- JORNAL DE DESPORTO

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terça-feira, 26 de junho de 2012

JOSÉ TEIXEIRA, O ‘MOURINHO’ DO FUTEBOL JUVENIL:


 “A alcunha foi criada pela forte
liderança das equipas que treinava” 


  Grande parte da sua actividade desportiva foi desenvolvida no Amora, onde teve o privilégio de trabalhar com treinadores como Jorge Jesus, Manuel Oliveira, Ricardo Formosinho, José Rachão e José Carvalho e no seu curriculum conta com alguns títulos conquistados. Foi campeão da AF Setúbal, em Iniciados pelo Amora, na época de 1991/92 e em Juniores, pelo Seixal, em 2007/2008. Para além destes clubes, José Teixeira - pai do actor Pedro Teixeira - deixou também a sua marca em clubes como o Paio Pires e ADQC. Por isso, foi com alguma surpresa que o vimos à frente da equipa de Juvenis do Eirense (AF Coimbra) que na passada semana se deslocou à Quinta do Conde para realizar um jogo de carácter amigável.


 Sendo o teu percurso desenvolvido na nossa região como é que apareces a treinar uma equipa do distrito de Coimbra? 
Coimbra apareceu na minha vida após ter acabado a época no Quinta do Conde como adjunto do Jorge Fernandez na equipa de juniores e por ter decidido dar um novo rumo à minha vida particular. Era uma situação nova para mim e algo que nunca tinha experimentado, ao longo da minha carreira. Já tinha tido propostas de treinadores com quem tinha colaborado, sobretudo no Amora, mas nunca quis aceitar esses desafios. O ficar longe da família e sentir-me um “emigrante” por causa do futebol não era a melhor forma que via para a minha vida. Em Coimbra, como o “bichinho” do futebol estava presente, através de contactos feitos com pessoas que conheci na cidade, surgiu a hipótese de treinar o Eirense, em Juvenis e, cá estou, neste clube que tem uma mística fantástica, graças ao coordenador de futebol, Mister José Viterbo; à presidente, Catarina Crisóstomo e ao vice-presidente Paulo Campos.

 O trabalho está a correr bem? 
Até ao momento sim. Sinto que os atletas que estiveram a meu cargo na época que findou tiveram uma boa margem de progressão, assim como os que se juntaram ao plantel provenientes dos Iniciados que tinham acabado de disputar o Campeonato Nacional. Fizemos uma boa época. Mas, o trabalho não é só meu. Tenho que salientar a participação activa do José Viterbo, o trabalho fantástico dos outros treinadores, João Pedro Simões e António Carvalho, que comigo colaboram no dia-a-dia, o apoio dos directores da equipa, Malta e Rui Parente, e o corpo clínico (como nunca tinha visto noutro clube), constituído por três enfermeiros e um fisioterapeuta.

 Tenho o sonho de ser campeão distrital em Coimbra

  É por lá que queres continuar ou estás a pensar em regressar às origens? 
No futebol como toda a gente sabe, o que hoje é verdade, amanhã deixa de o ser. Foi-me depositada a confiança por mais uma época. Por isso, vou continuar. Depois, no final da próxima época, logo se vê. Neste momento, a minha cabeça está toda concentrada no Eirense.. Todos sabem que tenho a minha família nos arredores de Lisboa, que sempre deixei abertas as portas dos clubes por onde passei e que ainda há cerca de um mês recebi o convite para um projecto muito interessante que acabei por recusar porque tenho o sonho de juntar o título de campeão distrital de Coimbra aos que já conquistei em Setúbal.

 No teu percurso tens treinado essencialmente equipas dos escalões jovens. Nos teus horizontes não está a hipótese de um dia vires a abraçar um projecto a nível de seniores? 
Antes de vir para Coimbra foi-me apresentado um projecto para assumir o comando de uma equipa sénior mas como as pessoas que geriam esse clube não mereciam credibilidade, ficou logo fora de questão. O futebol para mim sempre foi visto como uma escola de virtudes e há quem ande no futebol e não saiba o significado destas palavras. Sempre me dediquei às equipas jovens porque é o que me tem proporcionado as minhas maiores alegrias como treinador. Mas, nos meus horizontes está tudo desde que os projectos sejam credíveis.

 Na nossa região és conhecido como o Mourinho do futebol juvenil. Sentes-te honrado por isso? Porque é que te tratam assim? 
Claro que sinto. Essa alcunha foi criada ao longo de anos pela forte personalidade que tinha na liderança das equipas que treinava, por estar sempre na linha da frente a defender os atletas, pelos grupos fortes que sempre criei e pela forma como fechava os meus balneáreos. Os títulos vinham por acréscimo. Sempre que era favorito nunca fui campeão e quando tinha equipas mais fracas acabei por ser. Foi assim no Seixal quando fomos campeões de juniores, em 2008. Recebi uma equipa formada à base de jogadores provenientes do futsal e tinha um central que na época anterior tinha sido guarda-redes de hóquei em patins. Só o trabalho, união e entrega aos jogos fizeram desse grupo campeão.


 Jorge Jesus, Manuel de Oliveira, José Rachão…

Qual foi o proveito que tiraste do facto de teres trabalhado com treinadores como Jorge Jesus, Manuel Oliveira, Ricardo Formosinho e José Rachão? 
Jorge Jesus foi o melhor treinador que conheci a trabalhar no campo. Extremamente exigente para com os atletas e de uma exigência para consigo próprio fora do comum. Respirava o treino. Era um estudioso do futebol e tinha um naipe de variação de treinos que nunca cansava os jogadores. Quem lidou com ele e o conheceu não se admira de o ver onde está hoje. Manuel de Oliveira foi o homem que mais me ensinou, ao contrário de muitos treinadores que escondem o que sabem, com receio de serem ultrapassados. Ricardo Formosinho foi um treinador que não me marcou em nada de nada. José Rachão é de outro mundo. Um homem fantástico e de uma disponibilidade total que regia o seu trabalho pelo respeito, pela amizade, pelo profissionalismo. Com ele passei os melhores momentos no Amora. Para completar, tenho que falar de José Carvalho, um homem com um H muito grande, a quem o Amora, por respeito a tudo o que fez pelo clube, deve uma homenagem, seja ela de que tipo for. E, por último, uma palavra para José Viterbo que conheci este ano. Rigoroso, exigente, profissional, mas acima de tudo aquele amigo com que podemos contar sempre que precisamos. Um homem que se preocupa em dar formação aos seus treinadores e que está sempre ao lado deles, em tudo o que precisam.

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