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quarta-feira, 27 de junho de 2012

ARBITRAGEM Sophia Rosa e Mónica Salvador

 Jovens promessas sobem
ao Quadro Nacional Feminino

  Sophia Rosa e Mónica Salvador, ao classificarem-se, respectivamente, em primeiro e segundo lugar, foram promovidas ao Quadro Nacional Feminino. Com o mesmo percurso, curiosamente, ambas, entraram para o mundo da arbitragem na época de 2008/2009, fizeram duas épocas como árbitro jovem, uma época como árbitro de 2.ª categoria e outra como árbitro de 1.ª categoria distrital. Durante a época que agora findou Sophia Rosa fez 60 jogos e Mónica Salvador 82, na globalidade como árbitro principal ou árbitro assistente. Para ficarmos a conhecer melhor estas jovens, que entraram para o mundo de arbitragem por brincadeira, a primeira ainda com 19 anos e a segunda já com 20, fomos ao seu encontro.

 “A época correu às mil maravilhas porque fiquei em primeiro lugar. Sinceramente, não estava à espera”, começou por dizer ao DIÁRIO DA REGIÃO, Sophia Rosa que está mais habituada a dirigir jogos masculinos. “Tenho a noção de que vai ser diferente porque elas complicam mais. Mas, vamos ver. Já que cheguei até aqui, prometo lutar para tentar ir o mais longe possível, embora saiba que, neste momento, é impossível chegar à I Liga. Já há mulheres a apitar na 3.ª Divisão Nacional mas enquanto as regras não forem alteradas é pouco provável ir mais além”. Sophia Rosa, é mesmo da opinião que é necessário que haja uma mudança de mentalidades no futebol nacional. “Queremos os mesmos direitos. Não compreendemos por exemplo porque é que só podemos apitar jogos nacionais até aos juniores da 2.ª Divisão. Enquanto não houver uma mudança de mentalidades nada feito”, reclama a jovem que entrou para a arbitragem pela mão de uma senhora que a convidou a tirar o curso. “A princípio, não queria ir. Mas, depois, na brincadeira, entusiasmei-me e quando chegou a altura de decidir optei pelo futebol de onze. E, segundo parece, tive sorte, porque mal acabámos o curso, fizemos as provas e integramo-nos logo numa equipa feminina. Os primeiros jogos foram complicados. Mas, depois, com o decorrer do tempo, o nervosismo passa e agora já não posso passar sem isto. Quem gostar de futebol, que venha experimentar. Isto é espectacular”, disse. 

 A nova época vai exigir muito mais esforço e trabalho

 
Foi uma época muito importante para mim, mas algo atribulada porque dediquei muito tempo à arbitragem, apesar de estar no 1.º ano da faculdade. Senti bastantes dificuldades, mas agora posso dizer que valeu a pena porque vi o meu esforço compensado com a subida aos Quadro Nacional”, referiu ao nosso jornal Mónica Salvador que nunca dirigiu jogos femininos. “A nova época vai exigir muito mais esforço e muito mais trabalho. Mas, nós cá estamos para o que der e vier”. Mónica Salvador é também da opinião de Sophia Rosa, no que respeita à mudança de mentalidades para que a mulher possa progredir no mundo da arbitragem mas, ainda assim, salienta que é também ”importante que as mulheres se unam mais e que façam todos os esforços para subirem à 3.ª Divisão Nacional porque quantas mais lá estiverem mais possibilidades há de subirem à 2.ª Divisão”. A jovem universitária adiantou ainda que o seu objectivo nunca foi o campeonato feminino. “As minhas perspectivas sempre estiveram concentradas no campeonato masculino. É por isso que vou lutar, custe o que custar com a ideia de poder chegar até onde me deixarem”. A sua vinda para a arbitragem também aconteceu por brincadeira, conta: “Foi uma amiga minha que queria tirar o curso mas como não queria ir sozinha, convidou-me. Acabei por ir, tirei uma excelente nota, comecei a gostar e já lá vão quatro anos”. Mónica Salvador confessa que gosta daquilo que faz mas recusa a ideia que está ali para mandar nos homens. “ Não se trata de mandar, mas sim de nos impormos porque os jogos têm regras. Não estamos ali para estragar a vida a ninguém, estamos só a dirigir um encontro. A princípio muitos ficam surpreendidos por ser uma mulher a dirigir o jogo mas depois até aceitam. Acho mesmo que têm muito mais respeito às raparigas que aos rapazes”. Em relação aos nomes menos próprios com que às vezes são ‘mimadas’, Mónica Salvador diz que “é impressionante. As pessoas não têm o mínimo de bom senso. Mas, o futebol é assim mesmo. Às vezes até nos rimos com o que dizem, levamos tudo para a brincadeira, embora por vezes não nos conseguimos abstrair do exterior. O melhor é mesmo desligar o aparelho auditivo quando se entra em campo”, frisou.

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