição disseram-lhe que não tinha habilidade para isso. Como havia falta de um guarda-redes perguntaram-lhe se queria ir para a baliza, a resposta foi afirmativa e de lá nunca mais saiu.
O dono da baliza do Amora no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão que ambiciona um dia vir a ser profissional de futebol está satisfeito com o trabalho desenvolvido até aqui e mas não esquece aquilo que passou no pelado da Medideira, hoje transformado num excelente relvado sintético onde apetece jogar.
“No final dos treinos e dos jogos
chegávamos a pesar dez quilos a mais”
Os guarda-redes foram talvez os jogadores que mais sofreram no pelado da Medideira. Ainda te recordas certamente desse tempo?
Claro que sim. Tínhamos o mínimo de condições. Mas jogar e treinar no pelado era sempre complicado sobretudo no Inverno porque fazia muito frio e havia muitas poças de água. No final dos treinos e dos jogos chegávamos a pesar dez quilos a mais
O que para um guarda-redes não é nada agradável?
Estar encharcado e mais pesado que o normal não é agradável para ninguém. Mas, para um guarda-redes na verdade é muito pior porque tem que saltar, cair e levantar-se o mais rápido possível. O guarda-redes tem que ter uma rápida reacção e a lama dificultava imenso.
Por que razão foste para guarda-redes se tinhas na família [irmão] um goleador?
Foi uma situação engraçada. Nas escolas de formação sempre joguei à frente mas quando cheguei à competição disseram-me que não tinha habilidade para isso e que era também um pouco gordinho. Como havia falta de um guarda-redes perguntaram-me se queria ir para a baliza. Eu como gostava de jogar futebol aceitei e nunca mais de lá saí. A princípio não foi fácil porque era uma posição diferente de todas as outras onde o erro é fatal.
Exactamente. Quando erramos o erro é-nos sempre apontado. Temos que ter um grande poder de encaixe para não nos irmos abaixo. Um guarda-redes tem que ser muito forte em termos psicológicos.
Como é que foi a tua passagem pelo Sesimbra na única época em que estiveste longe da Medideira?
Desportivamente não correu tão bem como esperávamos. Começámos bem o campeonato e acreditávamos que poderíamos passar à fase dos primeiros mas as coisas acabaram por não correr bem na segunda volta e não conseguimos concretizar o objectivo. A minha ida para Sesimbra aconteceu porque a situação no Amora era muito complicada pelo facto de não se saber na altura em que campeonato ia participar. O convite surgiu e eu aceitei.
“O Amora é o meu clube do coração”
Sim, o Amora é o meu clube do coração, nunca o irei esquecer. Já são muitos anos, já conheço a casa e as pessoas e estas conhecem-me a mim. É um clube que vai ficar para sempre gravado no meu coração porque fui duas vezes campeão distrital, porque é um clube ganhador e porque me tem dado alguma projecção.
Desportivamente este início de época está a correr bem?
Sim, fizemos três jogos dois dos quais para a Taça de Portugal contra adversários de escalões superiores e obtivemos duas vitórias. Portanto, o saldo é positivo. Fisicamente ainda não estamos muito bem porque temos pouco tempo de treino mas encaramos todos os jogos com o objectivo de ganhar. É isso que está incutido no espírito do grupo e é isso que procuramos fazer sempre, seja contra quem for.
O que pensas que o Amora pode fazer esta época no campeonato?Podemos fazer coisas engraçadas. Temos um grupo muito forte, muito coeso e muito unido, estas são as nossas principais características. Já nos conhecemos quase todos, temos um bom sector defensivo, um bom meio campo e jogadores rápidos na frente. Temos uma equipa muito forte mas vamos encarar o campeonato jogo a jogo, sempre com o objectivo de ganhar. Depois no final faremos as contas.
Será prematuro dizer se o Amora é candidato?
No nosso pensamento estará sempre a subida de divisão porque o objectivo de qualquer jogador é ganhar jogos mas temos consciência das dificuldades que nos irão ser impostas pelas outras equipas. Este campeonato é diferente dos últimos anos em virtude de ter acabado a 3.ª divisão nacional, está mais forte e mais competitivo. Por isso, o nosso objectivo passa por encarar o campeonato jogo a jogo
E em termos pessoais quais são os teus objectivos como jogador?
Para guarda-redes sou ainda relativamente novo. Estou praticamente agora a dar os primeiros passos no futebol sénior [3.º ano], portanto vou continuar a trabalhar e a acreditar que um dia num futuro próximo possa dar o salto para um clube profissional. É este o meu grande sonho.
Ser profissional de futebol é então o que desejas?
Sim, esse é o meu grande objectivo. Conheço a realidade das coisas e sei que há muitos bons guarda-redes. Por isso, há que ter esperança e continuar a trabalhar para tentar ser cada vez melhor. Temos que acreditar em nós próprios e claro está eu acredito mito em mim.
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