Festa na despedida dos relvados de Paulo Silva
O Paio Pires concluiu a sua participação no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da melhor forma ao derrotar o último classificado, o Melidense, por 3-0, num jogo que ficou marcado pela despedida dos relvados do guardião Paulo Silva.
A necessitar de pontuar para desfazer quaisquer dúvidas em relação a uma hipotética mas pouco provável descida de divisão, a equipa paiopirense entrou sem qualquer tipo de pressão acreditando que mais tarde ou mais cedo os golos iam aparecer devido à fragilidade da equipa adversária que se apresentou em campo apenas com dois jogadores suplentes.
Mesmo sem forçar muito o andamento os paiopirenses lançaram a primeira jogada de ataque aos três minutos por Telmo pelo lado esquerdo do seu ataque. Aos 10 minutos foi a vez de Adérito tentar a sua chance e aos 14 minutos Laranjeira a atirar ao lado com muito perigo após livre cobrado por Telmo, numa espécie de canto mais curto. Daí até ao intervalo o jogo tornou-se algo monótono e pouco interessante porque o Melidense praticamente não existia em termos ofensivos. Porém, aos 43 minutos, o Paio Pires conseguiu finalmente chegar ao golo por intermédio de Manuel Fernandes, na cobrança de um castigo máximo, a punir falta cometida sobre si.
Na segunda parte, o jogo manteve a mesma toada com o Paio Pires a mostrar-se rei e senhor do jogo, sem deslumbrar. O adversário davas mostrar de ceder no aspecto físico e o Paio pires aproveitou para dilatar o marcador por Edi, pouco depois deter entrado e Telmo que concluiu com êxito mais uma jogada de ataque da sua equipa.
De salientar entretanto, uma situação curiosa, aos 85 minutos um jogador do Melidense joga a bola com a mão na grande área, árbitro assinala a grande penalidade que seria cobrada, por sugestão dos colegas, pelo o guardião Paulo Silva que não estava muito disposto a isso e acabou por falhar permitindo a defesa ao guarda-redes contrário, mas nem por isso deixou de ser aplaudido. E, porque o dia era de festa, três minutos depois, nova ovação outra vez para Paulo Silva que havia cedido o seu lugar na baliza a Daniel.
No final, a alegria e as brincadeiras entre os jogadores, directores e treinadores, junto ao balneário, eram uma realidade porque o Paio Pires pode finalmente respirar fundo depois de uma época desgastante e algo complicada face ao elevado número de equipas a despromover e ao facto da equipa ter andado quase sempre nos lugares do fundo da tabela. Valeu a brilhante ponta final do campeonato que culminou com três vitórias consecutivas.
PAULO CARDOSO, treinador do Paio Pires:
“Tenho que dar os parabéns aos
grandes obreiros que foram os jogadores”
“O objectivo era assegurar a manutenção, por isso estou extremamente feliz. Quero agradecer à direcção a oportunidade que me deu para treinar esta equipa e a todo o corpo técnico, sem esquecer a rouparia, o posto médico e os adeptos. Mas sobretudo tenho que dar os parabéns aos grandes obreiros da conquista da manutenção que foram os jogadores que se aguentaram até ao fim e deram tudo o que tinham. Aproveito para deixar uma palavra ao Paulo Silva, fomos colegas no meu primeiro ano de sénior em Vila Real de Santo António sempre tive uma imagem muito profissional da parte dele. É com grande orgulho que tive a oportunidade de trabalhar com ele, vai ser uma grande perda para o Paio Pires. Estou muito satisfeito em Paio Pires. Quando vim para cá houve pessoas que me interrogaram sobre onde me vinha meter porque os jogadores não eram subsidiados mas eu arrisquei porque joguei 12 anos como sénior e é isto que eu gosto. Hoje posso dizer que tive a oportunidade de trabalhar com homens de coragem. Andar a jogar quase sempre junto à linha de água a pressão é muito grande e eles conseguiram dar a volta. Portanto, o balanço é muito positivo”.
PAULO SILVA, guarda-redes do Paio Pires:
“Este é o momento mais difícil da minha vida desportiva”
Nasceu para o futebol em Paio Pires, passou por Vila Real de Santo António, Seixal, Barreirense, Amora, Sesimbra e terminou precisamente em Paio Pires, foi este o percurso futebolístico de Paulo Silva que disse adeus aos relvados como jogador no passado domingo:
“Este é o momento mais difícil da minha vida desportiva. O sentimento que sinto nesta altura é nostálgico, sinto que podia continuar mas acho que chegou o momento de sair. No fundo, sinto tristeza que é normal para qualquer futebolista quando chega o momento de deixar de fazer aquilo que mais gosta. Posso dizer que fiquei concretizado como desportista e sinto-me satisfeito por aquilo fiz no futebol e nos clubes por onde passei. Terminar em Paio Pires é uma enorme satisfação e um grande prazer, porque foi aqui que comecei e foi a partir daí que consegui ser alguém no futebol com algumas subidas de divisão jogando quase sempre nas competições nacionais, incluindo a II Liga".
FICHA DE JOGO
Jogo no Campo Vale da Abelha, em Paio Pires
ÁRBITRO: Ricardo Figueiredo (Setúbal), auxiliado Por Carlos Hipólito e Filipe Costa
PAIO PIRES: Paulo Silva (Daniel, 88’); Adérito, Lourenço, Márcio, Bruno Almeida (Edi, 56’); Moreira, João Martins, Manuel Fernandes; Laranjeira, Luís Almeida (Marcelino, 63’) e Telmo.
TREINADOR: Paulo Cardoso
MELIDENSE: Charrano; Edu, Gil, Ruben, Beto; Mauro (Carlos Nobre, 90’), José Alberto, Frazão (Vítor Mendes, 70’); Lameiras, Artur e Vítor Hugo.
TREINADOR: António Parreira
Ao intervalo: 1-0
Marcadores: 1-0, Manuel Fernandes (43’) gp; 2-0, Edi (66’); 3-0, Telmo (71’).
Disciplina: cartão amarelo para Lameiras (25’); Mauro (43’); Márcio (45+2’); Manuel Fernandes (83’).