HÓQUEI
EM PATINS Por falta de apoios
Seniores do
Seixal
com futuro
indefinido
O
Seixal recebeu no passado fim-de-semana o seu segundo torneio de hóquei em
patins que trouxe à cidade, durante três dias, vários clubes de diversos
escalões que competiram entre si, dentro de um espírito de pura amizade. Nós,
assistimos à final de juvenis, entre a equipa da casa (Seixal) e a que veio de
mais longe (Oliveira do Hospital) e o que se pode dizer é que valeu a pena
porque foi na verdade bastante interessante de presenciar devido não só à
qualidade dos intervenientes mas também à incerteza quanto ao desfecho final
que acabou por sorrir aos seixalenses, pela diferença mínima (5-4). O ambiente
era óptimo. Mas, infelizmente, ficámos a saber que nem tudo está bem entre os
seixalenses pelo facto de pairar no ar a incerteza quanto à continuidade da
equipa sénior, por falta de apoios.
Jorge
Laurentino, vice-presidente desportivo do clube e actual coordenador geral da
modalidade, começou por fazer o balanço da iniciativa que trouxe mais de duas
centenas de atletas ao pavilhão seixalense. “O balanço que fazemos é extremamente positivo. O torneio era uma coisa
que estava a fazer falta porque esta é uma terra de tradições no hóquei em
patins e a modalidade andava a ser muito mal tratada, se calhar, até, pelas
pessoas que por cá andaram. O ano passado trouxemos 16 equipas e este ano foram
21 clubes, com 28 equipas. Só temos que agradecer a ajuda de algumas pessoas e
em especial à Ekis e à Junta de Freguesia do Seixal, que foram inexcedíveis, no
apoio que deram”.
Embora
o aspecto competitivo seja o que menos interessa em manifestações como esta,
uma coisa é certa, ninguém gosta de perder. E, neste aspecto o dirigente também
se mostrava satisfeito: “Conseguimos
duas vitórias; uma, em iniciados, alcançada sobre o Grândola por 3-2 e outra em
juvenis, com o Oliveira do Hospital, por 5-4. Isto quer dizer que o Seixal tem
miúdos de qualidade, em todos os escalões”. O seu semblante, porém, mudou,
quando abordámos a questão da equipa sénior que regressou à actividade na época
passada, depois de algum tempo de inactividade. “Nos escalões de formação quem sustenta os custos são os pais dos
atletas mas nos seniores tudo é diferente. Os custos são muito elevados e, como
não há qualquer tipo de apoio, as coisas tornam-se mais complicadas. Os jogadores
não ganham nada mas, mesmo assim, sentimos grande dificuldade em arranjar
dinheiro (14 ou 15 mil euros) para fazer face às despesas com a equipa, durante
a época. Sustentar um pavilhão, electricidade, água, manutenção e limpeza, tem
custos muito grandes e ainda por cima todos os jogos realizados em casa dão
prejuízo. Portanto, nesta altura, o que podemos dizer é que a situação está
indefinida, por falta de liquidez financeira”.
Marco Costa, o
treinador:
“trabalhamos ao
nível da 2.ª divisão”
O
ex-jogador seixalense, Marco Costa, que passou por todas as divisões nacionais,
foi o homem escolhido para liderar o projecto neste regresso à 3.ª divisão.
Convidado por nós a fazer uma abordagem sobre o comportamento da equipa, disse
que esperava ter ficado um pouco melhor classificado devido à qualidade de jogo
que a equipa conseguiu impor em ringue. “Para
um clube que começa de novo, penso que fizemos uma boa época. A equipa foi
construída de raiz por jogadores vindos de diferentes equipas e, de início, notou-se
alguma ansiedade, porque, jogar no Seixal não é fácil, devido à tradição que a
modalidade tem na terra. Jogávamos muito bem mas os resultados, por uma razão
ou por outra, não correspondiam. Só a partir do meio da época, quando os
jogadores começaram a assimilar as minhas ideias, as coisas mudaram. Que merecíamos
ter terminado uma pouco mais acima na tabela classificativa, é um facto”.
Em
relação à nova época, o técnico seixalense é da opinião que a equipa pode
surgir mais forte se lhe forem dadas condições. “Os jogadores estão interessados em continuar e há outros que querem vir
para o Seixal, só que nesta altura ainda não sabemos se vai haver ou não equipa
de seniores, por falta de apoios. Se isso acontecer, para mim vai ser muito
triste porque, nas camadas jovens, que também estou a treinar, há matéria-prima
para alimentar daqui a algum tempo a equipa sénior. Estou a tentar implementar
o mesmo sistema de jogo em todos os escalões para depois ser mais fácil a
integração mas isso só faz sentido se houver seniores para os jogadores terem a
motivação de lá poderem chegar”. E,
em jeito de conclusão disse: “Estou
muito orgulhoso da equipa que tenho porque é constituída por excelentes homens
e grandes profissionais que se aplicam sempre ao máximo tanto nos treinos como nos
jogos. Em termos de horário, trabalhamos ao nível da 2.ª divisão e o clube
dá-nos boas condições para treinar. Mas, precisamos de patrocínios e de
condições monetárias para podermos avançar com o nosso projecto. Se não houver
seniores, para mim o projecto não faz sentido”.