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quarta-feira, 11 de julho de 2012


HÓQUEI EM PATINS Por falta de apoios

Seniores do Seixal
com futuro indefinido

Notícia publicada no DIÁRIO DA REGIÃO (11-07-2012)
O Seixal recebeu no passado fim-de-semana o seu segundo torneio de hóquei em patins que trouxe à cidade, durante três dias, vários clubes de diversos escalões que competiram entre si, dentro de um espírito de pura amizade. Nós, assistimos à final de juvenis, entre a equipa da casa (Seixal) e a que veio de mais longe (Oliveira do Hospital) e o que se pode dizer é que valeu a pena porque foi na verdade bastante interessante de presenciar devido não só à qualidade dos intervenientes mas também à incerteza quanto ao desfecho final que acabou por sorrir aos seixalenses, pela diferença mínima (5-4). O ambiente era óptimo. Mas, infelizmente, ficámos a saber que nem tudo está bem entre os seixalenses pelo facto de pairar no ar a incerteza quanto à continuidade da equipa sénior, por falta de apoios.  
Jorge Laurentino, vice-presidente desportivo do clube e actual coordenador geral da modalidade, começou por fazer o balanço da iniciativa que trouxe mais de duas centenas de atletas ao pavilhão seixalense. “O balanço que fazemos é extremamente positivo. O torneio era uma coisa que estava a fazer falta porque esta é uma terra de tradições no hóquei em patins e a modalidade andava a ser muito mal tratada, se calhar, até, pelas pessoas que por cá andaram. O ano passado trouxemos 16 equipas e este ano foram 21 clubes, com 28 equipas. Só temos que agradecer a ajuda de algumas pessoas e em especial à Ekis e à Junta de Freguesia do Seixal, que foram inexcedíveis, no apoio que deram”.
Embora o aspecto competitivo seja o que menos interessa em manifestações como esta, uma coisa é certa, ninguém gosta de perder. E, neste aspecto o dirigente também se mostrava satisfeito: “Conseguimos duas vitórias; uma, em iniciados, alcançada sobre o Grândola por 3-2 e outra em juvenis, com o Oliveira do Hospital, por 5-4. Isto quer dizer que o Seixal tem miúdos de qualidade, em todos os escalões”. O seu semblante, porém, mudou, quando abordámos a questão da equipa sénior que regressou à actividade na época passada, depois de algum tempo de inactividade. “Nos escalões de formação quem sustenta os custos são os pais dos atletas mas nos seniores tudo é diferente. Os custos são muito elevados e, como não há qualquer tipo de apoio, as coisas tornam-se mais complicadas. Os jogadores não ganham nada mas, mesmo assim, sentimos grande dificuldade em arranjar dinheiro (14 ou 15 mil euros) para fazer face às despesas com a equipa, durante a época. Sustentar um pavilhão, electricidade, água, manutenção e limpeza, tem custos muito grandes e ainda por cima todos os jogos realizados em casa dão prejuízo. Portanto, nesta altura, o que podemos dizer é que a situação está indefinida, por falta de liquidez financeira”.

Marco Costa, o treinador:
“trabalhamos ao nível da 2.ª divisão”

O ex-jogador seixalense, Marco Costa, que passou por todas as divisões nacionais, foi o homem escolhido para liderar o projecto neste regresso à 3.ª divisão. Convidado por nós a fazer uma abordagem sobre o comportamento da equipa, disse que esperava ter ficado um pouco melhor classificado devido à qualidade de jogo que a equipa conseguiu impor em ringue. “Para um clube que começa de novo, penso que fizemos uma boa época. A equipa foi construída de raiz por jogadores vindos de diferentes equipas e, de início, notou-se alguma ansiedade, porque, jogar no Seixal não é fácil, devido à tradição que a modalidade tem na terra. Jogávamos muito bem mas os resultados, por uma razão ou por outra, não correspondiam. Só a partir do meio da época, quando os jogadores começaram a assimilar as minhas ideias, as coisas mudaram. Que merecíamos ter terminado uma pouco mais acima na tabela classificativa, é um facto”.
Em relação à nova época, o técnico seixalense é da opinião que a equipa pode surgir mais forte se lhe forem dadas condições. “Os jogadores estão interessados em continuar e há outros que querem vir para o Seixal, só que nesta altura ainda não sabemos se vai haver ou não equipa de seniores, por falta de apoios. Se isso acontecer, para mim vai ser muito triste porque, nas camadas jovens, que também estou a treinar, há matéria-prima para alimentar daqui a algum tempo a equipa sénior. Estou a tentar implementar o mesmo sistema de jogo em todos os escalões para depois ser mais fácil a integração mas isso só faz sentido se houver seniores para os jogadores terem a motivação de lá poderem chegar”.  E, em jeito de conclusão disse: “Estou muito orgulhoso da equipa que tenho porque é constituída por excelentes homens e grandes profissionais que se aplicam sempre ao máximo tanto nos treinos como nos jogos. Em termos de horário, trabalhamos ao nível da 2.ª divisão e o clube dá-nos boas condições para treinar. Mas, precisamos de patrocínios e de condições monetárias para podermos avançar com o nosso projecto. Se não houver seniores, para mim o projecto não faz sentido”.